Ménage À Trois

Querido diário, 

É fascinante como subiu a procura por ménages desde que criei a minha conta no TikTok! Se antes pipoca atendimento de casal uma ou duas vezes por mês, tive uma grande surpresa quando, recentemente, ocasionou de eu marcar dois para o mesmo dia! Um desafio e tanto, uma pessoa só já demanda energia, imagina dois encontros duplos (ou melhor, triplos)? Obviamente não deixei cair a qualidade e o mais interessante é que essas duas experiências ainda nos rendeu essa postagem! 😎

O motivo de eu ter decidido escrever a respeito deles, é que, justamente por terem sido no mesmo dia (um a tarde e o outro a noite), que o contraste entre os dois foi muito palpável, do que se eu saísse em datas espaçadas.

Vamos ao casal número 1. Vou apelidá-los de:

“Os Modelos”

Os dois eram absolutamente lindos. Na casa dos trinta anos. Ela, uma morena toda Barbie, cabelos pretos, lisos, na altura das costas, usava um vestido midi courino preto, justo e com decote, e uma sandália de salto alto, super elegante. 

Assim que alcancei a metade das escadas da suíte do motel Astúrias, a vi me esperando no topo. Segurava uma taça de espumante e falava sorrindo. “Que mulher linda”, pensei. Ele veio do quarto todo sorridente e já sem camisa, ainda de calça, mas sem os sapatos. Os dois eram muito alegres, desenrolados, até fiz uma piadinha sobre ter me dado bem naquele encontro. 🤭

Ela tinha reservado apenas 1h, com possibilidade de estender o tempo. Uma hora havia se passado e ainda estávamos todos em pé, conversando, naquele hall da suíte, entre a porta do quarto e a piscina. Muitas conversas e pude descobrir alguns dados interessantes sobre eles. Apesar de toda a conexão que demonstravam ter, surpreendentemente não eram casados, quero dizer, casados eram, mas não um com o outro. Trabalhavam juntos e eram amantes. Achei tão sexy isso. Sexy e muito livre, eu não teria esse desapego, de não sentir ciúmes do meu amante com a esposa dele. (Supondo que eu tivesse um).

A parte sexual demorou bastante para desenrolar, eu senti que precisava tomar as rédeas da situação, mas foi difícil de encontrar um gancho nas conversas que conduzisse para um momento mais íntimo a três, sem fazer essa transição bruscamente. Eu não sabia se eles ainda não estavam a vontade ou se achavam que eu estava enrolando.

Em algum momento consegui desenrolar as coisas, conduzindo para que entrássemos todos no quarto. Daí me voltei para ela, com um sutil pedido de permissão para beijá-la. Sempre começo pela mulher, jamais quero que pensem que estou dando em cima do seu homem. Somente depois também o beijei, e confesso que gostei mais do beijo dela. O dele era muito bruto, áspero, enquanto o dela o total oposto, macio e delicado. 

Percebi que estava nas minhas mãos ditar o ritmo das coisas e aí a conduzi para que se deitasse, para eu chupá-la. É muito excitante para o homem ver sua mulher sendo chupada por outra, ainda mais com essa outra de quatro e a bundinha toda empinada. Ele não aguentou ficar só olhando e veio me chupar também, enfiando a cara na minha bunda. Isso durou alguns minutos e, conforme ele foi ficando mais empolgado, começou a soltar uns grunhidos, enquanto me chupava. Percebi que quando ele demonstrou toda essa excitação, emitindo sons involuntários, ela se incomodou, remexendo suas pernas, me dando a entender que queria que eu parasse de chupá-la e assim também saísse da posição que eu estava, cortando o barato dele.

Subi para beijá-la e perguntei, cochichando em seu ouvido, se poderia chupá-lo (achei que seria de bom tom dar o mesmo tratamento aos dois, ainda mais depois dele ter me chupado). Para a minha surpresa ela disse que não, para deixarmos ele nos servir. Na sequência ele foi chupá-la e em algum momento as duas também o chuparam ao mesmo tempo. Reparei que ela só me deixava chupar as bolas e as poucas vezes que coloquei o pau dele na minha boca, eu só dava uma abocanhada e ela já puxava pra ela de volta.

Não aconteceu muita coisa depois disso. Ela gozou se masturbando, sentada em uma das pernas dele, me sentindo chupando os seus peitos e depois ordenou para que ele gozasse comigo batendo uma pra ele, sem que eu pudesse chupar. Depois que ele gozou, ela, toda gentil, já me instruiu de onde tinha uma toalha extra de banho. Entendi o recado e já fui me preparando para ir embora.

Não achei que foi um encontro bem-sucedido, afinal, ninguém transou. 🤔

Fiquei me questionando se eles tinham se alinhado sobre essa experiência. Ela não estava plenamente à vontade, talvez achou que bancaria essa aventura, mas na hora H foi difícil vê-lo interagindo com outra. Certa insegurança que até faz sentido na condição de amante, muito raro acontecer quando é a própria esposa.

Agora vejam que contraste com o segundo casal! Esses apelidei de:

“Os Devassos”

Completamente diferentes do casal anterior, aqui existia uma relação sólida. Casal jovem, cinco anos de casados, também na casa dos trinta. Ele, um morenão alto, atraente, ela, bronzeada, bem mais baixa que ele, igualmente atraente. Podemos dizer que eram um casal bem sexy, combinavam juntos. Adeptos da casa de Swing, compartilharam que sempre fazem essas baguncinhas, inclusive, chegamos à conclusão de que ela deveria ser uma bi hétero afetiva, pois gostava de interagir com outras mulheres, só não se envolveria com uma. 

Eles vieram tão preparados para o encontro, que até trouxeram um jogo de cartas, para irmos nos entrosando aos poucos. Me senti como se eu fosse a contratante e não a contratada, rs. Combinamos no motel Apple e capricharam na escolha da suíte. Ele abriu uma garrafa de vinho, nos sentamos todos a mesa e as cartas foram sendo sorteadas.

Na primeira rodada caiu para que ele tirasse uma peça de roupa dela e a beijasse em qualquer parte do corpo. Tirou a sua blusa e foi para seu pescoço. Por alguns instantes fiquei apenas assistindo a grande química entre os dois. Cinco anos de casados e era como se ainda estivessem nos primeiros meses de namoro, fiquei impressionada. Depois caiu para que ele tirasse uma peça de roupa minha e tivéssemos uma interação após o feito. Eu estava de vestido, então logo fiquei só de calcinha e sutiã. Depois me deu um amasso daqueles, por trás, com seu pau roçando na minha bunda. Observei a reação dela, que assistia com um olhar de aprovação. Confesso que foi bastante excitante. 

Na próxima rodada novamente tive uma interação com ele, dessa vez beijo na boca. Humm. Ela assistiu tudo bem atenta e animada, nem um pouco enciumada. Na rodada seguinte, finalmente minha primeira interação com ela, tive como tarefa despi-la e beijá-la. Ela já estava sem blusa e a saia foi tirada com dificuldade, bastante justa e uma grande bunda. Depois que a beijei, tive um insight de puxá-lo para a brincadeira e então as cartas não se fizeram mais necessárias. 😏 Fomos para a cama.

Ela o deixava muito à vontade para interagir comigo, o que tornou a intimidade toda ainda mais integrada. Novamente comecei chupando a mulher e ao que me pareceu, ela gozou comigo! Pouco tempo depois, ela sentou na cara dele, enquanto eu o chupava e posso dizer que a visão que eu tive foi mesmo linda. Ela era uma mulher de corpo esbelto, seu cabelo tinha o mesmo estilo da mulher do casal anterior, preto, liso e longo, que também descia pelas costas. Marquinha de biquini naquela bunda bonita e arrebitada. Talvez ela tenha gozado de novo com ele a chupando, era muito fogosa e gozava fácil, o sonho de todo homem. 

Depois eles se voltaram para mim. Me deitaram e os dois foram para o meio das minhas pernas, revezando a chupada. Achei fascinante essa cumplicidade entre eles, fora o prazer de estar sendo mimada duplamente. 😛

Após algum tempo partimos para a penetração. Obviamente ele começou por sua esposa, transaram com ela por cima e também papai e mamãe. Depois ele encapou o menino e veio me provar, me pegando de quatro. Considerando todas as preliminares mencionadas até aqui, nesse encontro aconteceu algo totalmente inédito comigo. Consegui gozar durante um atendimento de casal! 😱 Por ser um tipo de encontro em que estou sempre alerta, dificilmente eu consigo relaxar ao ponto de gozar, mas, desta vez, rompi essa barreira!

Ele estava me pegando de quatro, com ela em pé ao lado dele, o beijando e eu assistindo tudo aquilo pelo espelho. Deu um tesão diferente vê-lo em pé me comendo e ela do seu lado, o beijando, enquanto ele comia outra, sendo essa outra, eu mesma. Foi um tesão. Comecei a me tocar e alcancei o ápice assim!!

Depois fizemos uma pequena pausa, mais vinhos e conversas na cama, até que o segundo round foi desenrolando naturalmente. Ele a pegou de quatro, com ela me chupando. Hummm. E o que veio a partir daí foi um delicioso revezamento, ora ele transava com ela, ora encapava de novo pra vir transar comigo. Ele resistiu bem essa noite, estava duro (literalmente rs) na queda, aproveitando até o último minuto. Deixou para gozar bem no finalzinho, quase fui embora sem conseguir esse feito.

Que delícia de encontro.

Que energia desses dois!!

Por mais casais animados e cúmplices assim!

Desaventuras Amorosas em Série – Pte 7

Querido diário,

Voltei para o Bumble.

Minha relação com esse aplicativo é de amor e ódio, rs. Na verdade, mais ódio do que amor, rs. O ciclo geralmente é: me reconecto engajada, daí basta uma experiência ruim, que desanimo novamente, rs. E nesse momento me encontro no ciclo engajada!

O Garotão Passageiro

O cara da vez é uma incógnita pra mim. Não achei ele muito bonito nas fotos, mas gostei das coisas que estavam escritas e pensei: “por que não dar uma chance para os não tão bonitos, mas engraçados? Quem sabe me surpreendo!” Sua idade marcava 25 anos, não curto novinho e dificilmente daria moral, mas como nas fotos ele aparentava ser dez anos mais velho, decidi arriscar.

O papo fluiu rapidamente, logo estávamos trocando áudios, super conectados nos assuntos. (Infelizmente não consigo trazer os diálogos detalhadamente, pois, o final foi tão estranho, que, no impulso, já desfiz o match e perdi o histórico.)

Em meio a uma conversa que estávamos tendo, ele teve a iniciativa do nosso primeiro encontro ser num evento imersivo de terror, chamado “Edifício Rolim”, que acontece nesse mesmo prédio, localizado na Praça da Sé. É um evento novo, dos mesmos donos de outro evento de terror, chamado “Abadom”, que rolava em Santo Amaro.

Como eu já estava querendo ir conhecer, adorei quando ele propôs a ideia, já que a minha amiga que planejava ir comigo, nunca está casando as agendas. Ele comprou os ingressos e ficamos sem nos falar de quinta até domingo, quando ele me enviou uma mensagem durante a tarde, confirmando nosso encontro para a noite daquele mesmo dia.

Precisei atender um cliente antes e com isso acabei me atrasando para o nosso date. Combinei com ele 19:30 (meia hora antes do evento), mas acabei chegando quase oito horas. (Não deixei que me buscasse em casa, por questões de segurança.) Como cheguei em cima da hora, nossa interação inicial foi mais objetiva, nos cumprimentamos e já fomos subindo as escadas.

No entanto, é claro, que não pude deixar de reparar na sua aparência. Muito mais bonito que nas fotos, corpo robusto e malhado, um verdadeiro armário: alto e grande. Gostei bastante!

O Thales, esse boy que conheci no aplicativo, já tinha me avisado que era muito medroso e que gritava fino. E realmente ele não estava mentindo. Fomos num grupo de seis pessoas, sendo três casais, e ele era o que mais se assustava, o que acabou dando um tempero pra experiência, com seus demasiados gritos femininos kkkkkk. Nem as outras mulheres se assustavam tanto quanto ele, rs. Confesso que numa hora deu até um tesãozinho, quando nossos corpos se prensaram em determinado cenário.

O evento em si não me surpreendeu, mas isso porque sou atriz, já trabalhei em outros eventos com essa mesma temática e não me assusto fácil. Além de notar muitas similaridades com a forma de conduzir o público e propiciar os sustos. Muita bateção de porta, muita escada, muita correria. Eu só ficava sorrindo, por prestigiar a atuação dos meus colegas, (inclusive até reconheci um, mesmo caracterizado de monstro), mas susto mesmo, não levei nenhum.

Saindo de lá, sugeri irmos no barzinho ORFEU, que ficava perto e dava pra ir a pé. Conversamos bastante, assuntos leves, nada muito profundo e de fato ele era muito engraçado, sempre desenrolando uma piadinha. Tomei um Bloody Mary e ele uma cerveja, ainda pedi tiras de fraldinha como petisco e, no final, ele fez questão de pagar a conta.

Viemos andando até a minha casa. Quando chegamos na frente do meu prédio, não o convidei para que subisse, ele perguntou se podia me dar um beijo e quando nos beijamos, rapidamente senti o seu volume no meio das pernas. Parecia bem grande. Deu um tesãozinho, mas nada que me fizesse transar com ele naquela noite. Depois que entrei no meu apartamento, choveu de mensagens suas, querendo sair comigo novamente. Combinamos para o final de semana seguinte e a programação exata não foi definida.

*

– A senhorita quer algo mais romântico, intimista ou algo mais encontro casual? – Ele perguntou, enfim, na véspera do segundo encontro.

– Todas as opções me apetecem. – Respondi. – Você tá em qual vibe?

– Eu tô na vibe de te ver. Ajuda? Hahah.

– Ou seja: “Decide você, qualquer coisa pra mim tá bom”. Kkkkk.

– Não é isso hahah, é que eu queria fazer alguma vontade sua. Não tem nenhum lugar que vc queira ir?

– A minha vontade é te ver também. – Devolvi a peteca.

– Olha só que astuta. Nesse caso, quer tomar vinho? Podemos ir ver algum filme, depois pararmos pra tomar vinho.

– Um cineminha? Gostei.

– Tenho o meu favorito de estimação (ele gosta de ir no Cine Belas Artes, ali na rua da Consolação). Mas se eu escolher o cinema, você escolhe o filme.

Ele mandou o link para que eu escolhesse, isso foi por volta das 18h e só apareci com a resposta no dia seguinte, dez da manhã:

– Bom dia!! Desculpa a demora, minha amiga chegou aqui em casa ontem e não consegui ver com calma as opções. – Mentira, eu tinha ido atender.

Não estava sendo captada por nenhum filme, até que, de repente, vi: ANORA, ganhador do Oscar, que eu tava louca pra assistir.

*

Ele veio me buscar num carrão. – Quero dizer, eu achava que era carrão, até ouvir do meu personal que Spin não é carrão e sim carro grande, utilizado para transportar coisas. – Deixou o carro no estacionamento que fica ao lado do Hotel Renaissance e caminhamos alguns quarteirões até o teatro, o que não achei muito conveniente, rs.

Chegando lá, pude perceber uma forte tensão sexual vinda dele, quando estávamos parados na fila da compra do ingresso e depois na fila da pipoca. Como se o tempo inteiro ele quisesse me seduzir a ir embora dali, querendo beijar em público, num ambiente extremamente iluminado e cheio de pessoas em volta. Por vezes tive que contê-lo. Após sentados na poltrona, não sei como iniciamos um assunto sobre sexo, com ele falando da sua primeira vez e que o recorde que já aguentou foi oito numa noite. De repente o filme foi começando e ele queria continuar falando. Aquilo me constrangeu um pouco, detesto incomodar os outros.

– Fala mais baixo, – Solicitei, cochichando, para que ele entrasse na minha.

– O filme já vai começar. – Cochichei de novo, em outro momento, para que ele desligasse o radinho.

Ele queria ficar beijando no cinema. O que não vejo nenhum problema, se a sessão estiver mais vazia. No entanto, havia pessoas ao meu lado e do dele, e ninguém merecia ficar ouvindo os estalos dos nossos beijos, então, a certa altura, o interrompi, que toda hora vinha fazer uma nova tentativa, beijando o meu ombro, no intuito de que eu virasse o meu rosto para ele. Em outro momento acabei cedendo e nessa hora ele quase me levou pra sua casa.

– Agora entendi porque você deixou que eu escolhesse o filme, já que a sua intenção nem era assistir mesmo. Né? Rs. – Cochichei.

Ele concordou.

– Então nem precisava ter vindo né, já devia ter combinado outro lugar. – Continuei.

E nesse momento ele falou que se eu quisesse podíamos ir embora, naquele momento, para a sua casa. – Ele morava com a vó, mas, segundo ele, ela estava internada no hospital.

– Em Osasco?! – Desanimei um pouco com a distância e a fama do lugar.

Ainda assim, achei que seria uma adrenalina conhecer a casa dele e transar naquela noite. Por um segundo passou um filminho na minha cabeça, me visualizando levantando da poltrona, passando pelas pessoas e depois no carro com ele. Foi por muito pouco que não aceitei, pois também estava com bastante tesão. Mas aí olhei pro filme que estava passando na tela e também era algo que eu queria muito assistir, não quis fazer uma escolha no impulso, então recuperei um pouco da sanidade e propus:

– Vamos fazer assim, terminamos a pipoca e vamos assistindo mais um pouquinho do filme.

Se o filme fosse chato, eu concordaria em ir embora depois.

Mas o filme foi ficando interessante. E dali a pouco, quando ele vinha tentar me beijar, eu não tirava mais os olhos da tela. Só voltei a dar atenção pra ele, quando comecei a ficar apertada e incomodada com a demora para que o filme acabasse (durou quase 3h).

MINHAS PERCEPÇÕES DO FILME ANORA

Tem Spoiler

Não vi nada de extraordinário que merecesse o Oscar mais do que “Ainda Estou Aqui”, mas sim, gostei, e achei interessante que abordaram a prostituição num contexto que eu nunca tinha visto igual em outro filme. A garota que se deixa iludir por um riquinho mimado, de 21 anos, (se iludindo tipo, casando com ele), pra depois ter todo um rebuliço dos pais dele, extremamente milionários e influentes, contratando capangas para que fizessem o garoto anular o casamento, pois era um escândalo, ele ter casado com uma prostituta.

Daí o moleque foge e ela fica refém dos capangas, mas assim, nada violento, essa cena, inclusive, foi uma das mais engraçadas. Analisei até que a razão pela qual a atriz também tenha ganhado o Oscar, possa ser pela sua capacidade de dar vários gritos, como aqueles frenéticos de histeria. Daí o filme se demora muito na busca pelo rapaz (talvez tenha sido proposital, para justamente nos causar essa mesma sensação de desgaste), para depois o bonitão ser encontrado na mesma boate que ela trabalhava, numa dança particular com justo uma garota que ela tinha muitos desafetos. O mais incrível disso tudo, pelo menos pra mim, é que, apesar de todas as evidências apontarem para uma coisa óbvia, assim como na vida, precisamos nos humilhar mais até entender a grande sacanagem da outra pessoa com a gente. O filme inteiro ela buscando um apoio dele, em meio a aquilo tudo e o tempo inteiro ele em cima do muro, sem manifestar de que lado estava de fato. Somente nas últimas cenas ela consegue extrair isso dele, numa cena decisiva em que eles estão prestes a entrar no jatinho particular para viajar até Las Vegas e anular o casamento.

Enfim, eu até que tava gostando do filme, ia sair com uma conclusão de Talvez Amei do que apenas GOSTEI, até que a cena final foi além da minha capacidade de entendimento, não entendi aquela mensagem final que quiseram passar e isso me fez não sair plenamente satisfeita com o filme. (Preciso assistir mais vezes para que venham mais reflexões).

Daí, voltando ao encontro, quando saímos do cinema, trocamos poucas impressões sobre o filme, porque, afinal, eu ainda não estava com uma opinião formada.

– Você quer fazer o que agora? – Ele perguntou manhoso, jogando a peteca pra mim.

O que eu queria fazer? Sinceramente? Ir pra minha casa dormir. Foram três horas exaustivas de filme, tava começando a me dar uma leve dor de cabeça pelo tempo que fiquei sem comer algo realmente nutritivo (aquela pipoca carregada de óleo e sódio não conta), já era 23:30h, consideravelmente tarde, e eu tinha cliente no dia seguinte, 11h (o que significava eu ter que acordar 9h).

– Pra casa. Tá tarde. – Falei, desanimando os planos dele.

– Você vai fazer alguma coisa amanhã? – Ele perguntou se eu ia fazer alguma coisa no dia seguinte, que era feriado.

Fiquei muda, sem responder. Eu tinha um cliente de 2h para às 11 da manhã, mas como poderia falar que ia ter que trabalhar no feriado?

Na caminhada de volta até o estacionamento, eu tremia de frio. Estava vestida consideravelmente agasalhada, saia com meia calça fio 80, bota, e uma blusa de malha, de manga comprida, cacharréu. Ele disse:

– Quer que eu tire minha camisa? Coloca suas mãos pra esquentar debaixo da minha camisa. (Em contato direto com a pele dele.)

E eu fiz, andando meio que abraçada nele. Mas não resolveu, continuei com muito frio. Daí no carro eu percebi seu jeito sutilmente mais hostil, acendendo até mesmo um cigarro, com o carro em movimento.

– Meu cabelo vai ficar fedendo a cigarro. – Reclamei de um jeito mais fofinha.

Não lembro as palavras que ele usou, mas disse que estava se empenhando para que a fumaça não viesse muito pra dentro do carro e aí eu abri todo o meu vidro também. Percebi que ele devia estar frustrado por eu determinar que não transaríamos. Daí voltei nesse assunto e falei sobre marcarmos algo no dia seguinte a noite (que era feriado de 1 de maio), ou na sexta a noite, que eu não precisaria acordar cedo no dia seguinte. Ele super animou e até apagou o cigarro.

Quando estávamos descendo a minha rua, tivemos um diálogo peculiar. Ele fez mais uma das suas belas cantadas da noite, tão perfeita e clichê, daí eu respondi:

– Sei. Só vou acreditar em tudo isso se você não sumir depois de transar kkkkk. – Ele achava que eu era ingênua?

– Por que, você está acostumada com as pessoas fazendo isso com você? – Ele perguntou.

– Eu não diria acostumada, pois isso seria se eu tivesse confortável com a situação. Mas sim, acontece bastante. – Revelei.

– Por quê?

– Porque eu só encontro caras que não querem nada com nada.

Pausa na história para uma revelação!

Sabemos que eu tô sempre falando que não quero me relacionar e sim ter muitos contatinhos, certo? Pois bem, descobri que esse meu discurso tem uma grande contradição com o que realmente reverbera dentro de mim. Eu sempre acabo me apegando aos contatinhos que me despertam algum tipo de admiração e que o sexo é incrivelmente compatível. Aí você pensaria: “Ahh mas isso se chama carência, Sara”, e não necessariamente, pois o que mais tenho a minha volta são homens com dinheiro, querendo me paparicar e me conquistar, e não me envolvo por eles. O apego vem por aqueles caras que me interesso na minha vida pessoal, sem qualquer envolvimento financeiro e que eu escolhi. Não consigo ter mais de um contatinho, porque basta rolar um legal, que já canalizo naquele pobre coitado todas as minhas energias. Então os caras somem e eu, que sei o quanto sou maravilhosa e gostosa, fico na merda tentando entender o porquê deles não terem se apaixonado por mim. Daí entro numa crise existencial de falta de autoestima, me questionando se realmente sou tudo isso, afinal, eu sou uma mulher da vida, né? (Pois, é, nessas horas eu dou uma balançada).

Por que a Sara é mais amada?

O que eu estou usando em uma que não uso na outra?

E o que poderia ser usado por ambas?

Enfim…

Daí corta para o diálogo de volta:

– E você perguntou por que não querem namorar? – Ele perguntou.

– Todos traumatizados.

De fato, tenho dois casos muito parecidos, são caras que decidiram nunca mais se apaixonar (e eu achava que a gente não tinha controle sobre essas coisas), pois tinham traumas com relações ruins do passado, até mesmo se espelhando no relacionamento fracassado dos próprios pais dentro de casa. Eu sempre acho que o cara vai mudar essa visão se acontecer uma mágica, mas essa mágica nunca acontece comigo. Acabo atraindo muito esse perfil de caras não disponíveis emocionalmente, porque, afinal, o universo só está me ouvindo gritar aos quatro ventos que não quero relacionamento, então só me manda caras que não estão disponíveis pra se relacionar.

Pois bem, no dia que eu chorei durante a minha terapia, trazendo pra fora a minha real vontade de querer viver um amor, a partir dali o universo entendeu e agora sim está trabalhando a meu favor.

Ele não disse nada após a minha conclusão acima e logo chegamos no meu prédio. Du a volta para estacionar com calma do outro lado da rua e então demos aquele beijo de despedida. Que beijo. Fiquei com MUITO tesão.

– Você não quer ir lá pra casa? – Ele tentou novamente.

– Mas eu tenho compromisso amanhã 11h. – Respondi pesarosa, pois eu queria mesmo poder fazer as duas coisas.

– Eu te trago bem cedo.

– Mas já é meia noite, vai ficar muito tarde, daqui dez minutos vou cair de sono. Quero te encontrar de novo, com mais tempo. Numa próxima podemos nos encontrar umas 18h, vamos pra sua casa, pedimos um Ifood e vemos Netflix. – Sugeri.

Ele adorou a ideia.

– Podemos amanhã a noite ou sexta a noite. – Tentei já deixar combinado.

Ele demonstrou muito entusiasmo com as duas opções, se mostrou bastante compreensivo com a minha decisão de não encerrar a noite na casa dele, desceu do carro para abrir e porta pra mim, e ali fez sua última tentativa, me beijando tão colado, que novamente senti o seu volume no meio das pernas.

– Você não quer dormir de conchinha comigo? – Ele apelou e fiquei com ainda mais tesão por dentro.

Me imaginei tendo que cancelar com o cliente no dia seguinte, mas era um cliente potencial que eu estava meio que fidelizando, não queria dar essa mancada, então, com muito autocontrole, decidi seguir a razão e não ir pra casa dele.

– Dá um beijo nos seus gatos por mim? – Ele disse, e senti que queria que eu o chamasse pra dentro da minha casa, já que eu não estava com disposição de ir até a dele. Uma tentativa que achei um tanto apelativa e falsa, visto que nunca falei dos meus gatos com ele.

*

– Em casa senhorita. Obrigado por hoje novamente. – Ele mandou mais tarde.

– Que bom que chegou em segurança. Obrigada também.

– E vc chegou bem?- Cheguei sim.

Na manhã seguinte, acordei morrendo de tesão, todo aquele tesão reprimido que não descarreguei durante a noite. Mandei mensagem pro cliente reconfirmando o encontro, e, para o meu desgosto, ele disse que tinha amanhecido resfriado (até gravei um vídeo contando essa história lá no meu Tiktok), fiquei muito puta naquele momento (literalmente), porque além de ter ficado sem sexo, também ficaria sem dinheiro. Eu quase tinha ido transar na noite passada com um boy que eu estava com muita vontade, não fui, pois, se eu fosse provavelmente cancelaria com o cliente e agora o infeliz que cancelava!! VTC.

Após a confirmação e a decepção de que eu não me encontraria com o cliente, tentei resgatar alguma coisa com o Thales:

– Dormiu bem?

– Bom dia senhorita. Como estamos? Dormi sim, acabei de acordar. E vc? Como foi sua manhã?

– Produtiva. – Frustradíssima.

– O que fez de bom?

– Tive reunião, te falei ontem. – Corta pro horário dessa mensagem: 11:11

– O que você acha de encontrarmos pra almoçar e esticar a tarde juntos? – Propus doida pra dar, com o tesão todo acumulado da noite passada.

– Eu vou almoçar no hospital com a minha avó hoje, então não consigo.

Na hora que essa mensagem bateu nos meus olhos, eu o não vi indo cuidar da avó e sim me rejeitando.

– Como ela está? Nenhuma melhora? – Ele disse, na noite anterior, que ela estava internada, com câncer. – Será que eu fui insensível? Afinal, não se melhora de um câncer da noite para o dia.

Vocês acreditam que ele nunca mais falou comigo depois disso?

A noite eu fiz uma nova tentativa de contato:

– Oie, tudo bem por aí? Aconteceu alguma coisa? Cê sumiu, fiquei preocupada.

Comecei a achar que a vó dele tinha morrido. Ele nunca demorava tanto pra me responder no whatsapp, aquele sumiço estava fora do normal. Fui investigar no Instagram, ele tinha postado dois stories depois da minha mensagem perguntando da vó dele mais cedo, o que demonstrava ele não ter me respondido de propósito e não porque estivesse longe do celular. Interagi nesses stories, mas o boy evaporou. Sequer visualizou as minhas interações.  

No dia seguinte, comecei a cair em mim que ele tinha me dado um ghosting e fui buscar respostas no tarot. Contatei uma taróloga maravilhosa que me responde 7 perguntas por R$ 42 com áudios riquíssimos de detalhes e interpretações completas.

A primeira pergunta que eu fiz era se a vó dele tinha morrido.

Não tinha.

– Aqui nas primeiras cartas não aparece óbito, não aparece energia de desencargo. Ela pode até estar doente, mas ainda não mostra aqui no baralho que ela tenha morrido. Até porque quando tem desencargo são cartas bem específicas que aparecem.

Na sequência perguntei se ele tinha sumido por conta da vó.

Não tinha.

– Não, não é por conta da vó dele, tá tendo alguma outra situação que tá pedindo pra ele maturidade, postura, tempo inteiro, que faz com que ele cuide demais disso e dê menos atenção a vocês. E não é necessariamente por conta da vó, pode ser que a história da vó esteja envolvida, mas não é só isso. Tem outras coisas. Talvez seja algo relacionado ao trabalho, pois está mostrando cartas aqui que ele tá precisando de mais maturidade, dedicação e empenho, fazendo com que ele coloque mais energia nisso. – Fala se ela não dá uma interpretação muito completa?

A terceira pergunta foi se ele tinha sumido por ter perdido o interesse em mim:

– Não é isso. Tem aqui uma conexão que ele ainda sente em relação a você, mas muito mais ele fazendo coisas da vida dele, coisas que pedem a atenção e energia, do que não estar mais interessado em você.

Gente mas que rebuliço é esse que aconteceu na vida dele, do dia para a noite, se a vó dele não morreu?!

Na quarta pergunta eu quis saber se ele era comprometido.

– A carta da árvore diz que sim. Ele tem algum tipo de compromisso com outra pessoa. Ou ele fica com outra pessoa, ou tem uma relação, mas consta sim um vínculo.

Na quinta pergunta eu quis desvendar algo que parecia meio óbvio, se ele queria só sexo.

Incrivelmente disse que não.

– Não, ele até tava se envolvendo, tava gostando do contato e da vivência que tava tendo contigo. Não era só sexo, claro que o sexo falava mais alto, mas tinha também um envolvimento a mais, talvez pelo seu jeito, pela sua energia.

Depois perguntei se ele ia me procurar e quanto tempo demoraria.

– A resposta é sim, só que isso pode demorar um pouco. Ele ainda não tem clareza desse tempo.

De acordo com essas respostas, quis investigar mais e paguei por mais perguntas avulsas:

– Ele mora com a pessoa que é comprometido?

– A resposta é sim. Ele tem algum tipo de convivência séria, mais intensa com essa pessoa. Talvez alguém que ele fique e dorme na casa, alguém que ele já tem uma certa intimidade.

– A vó dele está mesmo internada?

– Aqui mostra que essa pessoa tem sim algum tipo de problema de saúde, mas não confirma uma internação. Ou ela passou pela internação e agora tá em casa, mas ainda assim com algum problema de saúde. Aqui fala mais sobre o problema de saúde do que a internação em hospital. Ela deve fazer uso de medicamentos e ter um acompanhamento médico mais intenso.

– Se eu tivesse transado com ele, teria sumido do mesmo jeito?

– A resposta é sim, mas não é sobre você. O fato dele ter sumido não é porque não gostou de você, mas é que a vida dele tem outras responsabilidades, outras demandas, outra situação, que desconectou vocês nesse caminho. Mas você transar ou não com ele, não ia mudar em nada isso.

Pode até ser, mas se eu tivesse transado e gostado, com certeza teria me sentido pior com esse sumiço.

O tarot me ajudou a superar aquela história.

MAS ESTOU ACEITANDO TEORIAS DO OCORRIDO NOS COMENTÁRIOS!!

Depois deixei de seguir, removi e desfiz o match. Fiquei com um leve ranço, não por ele ter desistido, afinal, entendo perfeitamente que as pessoas têm livre arbítrio. Mas ele poderia ter sido mais honesto e transparente no que ele estava buscando e não vir com aquele papo fajuto de que não gostava de relações líquidas.

Toda essa situação reverberou uma energia tão estranha, que até o cliente que tinha cancelado em cima da hora comigo, me bloqueou, quando orientei que o correto seria me acertar o combinado do mesmo jeito. Uma pessoa que se mostrava exageradamente encantado por mim e que já tinha dado essa mancada de cancelar com pouca antecedência anteriormente.

Não entendi nada do que aconteceu com esse menino, muito menos com o cliente, mas como tenho aprendido na terapia, estou praticando o “deixar fuir” e apenas aceitar como as coisas vem, sem me estressar, nem reter qualquer energia. Não era pra ser, com nenhum dos dois.

Palpites?

P.S.: Quem se interessou pelos talentos da taróloga, o insta dela é @saritah.tarott

Essa música tocou no momento em que ele me buscou em casa. Achei muito gostosinha:

Uma Vez Que Provar o Brigadeiro, Não Quer Mais Saber do Beijinho – Gran Finale

Querido diário, 

Quem diria que quase 10 meses depois de eu ter postado a Parte 3 desta saga, eu retornaria para postar o Final Season do porquê eu e o finado Brigadeiro, paramos de sair. (Agradeçam as seguidoras do TikTok que pediram muito por esse desfecho! 😬)

Posso dizer que foi difícil retomar essa escrita, pois, que vergonha alheia de mim mesma, do tanto que insisti para que ele continuasse ficando comigo. Preciso confessar que quando estou apaixonada sou muito paspalha, mas, quem não é? Não é mesmo? No entanto, foi um belo aprendizado olhar pra trás dessa maneira e reconhecer que, hoje em dia, independente da pessoa, eu jamais agiria assim novamente (assim espero, kkkkkk).

De lá para cá, tenho notado um certo padrão em mim, quando estou gostando de alguém. Eu me empolgo tanto com a pessoa (emocionada nível master), que acabo sendo intensa demais, muitas vezes roubando o papel do homem na relação. 

Basicamente eles não precisam mais se esforçar para sair comigo, porque eu mesma já faço isso pelos dois. Então, demasiadamente tomo iniciativas (ahh mas que legal Sara, uma mulher que tem iniciativa), legal coisa nenhuma, rs. Homem não gosta disso. O homem é atraído pela conquista e se já tá conquistado, acabou o desafio. 

E eu sou uma pessoa ansiosa, quero viver intensamente tudo com aquela pessoa e não tenho paciência pra esperar ele dar o próximo passo, então me antecipo e nisso vou colocando o cara numa posição extremamente confortável, de não precisar mais bolar programações para ficarmos juntos. 

Bom, com este cidadão aqui foi assim desde o princípio, sempre eu me esforçando para que a gente ficasse, e isso é algo que preciso urgentemente mudar. Deixo essa reflexão para qualquer mulher que esteja lendo e se identificando com esse modus operandi

Recapitulando a última postagem, após transarmos em casa naquele dia, tivemos alguns contratempos que nos impediram de manter a frequência semanal de encontros. Numa semana a mãe dele ficou doente, noutra eu que fiquei, e aí chegamos na seguinte conversa:

– Sem sexo pra vc então. – Ele debochou, após a minha mensagem desmarcando. – Vou ter que arrumar outro contatinho.

Daí respondi com umas figurinhas zombando das coisas que ele disse, e então continuou:

– Poxa logo agora, com os 3 meses batendo, rsrs. (Relembrando o que ele disse lá atrás, que quando ele está saindo com alguém, o prazo de validade é 3 meses.)

– Esse argumento não me assusta. – Rebati.

– Já enjoou.

– Alguém tinha falado de prorrogação. – Relembrei. 

– Então, mas tá ficando muito sério.

– Acho que perdi essa parte. Está se baseando em que?

– Em tudo.

– Que subjetivo. Quero fatos.

– Gostar é subjetivo. 

– Você está gostando?

– Rsrs.

– Eu sei que desde o início temos essa  dinâmica em que vc se coloca reticente e cauteloso sobre nós, e estamos acostumados a nos provocar sobre isso, mas a essa altura esse tipo de interação não me causa mais divertimento. Acho muito mais valoroso quando a pessoa se apropria do que está sentindo e reconhece para si mesmo do que ficar nessa zona de conforto de só responder “rsrs” quando algo mais sério está sendo dito. – Sapateei em cima do boy.

– Sim senhora. Gosto da sua cia e me sinto bem com vc.

– Já é uma resposta melhor que “rsrs”. – Reconheci. 

E ele não disse mais nada depois disso, sequer deu boa noite para finalizar a conversa. Daí, 72h depois, ele reapareceu:

– E aí, tudo bem com você?

– Oi. Estou sim e você?

– Quando não pode transar vc esquece que eu existo rsrs. 

– Ué estou esperando você tomar a iniciativa de fazermos algo também rs.

– Sei. Virei seu toy boy.

– Estou um pouco chateada desde sábado e deve ter intensificado com a tpm.

– Chateada comigo?

– Não com vc, rolou um lance da audição e isso acabou me deixando sem paciência com o resto.

– Vc esquecer a coreografia? Isso acontece. 

E daí mandei um textão contando detalhadamente tudo o que tinha acontecido. Achei bonitinho ele demonstrar todo aquele interesse e aproveitei para me abrir.

– Ninguém é superior a vc, para com isso. – Ele disse em algum momento, me consolando. 

– Nem a Beyoncé? Rs.

– Nem ela, tirando o dinheiro, as pernas e peitos e o jay Z, sou mais vc. 

– 😂

Conversamos mais um pouco e então retomamos no dia seguinte, com o seu “Bom dia”.

– Melhor hoje? – Ele perguntou. 

– Eu te falei que já estava melhor desde terça rs.

– Ontem, por eu ter feito vc falar, pensei que poderia ter ficado na bad.

– Fiquei na bad todos esses dias. Só consegui falar do assunto por já ter superado.

– Muito bom. Eu admiro muito vc! Sempre te falei que vc era uma jovem atriz/ jornalista, com grandes perspectivas. Vc é uma mulher forte vestida numa skin de Barbie frágil, só para enganar as pessoas.

Muito fofinho, né?? 🥹 Me empolguei e soltei:

– Feliz dia dos namorados, ainda que não sejamos. (Era 12 de junho)

– Rsrs. 

Depois retomei a conversa da parte que estava esperando ele tomar uma inciativa sobre sairmos:

– Mas de qualquer forma, isso se aplica. – Falei. 

– Devo sair do ostracismo só depois do dia 15. Fico reflexivo, até deprimido, perto de aniversário e no final do ano. – O aniversário dele estava próximo. 

– Ah sim, inferno astral. Compreensível. E quais os planos pro seu niver? Ficar enclausurado em casa?

– Nossa você me conhece tão bem. O plano é esse mesmo. Em casa, estudando. 

– Podíamos fazer alguma coisa pra não passar em branco. Tinha comentado com vc sobre irmos naquele restaurante vegano, Camélia Ododó, lembra?

– Obrigado, mas vou ter que recusar.

– Ok.

– Desculpa. 

– Não entendi o motivo da recusa, mas tudo bem. Imagino que será muito melhor e mais divertido passar fazendo o que você já faz todo dia.

– Não tem motivo.

– O que é pior ainda. 

– Só eu sendo chato.

– Tô vendo. Você não toma iniciativa de fazermos algo e quando eu tomo você recusa. Quer parar de me ver logo?

– Nossa. Que brava. Eu sou assim.

Daí eu mandei uma figurinha que dizia:

“Fica com Deus, porque comigo não vai rolar”

– Eita. Tá me dando um fora por emoji. 

– Eita digo eu.

– Essa é nova. 

– Uma loira linda dessa te dando mole, se propondo de te levar pra almoçar no seu niver e você fazendo o difícil, ao invés de viver a vida. É inconcebível pra mim uma atitude dessa. Se você não faz questão de passar momentos especiais na minha companhia, não sei o que tô fazendo aqui. E não gosto dessa posição de ter que convencer alguém de algo. – Descarreguei sem dó nem piedade.

– Entendo. Na verdade eu sabia que chegaria neste ponto, geralmente minhas atitudes são interpretadas como um tanto faz.

– Não estou te pedindo em namoro, nem pra passar um fim de semana comigo, propus apenas um almoço, numa data que é importante pra você, visto que seus planos são mais do mesmo.

– É só uma inaptidão nata em manter qualquer relacionamento mesmo.

– Não sabia que um almoço era um relacionamento.

– Não gosto de aniversários prefiro não fazer nada. Mas foi bom isso acontecer, eu já achava que estava monopolizando o seu tempo mesmo. Agora que vc me deu um fora vai encontrar seu príncipe rsrs.

– Super monopolizando, uma pessoa que mal vejo. Não preciso de príncipe pra nada, eu me basto.

– Claro que sim, vc é foda, já falei. Eu realmente tenho problemas.

– Devia fazer terapia. Faço toda quinzena, recomendo muito. – Juro que não falei em tom grosseiro, queria mesmo ajudá-lo. 

– Obrigado pela dica.

– Falo numa boa mesmo.

– Tô aceitando numa boa tbm.

– Pq ficar com esse papo de “tenho problemas” e não buscar ajuda, não faz o menor sentido.

– Eu sei que meu comportamento não é  normal. Não tô justificando nada.

– Se você tem consciência disso, pq nunca buscou ajuda?

– Boa pergunta. Bom, talvez isso me protege de não quebrar a cara. Mas por outro lado, me afasta das pessoas.

– Isso não é necessariamente uma proteção, pq quando você tá bem resolvido consigo mesmo, não se abala com um coração partido, na vdd vai lidar muito bem com a situação. Pode ser confortável agora, mas a longo prazo você ficará cada vez mais sozinho. Hoje você tem sua mãe, seus familiares, no futuro, que você poderia estar vivendo uma coisa boa com alguém, estará empacado, sem nenhuma perspectiva. É isso mesmo que vc quer pra você?

– Não sei. Não vejo mais nenhuma perspectiva, nessa parte da minha vida.

– Mas poderia. Você é um homem super interessante, bonito, gostoso, inteligente, poderia ter a mulher que quisesse se saísse desse buraco que não sei quem te enfiou aí.

– Pois é, agora vc acertou em cheio, me sinto as vezes neste buraco, é um vórtice tão profundo e carregado quanto de um buraco negro, tenho medo de alguém cair aqui comigo e não conseguir sair.

A conversa foi ficando estranha. 😳

– Só tento não machucar ninguém enquanto arrasto tudo. – Ele continuou. – De qualquer forma vc cruzar o meu caminho me fez muito bem, espero que não fique com raiva de mim.

– Pois então você deveria iniciar a terapia para ontem. Vamos cuidar disso agora? Me diga no que te fiz bem, se você tá preferindo me deixar ir do que se tratar para viver a vida de forma mais plena?

– Tudo acaba mesmo de uma forma ou de outra. 

Ele estava muito derrotado.

– Acaba pq vc não está cuidando da sua mente.

– Ainda não. Um dia, talvez. 

– Um dia?

– Agora não tenho tempo para ser doido.

– Nossa, eu não tô acreditando que estou lendo algo tão ignorante, vindo de uma pessoa tão inteligente e articulada.

– Você entendeu, não tenho tempo para essas questões. Gostei de ficar com vc, e as perspectivas que vc gerou.

– Que perspectivas foram essas, afinal?!

– Coisa minha. Não vou compartilhar.

– A sua saúde mental deveria ser prioridade.

– Minha saúde mental está ótima, desde que eu não pense em relacionamentos.

– Isso não é sobre relacionamentos. É sobre alguém que está infeliz na vida.

– Pois é, segundo Aristoteles a felicidade é o que todo homem busca. Duro é definir a felicidade.

– Ninguém é feliz todo o tempo, temos momentos de felicidade. Se você fizer terapia será guiado por esse caminho. Deixa eu te ajudar com isso? Posso procurar um terapeuta pra você. Você já fez alguma vez na sua vida?

– Não precisa, obrigado! 🙏🏾 Eu vou ficar bem.

– E eu não te dei um fora, falei dessa sexta. Que ESSA SEXTA você ia ficar com Deus. – Tentei salvar a conversa, pois, de fato não era um fora definitivo, mas a prosa tinha tomado um rumo estranho, que corrigir isso foi ficando cada vez mais distante.

– Me deu um fora e mandou eu fazer terapia. Mas tá tudo bem. 

– Eu falar pra você fazer terapia só mostra o quanto eu me importo com vc. Isso não deveria ser visto como ofensa.

– A gente pode continuar amigos pelo menos?

– Eu quero continuar transando também. 

– Rsrs. 

– Inclusive queria agora. Pode vir? Vc tá aqui do lado? – Tentei trazer um tom mais leve e divertido pra conversa.

– Eu tô. – Ele  trabalhava perto da minha casa.

– Então vem?

– Não vou não.

– Ué. 

– Acho que vc tá certa. Nada a ver eu te colocar nessa situação.

– Vem aqui, a gente transa, conversa um pouco e depois você vai embora, se assim quiser.

– Não é isso, mas vc me fez refletir. Pra que tudo isso?

– Vamos refletir juntos na minha cama. – Eu tava tarada. 

– Ok o sexo é bom, mas pra que continuar? Não vai levar a lugar nenhum. 

– Pode não levar a lugar nenhum hoje, que você tá aí cheio de paranóias. Mas quando vc decidir fazer a terapia, vai expandir a sua mente. Sério, se vc não vir eu vou ficar muito chateada. Somos adultos. Sexo bom não se recusa. 

– 😕 não tô afim não. Já me sinto mal por não te dar a atenção q vc merece, tbm sempre acho q vc merece mais do q posso te oferecer.

– Mas tem coisas bobas que você poderia me dar e que não te daria trabalho, como vir aqui, conversar olhando olho no olho, como dois adultos que somos.

– No final das contas os 3 meses deram certo. Toda vez que transei com vc, eu gostei, além do sexo de ficar e sentir vc. Não sei se agora isso vai acontecer. 

– Só vindo pra descobrir ué. Bom que se não rolar já encerramos os três meses com certeza. Com direito a despedida

– Acho que a gente já encerrou. Só não tínhamos percebido.

– Então tá, você não vai se dispor a vir? Prefere ficar falando essas merdas por mensagem mesmo? 

– 👍🏻

– Espero que esteja feliz com a sua escolha. Boa noite.

– Não tô feliz. Boa noite. 

– Eu devo mesmo ter o dedo podre pra homem, pq nem um contatinho só pra sexo não consigo. Impressionante rs.

– Rs acho que deve ser mais fácil ter um namorado do que um contatinho.

– Dá pra ser um homem adulto e vir aqui finalizar a nossa história direito? – Insisti mais uma vez. 

– Pq finalizar, vc não vai mais ser minha amiga? A gente só não vai mais transar.

– Então seja meu amigo e vem me oferecer um ombro amigo. Acabei de romper com o cara que eu tava saindo.

– Kkkkk. Você é boa. Mas neste caso eu estou impedido de atuar, tendo em vista o meu interesse no feito.

– Estou te delegando sua primeira missão no seu novo cargo.

– Rs, Jornalistas são tão boas com as palavras, quanto advogados.

– Obrigada por reconhecer o meu árduo trabalho de te fazer mudar de ideia.

– Você é demais. 

– Mas o reconhecimento mesmo que eu gostaria, era o seu ombro amigo aqui então.

– Isso não vai te fazer bem. Eu sei que pra mim não vai. 

– Para de sofrer por antecipação.

– Mas de toda forma eu tenho que estudar, muito mais agora. Eu ia te deixar na mão mais cedo ou mais tarde.

– Que eu saiba você não terá nenhuma prova ainda essa semana, então essa desculpa é fraca.

– Tenho algumas chegando em julho e abriu ontem MP MG. 

Enfim, ele não cedeu. 

Nos dias que se seguiram as conversas continuaram, mas nada demais. Fiquei com a sensação de que ele não fodia, nem saía de cima. Não queria mais continuar transando, no entanto, me enviava foto dele na academia, ou da granola que comíamos aqui em casa, dizendo: “eu não vou te esquecer nunca”, e em outra conversa, ele disse o seguinte:

– Bom, já que a gente parou de ficar, eu posso te contar. Eu ia nessa academia esporadicamente quando tinha algo pra fazer pelo Centro, um dia te vi de quarta, então percebi que era o dia fixo que vc ia, então eu ia só pra te ver, mas nunca foi, nem será a minha academia preferida. – Justificando o fato dele não ir treinar mais na mesma academia, depois que começamos a ficar. 

– Pq você precisou esperar não estarmos mais ficando pra me dizer isso?

– Só para vc não se achar.

– Então você já tinha me notado antes de eu te notar? Quanto tempo levou pra eu retribuir o seu interesse?

– Menos de um mês.

– Ou seja, você ficou interessado em mim antes de eu ficar em você, ainda assim fez todo aquele jogo duro, como se só eu tivesse interessada e depois ainda me deu um pé na bunda. Muito bacana suas atitudes comigo.

– Não era pra gente ter ficado. Desculpa por todo o resto.

– Ai por favor né. Se você ficou indo na academia só por minha causa, o seu interesse era só olhar então?

– Sua figura me agrada. Já te falei isso.

– Só pra olhar?

– Esse era o plano.

– Basicamente você só foi pra essa academia até conseguir o que não queria.

– Falando assim, parece q eu articulei um plano mirabolante para te levar pra cama.

– E ainda me descartou depois que perdeu a graça pra você.

– Nossa.

– Não faz o menor sentido pra mim, se você já tinha me curtido, antes mesmo de eu curtir você e romper comigo quando ainda está bom.

– É melhor parar quando ainda está bom, assim ficam ótimas lembranças.

– Então você começou já planejando o fim. Tudo arquitetado. Depois ainda fala de responsabilidade afetiva.

– Não. Mas sabia que o fim era iminente.

– Fortaleci o seu ego, da menina que você tá de olho na academia se interessar em dar pra você, e aí quando já usufruiu tudo que queria, saiu fora.

– Não é isso. Eu amei ficar com vc, sua intensidade é no ponto certo, vc está pronta, vc brilha e isso talvez assuste homens fracos. Eu queria estar pronto do mesmo jeito que vc, não acho justo vc perder tempo comigo ou qualquer outra pessoa que não esteja na mesma sintonia que vc. Isso me deixa mais triste ainda comigo, nessa altura da minha vida já era para eu estar pronto em todos os sentidos.

Enfim, rolaram mais algumas conversas, que me dá extrema preguiça de trazer aqui. Sempre ele justificando que não poderia se relacionar antes de alcançar seus objetivos profissionais e que não poderíamos continuar como estávamos, visto que ele achava que eu merecia muito mais do que ele podia me oferecer. 

Decidimos o caminho da amizade, mas é claro que isso também não deu muito certo. Marcamos um treino na academia, num dia que eu não tinha Personal, e vocês acreditam que ele conseguiu ser escroto no treino? Não teve a menor delicadeza de ajustar os equipamentos pra mim, sabendo que temos altura e porte diferentes e eu treino com Personal, logo, não tenho as manhas de ajustar os equipamentos, tal como ele, que sempre treinou sozinho. Ainda zombou num momento que reclamei do banco não estar proporcional para o meu treino, dizendo: “Você acha que eu sou seu Personal pra arrumar tudo pra você?”

Em outro momento ele foi ainda pior, quando o flagrei olhando para os meus peitos. Propositalmente é claro que fui treinar com um top interessante, que valorizasse o meu colo e quando vi ele olhando, brinquei: “Está olhando pros meus peitos?”, e ao invés dele se apropriar disso, entrar na brincadeira e talvez até levar para um contexto mais sexual, ele fez um comentário tão infeliz, menosprezando o meu corpo, dizendo: “que peitos?”, me senti na quinta série. Ele ficou com vergonha por ser confrontado e se protegeu me ofendendo. Sério, que homem adulto e maduro agiria dessa maneira? Minha vontade foi de ir embora naquele mesmo momento, mas achei que essa atitude seria de uma garotinha mimada, então continuei, mas fechei a cara na mesma hora, foi difícil engolir essa e seguir com o treino numa boa. 

– Não gostei da forma como você se referiu ao meu corpo hoje na academia. – Falei depois, por mensagem.

– Eu percebi. Besteira sua pq eu sempre gostei do seu corpo. Mas peço desculpa e não falo mais nada sobre nada.

– Tem certos temas que são sensíveis para fazer brincadeira. Da mesma maneira que você não gostaria se eu fizesse comentário zombando do seu pau. Percebi que não fez na maldade, mas ainda assim achei bastante indelicado na hora. Enfim, fica de aprendizado para você, nunca mais faça brincadeiras desse tipo com nenhuma mulher, que nunca vai pegar bem.

– O que tem meu pau? Rsrs. – É sério que ele se achava esse gostosão todo, com aquele pau fino?

– Está perguntando dessa forma prepotente pq?

– Rsrs.

Fiquei com muita vontade de falar o que eu realmente achava do pau dele, mas optei por ser elegante e deixar pra lá, pois ia parecer reatividade minha e não que eu achava que era fino mesmo. 

Mas a tentativa de amizade encerrou completamente dois dias depois. Meu gato estava tendo crise de espirro, algo que nunca tinha acontecido antes, me deparei com tal adversidade e fiquei desesperada, várias idas ao veterinário, buscando entender o que estava acontecendo. 

Enfim, em meio a todo esse caos, determinado dia, enquanto eu estava indo para a academia, quis otimizar o tempo e liguei para a clínica veterinária com o objetivo de marcar uma consulta. Eu nunca mexo no celular na rua, sei dos assaltos, mas eu tava tão preocupada com o meu gato, que ignorei tudo isso. E aí, enquanto eu estava falando com a atendente, um filho da puta de bicicleta passou e roubou o meu celular. A merda nunca vem sozinha. 

– Pintadinho tá melhor? – Ele perguntou naquele mesmo dia, a noite.

– Não. 😔 – E enviei um vídeo dele espirrando sem parar.

– Tadinho. 

– Estou exausta. Comprei até um inalador hoje. Isso que é só um gato, imagine se fosse uma criança. 😮‍💨

– Eu imagino. 

Eu tinha comentado com ele que a única coisa diferente que tinha entrado dentro da minha casa, foram umas flores que eu tinha ganhado (de um cliente), mas que a veterinária esclareceu que orquídeas não causam alergia em pet. E ele pareceu um pouco enciumado, dizendo para eu falar para o meu admirador secreto do prejuízo que tinha me dado, meu gato espirrando, meu IPhone roubado e mais os gastos veterinários. 

– Eu sempre vou culpar as flores. – Ele finalizou, debochando. 

– Acho que mais importante do que apontar culpados é focar na solução. – Me irritei. 

– Sim, vc eu posso ficar só culpando mesmo.

– Te acho um pouco babaca as vezes, olha esse seu áudio, rindo e debochando, “esse gato aí”, não é “esse gato aí”, é o Pintadinho, vulgo meu filho. – Foi nesse tal áudio que ele reclamava das flores e do meu “admirador secreto”.

– Vc q disse que é só um gato. – Ele resgatou da parte que eu falava “Isso que é só um gato, imagine se fosse uma criança.” – Adoro o Pintado, mas realmente sou meio babaca mesmo.

– Pois saiba que a pessoa que me deu as flores foi a mesma que me ajudou com o problema do celular, mesmo sem ter nenhuma ligação de que foi culpa das flores. Diferente de certas pessoas que quando tem a oportunidade de estar comigo, fica fazendo piadinha de mau gosto, inferiorizando o meu corpo. E mesmo vendo que me chateou, não teve a menor humildade de se desculpar na hora. Te falta muito tato pra lidar com mulheres.

– Ok.

– Boa noite. – Finalizei irritada. 

– Pois é. Paramos por aqui. Boa noite. 

Daí, meia hora depois, ele voltou na conversa, dizendo o seguinte:

– Só era brincadeira com um pouco de ciúme envolvido, e as piadinhas de mau gosto, eram só piadas, pela quantidade de vezes que a gente transou, pensei que era evidente que gosto do seu corpo. Mas percebi que a gente não pode ser amigos, pois sempre vai ficar um mal estar, vou ter que ficar medindo palavras para não parecer ofensivo e isso demanda mais energia que o próprio relacionamento. Então é isso, te desejo tudo de bom, melhoras para o Pintadinho e sorte com o cara das flores.😘

Eu nem respondi. Já estava de saco cheio das atitudes dele e percebi que era importante pra ele, parecer que era ele que tava colocando um ponto final na história. 

17 dias depois ele postou no status do WhatsApp a seguinte frase: 

“Será que todo ***** (o nome dele) está destinado a ser um cuzão?”

Não me aguentei e cutuquei:

– Está lidando bem com a solidão?

– Lido melhor com ela do que magoar as pessoas.

E foi isso. Nunca mais nos falamos. Deixei de segui-lo no Instagram e quando ele percebeu, retribuiu. 

Paramos de ficar em junho de 2024 e desde então não consegui ter qualquer envolvimento mais profundo com ninguém. Está mesmo muito difícil se relacionar hoje em dia. 

Dádivas da Minha Jornada

Querido diário, 

Esses dias, uma seguidora sugeriu uma pauta completamente inédita, em um dos meus vídeos no TikTok:

Isso me fez refletir muito e cheguei à conclusão de que não poderia simplesmente gravar um vídeo respondendo, sem mencionar o quanto cada conquista significou pra mim. E nada como um post escrito para esmiuçar mais esse assunto. Vamos começar com o meu objetivo principal, que me motivou a iniciar na atividade:

A vontade de sair de casa

Desde nova sempre quis ter o meu próprio dinheiro. Ainda na adolescência, por volta dos quinze, dezesseis anos, revendia Avon e fazia bordados em roupa (uma vizinha pegava roupas para bordar de uma fornecedora, bordado este feito com miçangas, vidrilhos, paetês e etc, e distribua para suas “funcionárias”), tínhamos prazo para entregar as peças e o valor da mão de obra era muito baixo, coisa de R$ 0,25 por peça (a mais cara que bordei foi R$ 1,00 por ser jeans, uma coisa horrível, o dedo ficava todo furado da agulha), o máximo que pude tirar num mês bom, em que me matei de bordar, foi R$ 50. Pra você ver como pagava pouco, rs.

Também sempre tive muita vergonha do lugar onde eu morava. Bairro ruim, barulhento (os vizinhos ligavam o carro de som bem alto no meio da rua), casa simples e pequena, sem reboco… eu tinha vergonha de levar qualquer amiga lá.

Então minha grande ambição sempre foi sair dali. Ir morar num lugar bonito, que eu me sentisse segura, sem goteiras no telhado, sem entulho na porta de casa quando chovia, enfim, nunca me conformei com a pobreza. 

Antes de ingressar neste meio, trabalhei em call center, como recepcionista em uma escola de idiomas, vendedora numa agência de viagens e meu último emprego CLT foi na loja de uma companhia aérea, vendendo passagem. Quando decidi começar a trabalhar com os encontros, não vi essa oportunidade com maus olhos, pelo contrário, me empolguei muito com a ideia, obviamente pela questão financeira, mas também pela aventura sexual, pois, sempre fui muito interessada em sexo, mesmo antes de fazer de fato. Aprendi, sozinha, a me masturbar, muito nova, e, ainda virgem, me masturbava, fantasiando que estava transando com algum cara que eu tava a fim naquele momento. (Já rolou até com personagens de filmes, rs, muito tarada). O curioso era que na presença desses tais caras eu era muito tímida, mas, sozinha, em casa, eu me acabava na imaginação. Enfim, tudo isso pra dizer que realmente me encontrei nessa atividade.

Ao iniciar, o intuito era unir o útil ao agradável e juntar o montante necessário para comprar um apartamento à vista. Por que apartamento e não casa? Achava sofisticado, seguro, elegante, sempre me imaginei morando em um. Iniciei em janeiro de 2015 e em dezembro de 2016 me mudei para a minha primeira moradia sozinha. De aluguel mesmo, queria viver essa experiência logo e esperar até completar o montante do imóvel à vista, me pareceu adiar um sonho de algo que eu sequer sabia se estaria viva para realizar, se demorasse muito, afinal, nunca sabemos o dia de amanhã. Então chegamos aqui na minha primeira 1º conquista: A Independência. Fui morar sozinha, num condomínio grande e muito aconchegante, próximo do Centro de Guarulhos. Foi um belo upgrade de moradia e localização. 

Depois meu sonho passou a ser comprar aquele apartamento que eu morava, mas, após um ano morando nele, fui convencida a me mudar para São Paulo, afinal, eu ia e voltava todos os dias para atender e cursar a faculdade de Jornalismo, que ingressei no mesmo mês em que iniciei os encontros.

Chegamos então na 2º conquista: Conquistei um sugar daddy que me ajudou bastante e graças a ele me tornei uma moradora paulistana. Me mudei para São Paulo e morei por alguns meses na Av. Brigadeiro Luís Antônio.

Com influência de um outro cliente, consegui tirar meu visto para os Estados Unidos, algo que, alguém na minha condição, estudante universitária, sem emprego fixo, jamais conseguiria sozinha. O plano era que eu viajasse com ele, mas a viagem acabou não dando certo, porém, meu visto sim e aí viajei sozinha para Miami, para assistir ao show da Taylor Swift no Hard Rock Stadium! 😃 Chegamos então na 3º, 4º e 5º conquista: Visto para o país que eu sempre tive muita vontade de conhecer; a oportunidade de fazer uma viagem internacional sozinha e a chance de assistir ao show de uma artista que eu sou muito fã e que, até então, nunca tinha vindo para o Brasil. (Para ler o relato dessa viagem, só clicar aqui.)

Deixo aqui o meu agradecimento a esse cliente que me ajudou e infelizmente não viajou. 🤍

Não vou citar a faculdade de Jornalismo como uma conquista advinda do “Job”, pois, quando ingressei, pagava as mensalidades com o meu salário CLT, contudo, o meu TCC, um livro documentário com o tema: “O Preconceito com a Prostituição” (o qual tirei a nota máxima), sim, pois só fiquei interessada em abordar este assunto, por trabalhar nesse meio. E também, posteriormente, pude pagar pelo curso de atuação na Escola de Atores Wolf Maya, que foi mais caro que a faculdade, cujo curso eu jamais teria condições de arcar, se não tivesse essa renda mais abundante. Então chegamos na e 7º conquista: O TCC de um tema que só tive interesse e conhecimento por trabalhar com isso; e os recursos necessários para poder cursar uma outra área que despertou o meu interesse nesse processo. 

No final de 2018, no mesmo ano em que viajei para os Estados Unidos pela primeira vez, alcancei uma outra conquista ainda mais significativa, a que me motivou a entrar para esse trabalho: A aquisição do meu apartamento!! 🥹😍 Curioso que quando me mudei para a Brigadeiro Luís Antônio, minha mãe profetizou que dali eu sairia para o meu próprio, e assim foi concretizado. Eis então, minha 8º conquista. 🏆

Deixo aqui o meu agradecimento para o meu ex sugar daddy, que contribuiu muito para esse sonho. 🤍

No começo de 2019 me formei (em Jornalismo), me mudei para o apê novo, e aí nasceu um segundo sonho dentro de mim: Proporcionar o mesmo para a minha mãe. Queria que ela também deixasse de morar naquele bairro feio que eu detestava ir para visitá-la. Mas, como nesse momento era um sonho que necessitava de maior planejamento, fiz o possível para tornar a sua moradia mais aconchegante, chegando então na 9º conquista: A reforma da sua casa. Rebocamos, colocamos piso, azulejo, telhamos uma parte do quintal, tudo que foi possível fazer para melhorar aquela estrutura precária, fizemos. O que até valorizaria a venda do imóvel depois.

Posso colocar como 10º conquista, meu relacionamento com um ex cliente que resultou em casamento, durante a pandemia. Não no papel, mas moramos juntos por um ano e pouquinho, fazendo com que eu parasse com as atividades nesse período. Vivi uma experiência de relacionamento completamente nova, que foi muito boa para o meu desenvolvimento pessoal. Descobri como é ser bem tratada, como também que não gosto de ser limitada. Pude conhecer mais sobre mim mesma. 

Ao retornar para os atendimentos, em 2022, chegamos a minha 11º conquista: Mais viagens internacionais! Pude realizar o sonho de conhecer Paris, depois também viajei para Londres, Roma, Bogotá e Nova York. Só quem já viajou pra fora sabe como é uma experiência gostosa. (Lá no começo também viajei para o Chile, Argentina e Uruguai.) E detalhe, todas essas vezes, com tudo pago pelo cliente. 

Falando em viagens, não poderia deixar de citar a 12º conquista: A oportunidade de fazer Cruzeiro. Graças a esse trabalho, pude viver tal experiência três vezes! Duas com clientes e uma viajando com a minha mãe, para que ela também conhecesse.

Ainda falando em viagens, vamos a 13º conquista: Assistir apresentações artísticas em outros países. Conheci o cabaret “Crazy Horse” em Paris, no qual fiquei apaixonada! 🥹 (Atrações com temática sensual, música e dança, me atraem bastante.) Também assisti a peça “Moulin Rouge” duas vezes! Sendo uma em Londres e outra em Nova York, (amei tanto esse espetáculo, que vê-lo, de novo, em outro país, foi como assistir pela primeira vez, senti a mesma emoção). Assistir aos famosos espetáculos da Broadway, ir ao museu de cera em Nova York, são conquistas culturais que não poderia deixar de citar também. Ainda assisti a um espetáculo musical de ópera em Paris! (Tudo bem que eu dormi durante a apresentação, tava muito cansada com a rotina de turista, dorme tarde e acorda cedo, mas valeu a experiência!) Consumir cultura e entretenimento é um dos meus hobbies, então imagine como me senti, conhecendo representações artísticas mundo a fora. 🥹

Na 14º conquista, preciso mencionar a Disney!! Não fui na de Orlando (ainda), mas a de Paris deu pra sentir o gostinho!! 😍

Agora vamos para conquistas mais sérias. Pude assumir a responsabilidade de oferecer um plano de saúde melhor para a minha mãe. Fiquei indignada com a qualidade do seu antigo convênio, (o que ela podia pagar), uma vez que precisei acompanhá-la numa cirurgia, e ali me despertou um alerta. Eis então a 15º conquista: Poder proporcionar um acompanhamento médico melhor para a pessoa mais importante da minha vida. 

Falando nessa mulher maravilhosa, responsável por eu estar nesse mundo, ao voltar para os atendimentos, pude realizar o meu segundo principal sonho: Uma moradia melhor para ela! Cinco anos após a aquisição do meu primeiro apartamento, pude adquirir um segundo para a minha véia. E sabe o que é mais incrível? Consegui exatamente naquele condomínio grande que morei sozinha! Não o mesmo apartamento, um ainda maior! 🥹😍 Deus é pai e não padrasto! (Os haters vão ficar loucos comigo usando o nome de Deus nas minhas conquistas como acompanhante. 😆) A 16º conquista foi muito, mas muito significativa. No mesmo instante em que eu estava no uber, em Londres, me locomovendo do aeroporto para o hotel, minha mãe estava pegando as chaves com a corretora, foi um dos momentos mais felizes de nossas vidas! 🥹

Agora voltando a falar de estudos, é claro que não parei na escola de Atores Wolf Maya, como 17º conquista, pude participar da montagem de um musical, com o empurrãozinho de um cliente, (ele tinha essa parceria com a instituição por eles locarem o seu teatro) que me deu esse curso de presente. Vivi essa experiência por um ano, resultando em seis belíssimas apresentações em São Paulo. (Clientes mais íntimos me assistiram e super gostaram! 😏) 

Deixo aqui um agradecimento a esse cliente que acreditou no meu talento. Merda pra gente! 🤍

Como 18º conquista, ainda mantendo a linha dos estudos, posso colocar aqui as aulas de canto, dança, de interpretação, Workshops que pude fazer, tudo em prol do meu desenvolvimento como artista, graças a essa renda e a disponibilidade de tempo, que nenhum trabalho CLT me concederia. 

Agora falando de conquistas supérfluas, presentes caros, na 19º conquista, vamos de bolsa Louis Vuitton, outra da Yves Saint Laurent (essa eu mesma comprei), pulseira da Pandora com vários charms, anel da Tiffany, acessórios da Gucci, perfumes importados, entre outros… os clientes são mais generosos do que qualquer homem que já me relacionei na minha vida pessoal. 

No início desse ano atingi a 20º conquista: Me tornei uma mulher motorizada! 🚘 Vrum! Vrum! Já tinha carta de motorista desde os dezoito anos, mas, pela falta de prática, tinha medo de dirigir. Após demasiados estresses com motoristas de aplicativo, que odeiam levar e buscar em motel, e taxistas folgados, que param longe e não manobram de volta, de propósito, decidi dar um jeito nisso, não dependendo mais deles. Fiz algumas aulas em dezembro do ano passado e em janeiro já rompi essa barreira! (Que delícia ter mais essa independência!! 🥹😍)

Para fechar, com a 21º conquista, coloco aqui o meu desenvolvimento sexual por me relacionar com diversos tipos de homens. Alguns preconceituosos dirão: “Credo! Dez anos transando com tudo que é macho”, mas eu vejo com outro olhar: “Dez anos descobrindo os prazeres, ao estar na intimidade com outras pessoas.” Esses homens me mostraram como é sentir prazer, cada um a sua maneira. E mesmo aqueles que não foram bons, também me ensinaram algo, graças a eles pude descobrir o que eu não gosto, o que eu não quero e o que eu não aceito. Tem coisas que eu fazia antes e hoje não faço mais e tem coisas que antes eu não fazia e hoje eu gosto. Um constante aprendizado. Me desenvolvi muito como pessoa e como mulher, desenvolvimento esse que não viria vivendo a minha antiga vida. 

Obviamente nem tudo foram flores, (é importante destacar, senão vão dizer que estou glamorizando), mas quem disse que a vida é flores o tempo inteiro? Não somos felizes 100% do tempo, não fazemos o que queremos a todo momento. Em qualquer profissão terão dias bons e ruins, o importante é o bom se sobressair. Dou bastante destaque para as coisas boas sim (e não estou romantizando), pois são elas que fazem tudo valer a pena. As coisas ruins deixo para entretenimento, na sessão “Clientes Desagradáveis” e “Soltando o Verbo”, se deleite!

Sempre bom lembrar, que o intuito das minhas postagens não é incentivar que outras mulheres entrem no “Job”, que isso seja uma vontade genuína delas mesmas. Ninguém me influenciou a entrar nesse meio, além da minha própria ambição e vontade. Sim, eu tenho a Mentoria para mulheres que querem ingressar, mas não com o intuito de incentivar ou lucrar, tanto que sempre peço para que leiam essa postagem antes de tudo e reflitam sobre os aspectos psicológicos, e o investimento cobrado é simbólico, apenas para dificultar para as curiosas, senão toda mulher entraria em contato querendo, só pelo entretenimento. A mentoria foi lançada justamente para que essas mulheres ambiciosas e sem nenhuma vivência no assunto, não caiam em situações ruins, aumentando ainda mais o percentual de profissionais do sexo traumatizadas.   

Enfim, então por que compartilho? Apenas para que, quem sabe, possa tocar o coração daquelas pessoas preconceituosas, que acham que nada de bom pode surgir disso. Para que vejam que aquilo que elas apontam como indigno, sujo e ruim, talvez não seja desse jeito. Vivo muito bem com o que eu faço, sou bem resolvida, em paz com a minha consciência, e tenho um legítimo apreço pelo sexo. A mulher tem todo o direito de gostar de transar tanto quanto o homem, e ainda poder ganhar com isso é incrível. A profissional desse meio merece respeito.

P.S.: Não falo pelas que não gostam e entram nessa por extrema necessidade. Essas eu concordo que jamais deveriam. 

Ainda não alcancei tudo que almejo, mas estou no caminho. 

Cruzeiro – Parte 1

Querido diário,

Participei da aventura mais insana dessa minha trajetória como acompanhante! E tudo começou com o seguinte diálogo:

– Vou viajar em janeiro com a família. – Compartilhou meu cliente, durante um de nossos encontros, enquanto bebericávamos um delicioso vinho branco na banheira.

– Aii que demais! Pra onde vocês vão?

– Vamos fazer um cruzeiro.

– Nossa vocês vão amar! Já fiz duas vezes e gostei muito!

– E se você fosse junto?

– Como assim?

– Você viajar junto, numa cabine separada.

– Você tá falando sério??

– Não sei, o que você acha?

– Eu acho que você é doido! Kkkkk.

E caímos na risada, rs. Até que a risada cessou e percebi que ele estava falando sério.

– Mas você não teria medo? Eu tô passada que você tá propondo isso! Kkkkk.

– Acha que daria certo?

– Acho que sim, mas muita adrenalina, não?! Hahaha.

– Das vezes que você viajou foi de Yacht Club?

– Não!! Vocês vão de Yacht Club?! Que chique!!

– Será que conseguimos pra você também?

Meus olhos brilharam com a possibilidade de viajar na categoria mais top da MSC!

– Eu iria de Yacht Club também?!

– Sim, quero que você tenha a melhor experiência.

Colocando o moralismo de lado, me vi diante de uma aventura completamente inédita. Não tive como não me empolgar com a ideia!

– Como ficaria o seu presente pra essa viagem? – Ele sondou.

Tive que pensar um pouco.

– Podemos fazer pelo mesmo valor do nosso pacote mensal. Já que serão 4 dias, o pacote abrange 4 encontros, com o benefício de que estarei a sua inteira disposição e poderemos encontrar mais de uma vez ao dia.

– Humm. Gostei.

Entramos no site da MSC pra ver como estavam as condições da viagem àquela altura. Em torno de R$ 16.000 a brincadeira.

– Estou de acordo com o valor, só tem uma questão, vou precisar que você passe no seu cartão e pago quando vier a fatura, vai chamar atenção no meu. – Ele disse.

– Claro, podemos fazer desse jeito sim. – Ele sempre paga em dia quando decide me presentear, pagando algo que eu comprei pra mim mesma, então não me preocupei.

Devido a correria daquela semana, levei uns dois dias para fechar, achando que por ser a categoria mais cara, não esgotaria tão fácil. Mas me enganei. Fiquei um pouco frustrada por não ser dessa vez que eu viveria a experiência Yacht Club da MSC, mas, há males que vem para o bem. Como ele já tinha concordado com aquele valor e a categoria abaixo ficaria metade disso, tive a ideia de propor que eu levasse uma amiga, assim eu não ficaria sozinha quando ele não pudesse estar presente, visto que as “escapadinhas” provavelmente representariam 20% do nosso tempo juntos. Propus, um pouco sem jeito, não queria, de maneira alguma, que me achasse uma aproveitadora, mas achei plausível, visto que não alteraria em nada o valor acordado. 😏

Ele demorou tanto para me responder, que quase apaguei o meu áudio, mas quando a sua resposta veio, foi a mais positiva possível! Ele super aderiu a ideia, disse que achava muito bom eu não ficar sozinha no navio e que se eu não tivesse proposto algo assim, ele mesmo proporia. Fiquei ainda mais empolgada com a viagem!! 🤩

Quando fui falar com a minha amiga, a única condição era de que não importasse o horário que ele quisesse me encontrar, ela teria que liberar o quarto pra gente, uma condicionante pequena, diante de uma viagem daquelas. Ela topou super empolgada também, é claro!

Dois dias depois que voltei da minha viagem de réveillon, lá estava eu embarcando em uma nova aventura, ainda mais emocionante!

*

– Se eu for falar com vocês, é porque a barra tá limpa. – Alertou o meu cliente, ajustando alguns detalhes.

– Mas E SE em algum momento que você achar que a barra tá limpa, ela voltar pra buscar alguma coisa e ver a gente conversando? Já vamos pensar numa história, sobre de onde nos conhecemos, caso isso aconteça!

– Humm, você pensa em tudo, hein. Dá onde nos conhecemos então?

– Posso ser uma fornecedora da sua empresa. Que tal?

– Pode ser.

– Mas você acha que ela faria perguntas técnicas? Porque se ela fizer, eu não vou saber responder!! Kkkkkkk.

– Não, acho que não.

No final das contas foi até melhor eu não ter ficado no Yacht Club com eles, pois o risco teria sido ainda maior!

Dia do Embarque

Mais do que um relato insano sobre as escapadas de uma viagem em família, quero que encarem a postagem como dicas para quando você for fazer seu cruzeiro também! 😎

Dica número 1: Se você for embarcar com a MSC no navio Seaview, não caia na lábia da vendedora de carregadores universais, que vai te abordar logo na entrada do porto, dizendo que a tomada do navio não é compatível com as que usamos no Brasil. Eu já fiz cruzeiro antes, mas não lembrava desse pequeno detalhe. Pagamos R$ 60 cada uma e, quando entramos na cabine, descobrimos que havia tomadas dos dois tipos! 😒

Dica número 2: Se puder, feche a categoria Aurea, é mais cara, mas tem alguns benefícios, como o embarque prioritário. Estava cheio de pessoas no porto, esperando pelas suas respectivas senhas para embarcarem, e nós fomos direto para o balcão de check-in, nos sentindo completamente vips. 😎

Dica número 3: Talvez seja óbvia para muitos, mas eu falhei nessa. Medicamentos e roupas de banho deixe na bagagem de mão. A cabine não estará disponível imediatamente e você poderá usufruir da piscina nesse meio tempo, se quiser. O que não foi o nosso caso. Não sei em que momento comecei a ter MUITA dor de cabeça, literalmente falando, despachei a minha mala e meu Paracetamol estava lá dentro, péssimo jeito de iniciar a viagem. Embarcamos rapidamente, menos mal, mas a minha cabeça estava explodindo. Entramos no navio e fomos direto para o restaurante, estilo “bandejão”, que é aberto para todo mundo, self service, acreditando que a minha dor de cabeça fosse fome. Não era. Achei a comida sem sabor e tava muito povão naquele primeiro momento, mas atribui essa experiência ruim a minha dor de cabeça, afinal, quando não estamos bem, nem a Disney é tão incrível.

Quando liberaram a suíte e fomos para a nossa cabine, a minha mísera dor de cabeça se transformou numa grande enxaqueca. Eu tinha escolhido uma suíte com varanda envidraçada, estilo essa:

E o que entregaram foi essa:

Como eu iria gravar meus conteúdos naquela varanda horrorosa, com vista obstruída?! Fiquei indignada. Quem me conhece sabe que eu sou um pouquinho brava, então é claro que eu não iria aceitar aquilo sem lutar. Eu mesma tinha fechado a reserva, tinha plena certeza do que havia escolhido e não era nada daquilo. Nos direcionamos até a recepção, onde havia o atendimento e já tinham algumas pessoas na fila. Quando chegou a nossa vez, tive que ouvir da atendente que a reserva estava correta e que as imagens são MERAMENTE ILUSTRATIVAS!!! Como assim, gente?? Não era um cardápio com fotos de comida pra ser “meramente ilustrativa”, estávamos falando das características de uma cabine! Imagina você alugar um Airbnb e chegar lá ser diferente das fotos e te disserem que as imagens são meramente ilustrativas?! Fiquei furiosa!!

– Não faz o menor sentido eu pagar em torno de R$ 20.000 (ficou esse valor com os acréscimos de alguns serviços) pra ficar numa suíte com uma vista obstruída desse jeito! Olha aqui no site como aparece a imagem da varanda! Isso é propaganda enganosa!!!

– Vou verificar o que pode ser feito, só um momento. – A mulher sumiu porta adentro.

E a minha cabeça latejando. Quando a mulher voltou, uns bons minutos depois, veio com aquele mesmo discursinho, falando da imagem ser meramente ilustrativa.

– Não estamos falando da foto de uma comida pra ser ilustrativa! Ninguém reserva um quarto de hotel se as fotos não forem fidedignas a realidade. Você acha que eu sou idiota?!

– Senhora, estou tentando te ajudar, se for usar palavras de baixo calão, não poderei ajudar.

Desde quando “idiota”, ainda mais se referindo a mim mesma, é palavra de baixo calão?!

– Ok, desculpa. – Me retratei mesmo assim.

Daí minha amiga fez o papel do policial bonzinho, e tentou ver com a mulher alguma forma de trocarmos de cabine.

Eu estava tão nervosa com tudo aquilo, somado a minha terrível dor de cabeça, que depois da fúria, veio o choro de raiva. O que acabou sendo ótimo, pois sensibilizou ainda mais a atendente, rs. Disse que cuidaria do nosso caso pessoalmente, que precisaríamos esperar terminar o embarque, caso alguém não viesse e vagasse uma cabine nas condições que queríamos, ela nos trocaria, mas por hora, não teria o que fazer. Se comprometeu a nos dar um retorno mais tarde, quando finalizasse o processo de embarque.

Voltamos para a suíte e procurei me conformar de que ficaríamos naquela cabine mesmo. Minha cabeça continuava martelando de dor e bem nessa hora o cliente mandou mensagem, dizendo que conseguiria encontrar. Nessa primeira escapada, confesso, eu não estava no clima, a cabeça explodindo, ainda absorvendo a frustração da cabine, e a minha mala ainda não tinha chegado, sequer conseguiria tomar um banho para recebê-lo. Obviamente não transpareci nada disso pra ele, fui estritamente profissional e confirmei que poderia vir.

Minha amiga ficou na varanda, fechei a porta e a cortina. Falei pra ele que não poderíamos transar, pois meus preservativos estavam dentro da mala, também não deixei que me chupasse, ainda que ele insistisse muito, pois não estava confortável sem tomar um banho antes. Foi um pouco estranho fazermos as coisas às pressas daquele jeito, pois, sempre que saímos, almoçamos ou jantamos antes, nunca vamos direto ao ponto logo de cara. Caprichei no boquete.

Depois que ele gozou e foi embora, me deitei e tentei dormir, pra ver se a dor de cabeça passava, sem sucesso. A cada dez minutos eu ia checar se a minha mala tinha chegado. Quando enfim chegou, tomei o remédio e aí sim consegui tirar um cochilo. Depois que o navio saiu do porto, começaram uns avisos extremamente barulhentos e incômodos dentro da cabine, toda hora uma voz falava super alto sobre a obrigatoriedade de todos participarem do treinamento de segurança, para caso o navio afundasse.

– É obrigatório, mas eu não quero ir! – Resmunguei pras paredes e a minha amiga deu risada.

Não fomos. Já fiz cruzeiro duas vezes, me vi mais necessitada de um descanso naquele momento, precisava restaurar o meu humor.

*

Mais tarde, renovada, começamos a nos arrumar para o jantar, outra energia, descansadas, super animadas, ali eu comecei a sentir o prazer da viagem. A atendente ligou na nossa cabine para dar uma resolução da nossa queixa e disse que não poderia nos trocar, realmente, mas, como forma de amenizar o inconveniente, nos daria como cortesia um jantar em algum dos restaurantes de especiarias (os restaurantes mais chiques que precisam pagar a parte). Agradeci, já mais conformada, e feliz com o mimo.

Naquela primeira noite eu e a minha amiga jantamos no restaurante à la carte, que tínhamos direito pela categoria Aurea e depois nos entretemos no karaokê. Cantamos “Toxic” da Britney (já virou nosso tema de abertura nos karaokês, pois sempre abrimos com essa, rs), “My Heart Will Go On” da Celine Dion (que não achei uma boa, por remeter ao Titanic, navio afundando e etc, mas, minha amiga insistiu que seria bom) e “Look What You Made Me Do” da Taylor Swift (essa foi escolha minha hehe). Como demorou muito pra chegar a nossa vez, infelizmente o karaokê já estava nas últimas, com poucas pessoas, então não tenho parâmetros para avaliar se curtiram ou não, rs.

Meu cliente conseguiu dar uma nova escapada a noite, até nos assistiu cantando a última música, e então fomos para a cabine. Agora sim eu estava mais inspirada e transamos deliciosamente. Por mim essa teria sido a nossa primeira interação a bordo, muito mais tranquila e gostosa, que aquela primeira, pós-embarque.

Perdendo a Fé nos Homens

Querido diário,

Acho que nunca contei nessas páginas sobre o meu último relacionamento. O tal que morei junto e que parei de atender por conta dele. Sempre fui muito discreta em relação a ele, pela forma como nos conhecemos: era cliente. Mas ao contrário do Habib e Fenomenal, já relatados aqui, que me deixei envolver e eram casados, com este o curso da história foi totalmente ao contrário.

Na primeira vez que saímos, ele também era comprometido, casamento nas últimas, até me mostrou a foto da esposa e me surpreendi que ela fosse tão mais bonita do que ele. Sobre o nosso encontro, sinceramente falando, não gostei muito. Não me atraiu em nada e a parte sexual também não teve nada de surpreendente.

Meses se passaram e ele voltou a me procurar. Desta vez, recém separado, reconstruindo sua vida. Neste encontro lhe fiz uma deliciosa massagem tântrica – lembro dele dizendo que tinha sido muito intenso –, e ao final do encontro lhe indiquei um filme que o ajudaria muito nesse processo de “voltar pra pista”, chamado “Amor a Toda Prova”, pelo nome parece um filme mela cueca, mas, pelo contrário, tem uma trama muito interessante e condizente com esse momento de vida, do homem mais velho que termina um casamento de anos e precisa reencontrar a sua masculinidade.

Mais alguns meses se passaram, até que ele voltou a me procurar. Agora o atendimento foi direto no seu apê de homem solteiro. Eu fiquei bastante surpresa quando ele abriu a porta, estava repaginado! Tinha deixado a barba crescer, fez uma tatoo grande no braço e tinha emagrecido! Uma outra versão muito melhorada. 👏🏻

– Adorei a dica do filme, me ajudou bastante. – Ele reconheceu, agradecido.

Se tornou meu cliente fixo, saindo comigo toda semana, inicialmente encontros de 4h que passaram a ser pernoite. Com o passar do tempo, atender ele não parecia mais trabalho, ele me tratava como uma legítima namorada, cozinhava pra mim – e mandava muito bem, poderia abrir um restaurante que seria sucesso –, assistíamos filme juntinhos no sofá, me levava pra jantar fora, enfim, dates que fugiam do estereótipo sexual de programa.

Na última vez que saímos pagando, lembro dele ter contratado um pernoite de sexta para sábado e no dia seguinte eu não queria ir embora. Tive que decidir naquele momento se ultrapassava essa linha ou não, e acabei decidindo por sim.

– Você sabe que essa é a última vez que você sai comigo pagando, né? – Admiti pra ele.

– Ainda bem, já estava ficando sem dinheiro. – Ele brincou, rs.

Logo mais veio a pandemia, o que intensificou ainda mais o nosso envolvimento. Em um mês saindo, sem que houvesse mais a parte financeira envolvida, oficializamos o namoro.

– Você está namorando com essa *******? Todo fim de semana só fica com ela! – Um amigo dele o questionou, e ele estava me contando.

– E o que você respondeu? – Perguntei.

– Que sim.

– Você me pediu em namoro, por acaso?

– Precisa pedir?

– Mas é claro!

Daí ele se ajoelhou e me pediu em namoro, fazendo toda uma cena. Foi muito fofinho. Confesso que levei algum tempo para desvincular a sua imagem a de um cliente. Muitas vezes tinha receio de compartilhar alguma coisa dos encontros, pensando nele como um cliente também, como se eu estivesse sendo antiética, não o vendo como alguém que eu poderia compartilhar qualquer coisa. Foi uma delícia quando a minha chavinha virou e já não o via mais como alguém que um dia precisou pagar para sair comigo.

No começo ele lidava bem com o meu trabalho, mas conforme foi ganhando mais importância na relação, começamos a ter sérios desentendimentos, por ele não se sentir confortável de eu continuar atendendo, com receio de que da mesma forma que me envolvi por ele, também me apaixonasse por outro. Quando completamos um ano de namoro, decidimos morar juntos, como uma forma de reduzir os meus gastos. Foi nesse período que criei minha conta no OnlyFans, com o intuito de migrar a minha fonte de renda.

E lá fomos nós, entramos de cabeça nessa vida a dois. Coloquei meu apartamento pra alugar, ele também saiu do que ele estava e nos mudamos para um maior. Me senti muito feliz durante esse período, estava completamente apaixonada, já imaginando o dia que nos casaríamos oficialmente e teríamos filhos.

Ele tinha uma vida social bastante ativa, todo final de semana íamos para eventos diferentes com a sua turma, sempre viajávamos com dois casais de amigos, festas, churrascos, esse povo rico sabe viver a vida. O curioso é que nunca consegui me conectar completamente com as namoradas/esposas dos amigos dele. Isso me incomodava muito por dentro, como se eu não me encaixasse naquele meio. Não que elas me tratassem mal, muito pelo contrário, mas nunca rolou uma amizade profunda, organicamente.

Tentei fazer dar certo a minha carreira de atriz, trabalhando em alguns eventos, mas nada que me trouxesse a renda que eu tinha antes, é claro, o que, com o passar do tempo, começou a me gerar incomodo. Uma vez, o chamei pra conversar e falei sobre eu voltar a atender, apenas para estruturar a minha saúde financeira, já que parei de atender abruptamente por conta do nosso relacionamento – ele bancava a casa, nossos passeios e viagens, mas as minhas despesas mensais ficavam por minha conta –, e ele não foi nada flexível, dizendo que se eu voltasse a atender, terminaríamos. Egoísta. Pensando apenas na sua insegurança masculina, mesmo as minhas contas não fechando, todo mês no vermelho, desde que começamos a morar juntos.

Com o passar do tempo, o meu sentimento por ele foi diminuindo, uma vez que eu precisei me diminuir para estar com ele. Eu não tinha mais autonomia financeira, não podia mais fazer as coisas que eu gostaria, como aulas de canto e dança para me desenvolver nas artes, eu nem andava mais de uber e também tive que reduzir o amparo que fornecia a minha mãe. Me vi num grande retrocesso de vida. Tinha saído de casa, aos 25, pra ter a minha independência, pra agora estar presa num pseudo casamento, sem nenhum puto no bolso.

Por outro lado, eu não tinha o que me queixar dele. Era um lord comigo, cozinhava pra mim, me tratava como uma rainha. Pagou até coach profissional para que eu descobrisse outras áreas que eu pudesse me desenvolver profissionalmente. Mas num destes tantos testes que precisei fazer com ela, descobri que estabilidade financeira é um valor muito importante pra mim, e talvez por isso que eu estivesse cada vez mais tão incomodada de continuar naquele relacionamento.

A chavinha não virou do dia para a noite. Aos poucos fui ficando sem paciência, sem vontade de transar e calhou dele passar um mês fora viajando a trabalho. Eu ainda mantinha as minhas redes sociais da Sara e, um dia, enquanto ele viajava, decidi responder uma mensagem no Twitter, em que a pessoa me perguntava se eu atendia casal. Num primeiro momento respondi que não mais e indiquei a Manu Trindade. Mas depois voltei na conversa e especulei para quando gostariam. Eu não confirmei que os atenderia, no entanto, cogitei essa possibilidade.

Para o meu azar – ou não –, o meu Twitter estava logado no celular dele. Ficou furioso e desconfiado de que eu já estivesse atendendo escondido, já que ele estava o mês inteiro fora. Eu não estava, mas também não fiquei me desculpando por nada, não era novidade que eu estava sem dinheiro e chegou um certo ponto em que comecei a pesar na balança o que era mais importante, um relacionamento ou minha independência financeira. Diante das circunstâncias, continuar com ele já não tinha mais o mesmo brilho e vê-lo me acusando de estar atendendo pelas suas costas, me causou mais revolta ainda, pois, odeio ser acusada de algo que não fiz. Por outro lado, suas acusações me fizeram me imaginar naquele cenário – o de estar atendendo novamente – e gostei de me ver nesse lugar, tendo a minha antiga vida de volta.

Nesse momento o jogo inverteu. Vendo que eu terminaria com ele para voltar aos atendimentos, ficou mais flexível, querendo ceder a um pedido meu do passado, quando propus que eu voltasse a atender até me estruturar financeiramente. Mas agora era tarde demais, eu não queria ter que ficar mais dando satisfação para ninguém e voltar a ter a minha total liberdade para fazer o que eu bem entendesse. Lembro como se fosse ontem a nossa conversa que culminou no término, foi a mais difícil que conduzi em toda a minha vida.

Ele chegou de viagem e me buscou no meu trabalho de atriz. Ali eu vi que não sentia mais nada por ele, pois fazia dias que não nos víamos e eu sequer estava com saudade. Ele tentou me beijar no carro, mas me esquivei da sua investida e falei que em casa conversaríamos, eu que não ia lhe provocar emoções enquanto dirigia. Quando chegamos, na maior calma, falei que ia tomar banho e enquanto eu estava no chuveiro, estruturei toda a conversa na minha mente. Eu sabia o que eu queria, mas não sabia como colocar pra fora de forma condizente, mas, conforme aquela água caía sobre a minha pele, veio tudo naturalmente.

Nos sentamos na sala e então comecei.

– Eu não estou mais feliz nesse relacionamento.

Pausa.

– Sinto um carinho e gratidão enorme por você, mas, os sentimentos que mantém uma relação viva, eu já não sinto mais. – Continuei.

Mais pausa.

– Quero voltar a atender e ter a minha independência financeira de volta.

– Não tem nada que eu possa fazer?

– Não.

– E se alinhássemos sobre você voltar a atender, ainda estando juntos?

– Quero ter minha liberdade pra atender tranquilamente.

Em resumo, foi uma conversa bastante difícil, ambos choramos. É difícil romper um ciclo, ainda mais um ciclo bom como tinha sido aquele. Ele foi tão evoluído que, dias depois, ainda me ajudou a empacotar as minhas coisas, mesmo que a minha partida doesse nele. Choramos muito no dia da minha mudança. Eu estava triste por estar indo embora, mas não triste o bastante pra continuar ali.

Ao todo nosso relacionamento durou pouco mais de dois anos e estamos separados há dois anos e quatro meses. Mantivemos contato, afinal, não tinha acontecido nada de grave para que terminássemos, traição ou coisa do tipo, apenas momentos de vida diferentes. Vez ou outra trocamos mensagens, nada que tivesse segundas intenções de nenhum dos lados.

O fato novo é que, recentemente, retomei o contato com uma grande amiga, – uma que estávamos há meses sem nos falar, mas que sempre fomos muito próximas, inclusive na época que eu ainda estava com ele – e descobri que esse homem que eu nutria um certo respeito e admiração por toda a nossa história, estava dando em cima dela! (Talvez pensou que por estarmos afastadas, tudo bem cortejá-la, ignorando o fato de sempre ter sido uma pessoa muito próxima a mim e que poderíamos retomar a amizade a qualquer momento). Não é uma amiga qualquer, mas justo uma que frequentava a nossa casa, que sempre estava presente nos eventos que organizávamos para reunir a galera.

Quando ela me contou, não pensei muito na perplexidade que aquela informação representava e reagi numa boa.

– Amiga, se você quiser tudo bem, dou o maior apoio, não sinto mais nada por ele. – Até me diverti com a possibilidade.

Mas conforme ela avançava no relato e me mostrava as mensagens trocadas, se mostrando perplexa e nem um pouco interessada, que foi caindo a minha ficha do grande papelão que ele havia cometido, ao ponto ainda dele argumentar com ela, que a minha amiga não estava embarcando no flerte dele por medo de mim, ignorando o fato dela não estar interessada e também de haver um respeito e código de ética entre amigas, quando se refere a ex-namorados (que dirá ex maridos). Entendo que não estávamos mais juntos, mas ainda assim achei feio, pra não dizer péssimo.

A imagem que eu tinha dele ruiu completamente. Eu o via como um cara super legal, correto, decente, até mesmo por ainda mantermos contato de forma respeitosa, interagindo vez ou outra sobre algum assunto, mas saber que ele deu em cima da minha melhor amiga (ainda que estivéssemos brigadas) me fez criar um certo desprezo e ranço, ainda que, de verdade, eu não tenha mais o menor interesse nele há muito tempo. Será que estou sendo antiquada?

Você que é homem, acha normal e plausível dar em cima de alguém muito próximo da sua ex? E vocês mulheres? Como receberiam algo desse tipo, mesmo que não sentisse mais nada pelo cara? Não ficariam com a sensação de que sempre houve esse interesse por parte dele, mesmo quando ainda estava com você? Estou sendo careta? Qual a visão de vocês sobre o assunto?

“O Pothead”

– Você faz período maior que 2h? 4h? Pernoite? – Ele perguntou, em algum ponto da conversa.

– 4h sim. Pernoite não faço logo de cara com quem não conheço.

– Entendo. 4h quanto fica?

– O valor de 2h multiplicado por 2.

– Podemos marcar pra hoje ainda? Ou amanhã é melhor pra vc?

– Não consigo chamando em cima da hora, meus clientes agendam com antecedência. Tenho disponibilidade na quarta. – Era uma segunda-feira.

– Entendi. Podemos deixar agendado pra quarta 19h então?

– Podemos sim. Quanto tempo reservo pra gente e onde será o encontro?

– 4h, no motel My Flowers.

– Pedirei que me acerte logo na chegada, assim já tiramos isso da frente e iniciamos o encontro. Tudo bem?

– Sem problemas. Eba animado.

Dois dias depois…

– Olá, bom dia!! Confirmado para hoje à noite? 😊 – Perguntei.

– Bom dia! Confirmado sim.

– Pedirei que chegue um pouquinho antes das 19h, coisa de 10 minutinhos, para já ir pegando a suíte. 😊

– Pode deixar, eu chego sim.

Duas horas antes…

– Oi, jaja vou ir pra lá, td certo pro nosso encontro? – Ele reconfirmou.

– Sim, tudo certo. Já vou começar a me arrumar aqui. Algum pedido especial ref a minha vestimenta?

– Pode usar uma lingerie preta?

– Sim.

– Ou alguma que vc gostar. Eu tô de saída daqui, chegando lá te aviso.

*

Como se tratava de um encontro longo, decidi levar uma garrafa de vinho que tinha aqui em casa, não sabia se ele tinha providenciado algo, geralmente os clientes avisam quando vão levar alguma coisa. Cheguei no encontro com uma garrafa e o meu livro em mãos. Suíte 144, havia uma moto na garagem.

Subi as escadas e já pude ouvir a sua voz máscula, quando ele soltou um “Oi”, comigo ainda subindo. Assim que cheguei no quarto, levantei a garrafa e descontraidamente falei:

– Acabei trazendo uma garrafa de vinho, não sabia se você bebia, mas de moto acho que não vai rolar, né?

– Eu posso beber sim.

– Até a hora de ir embora já passou o efeito, né? Rs.

– Sim rsrs.

Num primeiro momento o achei meio tímido. Ele era jovem, 30 anos, bem magrinho, de óculos, calça jeans, camiseta e tênis preto, cabelo grande, mas preso, me passou uma vibe de roqueiro (ainda mais pela moto lá embaixo). Em algum momento perguntei com o que ele trabalhava e respondeu que era TI, o que fazia total sentido com aquele jeitinho meio nerd, rs.

– É a primeira vez que você sai assim? – Perguntei.

– Não, já saí uma vez, mas faz bastante tempo.

– Quanto tempo?

– Há uns três anos.

– Nossa bastante tempo mesmo! E a experiência foi boa?

– Foi sim, foi ok.

– E você está há quanto tempo sem transar? – Perguntei em outro ponto da conversa.

– 5 meses.

– TUDO ISSO?!!!

Ele me contou um pouco da sua vida sexual/amorosa. Tinha namorado três vezes e em todas elas foi traído. O que achei bastante curioso, fiquei tentando decifrar qual teria sido o motivo de cada uma.

As taças chegaram, servi o vinho e ficamos bebericando em pé, conversando, parecia um date de verdade, até uma playlist de músicas sensuais ele tinha colocado pra tocar. Como era a maior suíte do motel, em algum momento perguntei se ele tinha intenções de usar a hidro, e ao que me confirmou, já fui colocar pra encher. Enquanto a água ia preenchendo o espaço vazio daquele buraco branco, o chamei para sentar comigo no estofado que tinha ali perto, e assim continuamos conversando, enquanto bebericávamos o vinho. Conversa vai, conversa vem, de repente, despretensiosamente, o assunto “maconha” surgiu na conversa.

– Você não gosta? – Perguntei.

– Gosto. Mas cigarro não gosto.

– É, eu também não.

– Cigarro não, mas maconha sim? – Ele quis confirmar.

– Sim, mais natural, né.

– Você fuma?

– Eu fumo. Você fuma?

– Fumo.

Foi a deixa perfeita pra ele dizer que tinha trazido um consigo. Se a noite já estava indo bem, pelo visto, ficaria ainda melhor! 😈

Foi até a sua mochila e voltou com a pequena tocha já bolada, pronta para ser fumada, mas pedi que esperasse entrarmos na banheira, que seria ainda mais gostoso. Assim que terminou de encher, joguei os shampoozinhos na água e liguei a hidro para que começasse a fazer a espuma. Ficamos pelados, mas evitei olhar para o pau dele, não queria spoiler antes da hora. 😁

A água estava deliciosa, consegui deixar na temperatura certa. Ali ficamos praticamente 1h só conversando, bebendo e fumando. Uns assuntos muito aleatórios, me diverti ao saber que ele gostava de filmes de terror trash. 😆

– Eu acho muito da hora! – Ele disse.

– Mas como você consegue achar da hora uma coisa que é tão ruim? Kkkkkkk.

– Exatamente por isso, é engraçado ver a tentativa de alguém fazer algo que não deu certo kkkkk.

Nisso me lembrei de uma situação que aconteceu comigo, envolvendo um filme de terror trash, e naquele momento foi muito condizente compartilhar com ele…

– Uma vez, quando eu ainda morava com a minha mãe, um amigo meu ia lá pra casa, pra fazermos a noite do pijama, daí, paramos num camelô antes, pra escolher um filme que a gente assistiria. Escolhemos um que tinha a capa super assustadora, se chamava: “Obsessão Saguinária”. O cara matava as pessoas com martelada na cabeça! Kkkkkkk. Quando o filme acabou, eu e o meu amigo olhamos um para a cara do outro, ficou aquele minuto de silêncio e então caímos na gargalhada kkkkkkk.

– Tá vendo, é isso! O filme é tão trash que vira uma comédia kkkkkk.

– E você nem sabe, a gente ficou tão indignado em como era ruim, que fomos pesquisar na internet pra ver qual a avaliação dele, com a certeza de que encontraríamos várias críticas. Daí, sabe o que descobrimos? A capa do filme nem era aquela!! 😆 O camelô colocou uma capa diferente pra deixar o filme mais atrativo! Kkkkkkkkkk.

– Esperto o cara! Bom no marketing! Kkkkkkkkk.

Daí ele falou de um filme trash que ele gostava, chamado “Sharknado”, que era um tornado que tinha uns tubarões dentro que matavam as pessoas!

– Mas como o tubarão conseguia ficar vivo dentro do furacão, se não tinha água?! Kkkkkk – Perguntei, tentando trazer alguma lógica pra coisa kkkk.

– Pois estava vivo e ainda matava as pessoas! Kkkkkk.

Caí na gargalhada. Era tão absurdo que beirava o ridículo kkkkkk.

Daí, seguindo essa linha de filmes de terror e assassinatos, ele perguntou se eu não tinha medo de me deparar com algum louco nos encontros. Falei que não, que só atendo em hotéis e motéis, que pro cara fazer algo contra mim, também prejudicaria a si mesmo, pois as recepcionistas sempre ligam no quarto pra perguntar se pode liberar o cara, e que a domicílio só vou se for prédio com portaria, enviando o endereço do cliente para alguém antes.

– Se o cara me matar na moradia dele, terão câmeras na portaria registrando a minha entrada e o endereço dele estará com uma amiga minha. Se eu sumir, ela já vai dar parte na polícia. E se a recepcionista ligar aqui, quando o cara estiver no caixa pra pagar, e eu  não atender, vão mandar alguém vir no quarto, olhar.

– Imagina se a mulher entra e te vê estirada no chão? – E fez uma careta de aflição. – Nossa, como você reagiria se visse alguém estirado na sua frente? – Ele me perguntou.

– Eu sei lá! Você já viu?

Daí ele contou que uma vez que viu uma pessoa sendo atropelada.

– Onde você estava?

– No ponto de ônibus. Foi uma cena muito chocante, a perna da pessoa saiu voando pra um lado e a pessoa pro outro.

– Não acredito! – Fiquei perplexa, imaginando a cena.

– Eu tava de fone, daí tirei devagar enquanto processava o que tinha acabado de acontecer e todo mundo no ponto estava gritando.

– E o motorista? Ele tava em alta velocidade?

– Estava, depois ele também bateu com o carro no poste.

– Mas que horas era?

– Umas 17h, 18h.

– Ué, era cedo, então o cara não devia estar bêbado. Por que será que ele perdeu a direção do volante?! – Eu, jornalista investigativa, querendo entender cada detalhe do caso.

– Isso eu não sei, mas o motorista ainda saiu do carro vivo, todo atordoado, o cara que foi atropelado tava desacordado.

– E o que mais?

– A polícia chegou primeiro, a ambulância levou 18 minutos pra chegar.

– 18??? Que absurdo!! Demoraram muito! Deviam ter chegado em 5 min pro cara ter alguma chance!

– Pois é, tava trânsito, demoraram.

– Mas como o cara conseguiu atropelar em alta velocidade, se estava trânsito? O atropelado sobreviveu??

– Não sei, foram todos na ambulância.

– Como assim não sabe?! Não ficou curioso pra desvendar os fatos?

– Eu não, não dava pra ficar lá, tinha que ir embora.

– Nossa eu ia muito querer saber se o cara sobreviveu e por que o outro atropelou.

Enfim, fiquei com mil indagações e nenhuma resposta. Conversamos tanto, que em determinado momento esgotamos todos os assuntos, provisoriamente, e aí foi a deixa para nos beijarmos. Nos aproximamos e ficamos um tempo naquele vai num vai de encostar os lábios, até que trocamos alguns selinhos, e então começaram a surgir as línguas. Beijo bom, sem pressa, gostei bastante. Aos poucos mão aqui, mão acolá, ele pegou nos meus seios e eu fui com a minha mão para o seu pau. Comecei a masturbá-lo embaixo da água e foi uma delícia ver a sua feição mudando, conforme o tesão ganhava espaço.

Depois nos ajeitamos na água, nos sentamos um de frente para o outro, mais encaixados, coloquei as minhas pernas em volta dele e ele também encaixou as dele, em volta de mim. Conforme o masturbava, a cabecinha do seu pau roçava no meu clitóris e me aproveitei disso para masturbar os dois ao mesmo tempo. 😈 Q U E   D E L Í C I A. Ouvi-lo gemendo, curtindo aquilo junto comigo, foi mesmo muito gostoso. Só parei quando gozei.

– Como você é gostosa. – Disse, depois de me assistir gozar com o pau dele.

Fiquei tão extasiada e desnorteada com aquela descarga de prazer, ainda por cima chapada, que levei uns dois minutinhos para me recompor e levantar para irmos ao quarto. Fomos para a cama e nos beijamos bastante, até que fui descendo para chupá-lo. Pau limpinho, bonito, cabeça rosinha, uma delicinha. Chupei até que me tirasse de lá.

Depois ele me deitou, veio por cima de mim, chupou os meus seios – algo que eu adoro – e foi descendo pra me chupar lá embaixo. Gostei que ele não chegou já metendo a boca, foi reconhecendo o terreno antes, beijou a parte interna das minhas coxas (adoro quando fazem isso) e, aos poucos, delicadamente, foi com a língua para a minha bucetinha. Me chupou muito gostoso, estava adorando o desenrolar daquele encontro.

– Se eu não tivesse gozado quase agora, com certeza gozaria com você me chupando! – Elogiei após algum tempo, para que ele entendesse que não precisava se empenhar tanto para eu gozar, pois ainda estava me recuperando, rs. – Não sei como você foi traído 3x fazendo desse jeito, aposto que não devia mais rolar essa dedicação ao longo do tempo, você só tá caprichando porque é primeiro encontro! 😅 – Brinquei, e ele deu uma risadinha.

Daí pegou o preservativo, encapou o menino – outra coisa que achei bacana, sua autonomia em colocar a camisinha em si mesmo, a maioria dos clientes deixam para que eu faça essa tarefa –, me beijou mais um pouco e então veio por cima.

Novamente fui surpreendida. Que desenvoltura. Que encaixe. Que troca gostosa de energia. Estava tão gostoso, que até comecei a me masturbar de novo, enquanto ele me penetrava. Por um momento achei que eu fosse ter uma segunda gozada, mas meu corpo não contribuiu àquela altura da noite.

Quando ele gozou, um tempinho razoavelmente depois, foi engraçado notar que ele tremia com as pernas, tamanha descarga elétrica. Após gozar, saiu de mim com cuidado e gostei que já foi pro banheiro se livrar da camisinha, ao contrário de alguns que tiram e jogam no chão, como se a camareira fosse obrigada a coletar preservativo usado do outros.

Quando ele voltou, sugeri voltarmos para a hidro e ele aderiu a ideia. Daí tivemos uma segunda rodada de vinho, beck, conversas e risadas. Falamos sobre viagens – ele contou que quando pegou a moto fez um mochilão, explorando várias praias – , também falamos sobre Guarulhos – descobrimos que ambos moramos na mesma cidade e que nossas mães ainda vivem lá – , também falamos sobre séries – ele me indicou “O Amanhã e Eu”, na Netflix, estilo Black Mirror – , e também falamos das suas ex – tendo já transado com ele, não encontrei nenhum motivo plausível para que tivesse sido traído todas as vezes. –

Dessa segunda vez que fomos para a banheira, senti que o tempo passou muito mais rápido, pois quando decidimos voltar para a cama, faltava apenas meia hora para as nossas deliciosas quatro horas encerrarem. A preliminar desta vez foi mais breve, o chupei um pouco, depois já fui pegando o preservativo, encapando e sentando. Conduzi por um tempo, até que voltamos para o papai e mamãe do primeiro round, com ele em cima de mim, fazendo bem gostoso. Dessa vez quando ele gozou, rapidamente olhei para o espelho do teto, para ver o lance dos espasmos das suas pernas com mais detalhes, rs. Achei uma peculiaridade muito interessante, rs. Depois que gozou, infelizmente não tínhamos mais tempo, então fomos nos ajeitando para ir embora.

Pensando bem, teria sido uma ótima proposta, se eu tivesse topado fazer o pernoite logo de cara com ele. 🔥

Ainda rolou um lance engraçado na hora de chamar o Uber, rs.

Após 4 minutos de espera, o motorista disse que já estava no local.

– Mas aqui tá aparecendo que você está em outra rua. – Rebati.

– Mas estou aqui, esperando na fila pra entrar no motel.

Baixou a jornalista investigativa em mim, mais uma vez, e fui ligar na recepção para confirmar se realmente estava com fila.

Demoraram bastante pra atender.

– Deve estar mesmo com fila. – Comentei com o cliente.

Daí após muito chamar, a recepcionista atendeu.

– Moça, está com fila aí? – Perguntei.

– Fila? Não, não está não.

– É que você demorou pra atender… – Meu cliente começou a rir nessa hora kkkkk.

– É que tô atendendo quem entra, quem sai, e falando com você, rs… – A moça respondeu simpática.

– Então o taxista mentiu pra mim… ele disse que estava na fila… – E o cliente continuou rindo kkkkkk.

– Ahhh, ele acabou de chegar! Disse que tinha entrado no motel errado, rs.

E caímos todos na risada kkkk.

O cliente me acompanhou até a entrada da suíte e foi engraçado o Uber se justificando pra ele, provavelmente achando que era o meu namorado, kkkkkk.

– Entrei errado, cara! Um motel do lado do outro kkkkk. Aí falei: “144”, e a moça disse: “Não temos esse quarto aqui, My Flowers é o do lado” kkkkkkkkk.

No final das contas, quando passamos de volta na recepção pra eu retirar meu documento, já estávamos todos amigos dando risada, eu, o motorista e a mulher da recepção kkkkkk.

“O Boy da Academia”

Querido diário,

Há alguns meses, mais precisamente em outubro do ano passado, quando eu ainda treinava com meu antigo personal, aconteceu de rolar uma paquera entre mim e um cara novo que surgiu na academia. Completamente diferente do finado Brigadeiro, este era caucasiano, olhos verdes, uma leve barba, traços árabes, um gatinho. Trocamos olhares por apenas um dia. Na segunda vez que nos vimos na academia, ele estava fazendo um cárdio perto da saída e quando passei por ele, já indo embora, acabei soltando um “Oi”, acompanhado de um sorriso.

Ele não deixou passar a oportunidade e perguntou se podíamos conversar. Eu respondi que estava com pressa – e estava mesmo, não imaginei que o meu “Oi” surtiria um efeito tão rápido –, daí ele perguntou se poderia então pegar meu número de telefone, consenti, e nesse breve movimento de pegar seu celular e salvar meu contato, desenvolvemos uma rápida conversa.

Descobri que ele tinha acabado de se mudar de Jacareí – o que justificava nunca tê-lo visto na academia antes –, conversamos mais alguma aleatoriedade sobre ele estar morando recentemente em São Paulo e então me fui.

Você acredita que após essa breve interação, eu já dei uma leve desencantada do boy só pela forma como ele falava? Não sei descrever exatamente o que me incomodou, mas tive a percepção dele ser meio bobão, o que confirmou mais tarde, quando ele me chamou no WhatsApp, em que descobri sua idade ser 25 aninhos. Um homem de 25 com cara de 35? Que propaganda enganosa!

Descobrimos que tínhamos algumas coisas em comum, ele também era formado em jornalismo, com a diferença de que atuava na área, enquanto eu só exerço tal habilidade diante dessas páginas. Obviamente não revelei que sou acompanhante, mas também não menti quando respondi que eu era jornalista e atriz, apenas ainda não ganho dinheiro com isso, rs. Conversamos bastante nesse primeiro dia, até descobri que morávamos muito perto um da casa do outro – perto mesmo, tipo 7 min ANDANDO! –, mas nos próximos dias fui desanimando ainda mais em manter a conversa.

Ele foi bastante persistente, sempre tentando me chamar pra sair, mas quanto mais ele insistia, mais eu me esquivava. Estava tendo uma semana ótima de trabalho e tinha o achado meio bobão, novo demais pra mim, então não era alguém que eu quisesse tanto assim conhecer.

Quatro dias depois de eu recusar o seu convite para sairmos, ele tentou puxar assunto, perguntando se eu não ia mais treinar. Não gostei daquilo, parecia que estava me monitorando.

– Bom dia. Irei amanhã. – Respondi por educação.

– Hummm bom saber. 😊 Como vai sua semana? Muitos trabalhos?

Ignorei completamente.

Ele não desistiu. Dois dias depois, me enviou um minitexto, novamente tentando me chamar para sair.

– Oi, bom dia! Bom, sei que a gente não tem se visto e nem se falado muito, mas ainda tenho vontade de te conhecer. Esse final de semana estarei com visita, então pensei da gente jantar hoje, se você quiser/puder. Se achar uma boa ideia, me avisa que consigo alguma reserva ou vejo as opções. Seria por volta das 20h. Beijo.

Achei fofinho a persistência dele, ele não merecia ficar no vácuo, então o respondi tentando ser o mais gentil possível, ainda que eu não estivesse interessada.

– Oi Fulano. Desde o dia que conversamos na academia ocorreram algumas mudanças na minha vida e no momento estou precisando dar uma focada no trabalho – o que era verdade, a demanda estava muito boa -, daí, quando tô mais tranquila, tô usando esse tempo para descansar – o que era meio verdade, rs –. Mas agradeço demais o convite. Vamos deixar para outra oportunidade.

– Certo, entendo. Bom, então se você quiser retomar o contato, só me dar um alô.

Respeitou o meu espaço, agiu numa boa e não insistiu mais. Gostei bastante.

Daí, caros leitores, três meses se passaram, até que recebi uma mensagem dele no meu número de trabalho. Não desconfiei que fosse ele e só descobri que era por, recentemente, ter adotado uma nova regra de segurança, em que não passo mais as minhas informações de atendimento se a pessoa não tiver foto no WhatsApp. (Com a repercussão do meu TikTok, tenho recebido muitas mensagens de apenas curiosos, pessoas que sequer tem a real intenção ou condição de sair comigo, e que só está me enviando mensagem pra saciar uma curiosidade financeira inútil. Então resolvi dificultar um pouquinho.)

Daí ele atendeu ao meu pedido e salvou meu contato, fazendo com que a sua foto ficasse visível no perfil do WhatsApp. Achei curioso que ele não se preocupou em esconder quem ele era, e adotei a mesma postura, o reconhecendo também.

– Eu te conheço Fulano, rs. – Admiti.

– Sim, eu sei kkkkk isso foi uma grande surpresa pra mim também.

– Não sabia que você saía com acompanhantes.

– Então, não faço isso regularmente, mas quando vi, tinha que te mandar mensagem.

– É uma situação um pouco estranha, rs.

– É, um pouco kkk.

Não falei mais nada. Dois minutos depois, ele deu uma insistida:

– Mas enfim, teria interesse de me atender hoje?

Eu duvidava que ele teria condições de pagar o meu cachê.

– Vou te enviar as informações.

– Ok.

Eu sabia que ele não era nenhum rico, mas também sabia que seria deselegante, para não dizer um papelão, me responder que não tinha condição, após ter vindo me procurar para isso.

– Okay, entendido. Podemos marcar para hoje? 1h de atendimento. – Daí combinamos o encontro, eu iria até o apê dele.

Para me assegurar de que ele não tentaria me dar um golpe, achando que por nos conhecermos não precisaria me pagar, avisei que o protocolo seria que me acertasse logo na minha chegada, que assim já tirávamos isso da frente. Ele concordou e disse que não tinha problema.

Ao contrário do que muitos pensam, não senti nenhum constrangimento pela situação, pelo contrário, achei que seria divertido e gostoso atender alguém que, de certa forma, eu já conhecia e que rolou uma breve atração física na academia.

Quando cheguei no apartamento dele, senti um certo alívio por já ter deixado alinhado que me pagasse antes de começarmos, pois, o prédio e o apê eram bem simples, me deixando a dúvida se ele podia se dar ao luxo de um mimo daqueles. Já lá dentro, tive que lembrá-lo desse combinado e ficamos alguns segundos nos olhando em silêncio, como se ele esperasse que eu desistisse de cobrá-lo, rs.

Fui me servindo de um copo de água, enquanto ele entrava no aplicativo do banco. Resolvida essa questão, depois ele colocou uma música para tocar e então nos beijamos. Até que beijava bem. Foi gostosinho. Me chupou primeiro, chupava gostoso, gostei da sua dedicação. Demorou até que colocasse o pau pra fora e quando o fez, foi bem satisfatório. Usamos preservativo, obviamente, e a transa foi mais longa do que o necessário. Achei que estivesse demorando para me impressionar – homem tem essa ideia, de achar que a mulher valoriza mais se a transa for longa –, mas depois revelou que estava um pouco nervoso, visto que em alguns momentos ficou meia bomba.

Achei um pouco desconfortável ter uma transa com aquela intensidade num ambiente tão quente, ao ponto de em algum momento eu precisar interromper pra beber água e pedir que ele aumentasse a potência do ventilador, assim como colocá-lo mais na direção da cama, o que significava tirá-lo de cima da geladeira e posicioná-lo na pia. Teria sido muito mais agradável se tivéssemos combinado num hotel, nem que fosse o Lido, com ar-condicionado, em um ambiente mais preparado.

Em um encontro de 1h, gastei dois preservativos e nem foi por ter segunda rodada, esse foi um daqueles momentos em que ele ficou meia bomba e precisei reanimar o menino no oral. Ahh, não posso deixar de contar que gozei sim, é claro, logo no início, quando ele me pegou no papai e mamãe, estava curtindo transar com ele e comecei a me masturbar enquanto me penetrava. Pra mim veio rapidamente. Já ele veio bastante tempo depois, comigo de bruços, pareceu até que estava cronometrando para utilizar cada minuto do tempo que foi pago, visto que encerramos a atividade pontualmente, uma característica muito comum em clientes que não tem tantos recursos, que fecham a menor duração e aproveitam até o osso.

Lhe dei uma colher de chá, por ser um conhecido, e passei um pouco do tempo, apenas conversando, não quis ser indelicada de já ir embora correndo. Lhe presenteei com o meu livro – que ele fez questão da dedicatória, me entregando uma caneta – e tiramos uma onda da situação toda. Ele revelou que estava saindo com uma menina há alguns meses, quase namorando, mas que quando me viu no site – disse que só acessava para olhar a mulherada, mas que nunca saía com nenhuma – por ser eu, decidiu que não poderia perder a chance, já que nutria essa vontade de ficar comigo há algum tempo.

– Mas vou ser fiel, gosto bastante dela, só fui porque era você! – Ele enfatizava.

Quando nos despedimos, numa calçada ali perto – ele me acompanhou até uma parte do caminho -, ainda finalizou brincando, pedindo que eu não o fizesse trair a sua “quase namorada” de novo rs. Quase respondi que para isso acontecer dependeria mais dele e da sua disposição em fazer um novo investimento, rs.

Dois dias depois ele me enviou uma gentil mensagem, no meu número pessoal:

Parece que alguém ficou curioso em saber a minha percepção da sua performance… 😏

Desabafos da Madrugada

Querido diário,

Sei que tenho algumas pendências de postagens, mas, preciso admitir, essa semana está sendo uma merda. E como é difícil a vida adulta, quando você não pode nem sofrer pelas suas dores, por falta de tempo pra isso. O que é muito estúpido, afinal, no fundo, ninguém consegue performar com o seu emocional batendo na porta. Olha, pensando na proposta da série Ruptura, até que não seria má ideia.

Agora entendo quando dizem que de tudo de ruim que acontece com a gente, se ganha um aprendizado. Não que nunca tenham me acontecido coisas ruins antes, mas, conforme vamos amadurecendo, aprendemos a refletir sobre o que nos aconteceu, e não somente passar pelo ocorrido reclamando e não compreendendo o aprendizado daquilo.

Tem coisas que acontecem com a gente que reprimimos para evitar a dor, mas são justamente essas questões que precisamos trazer pra fora. Em sua maioria, as pessoas vivem a base de anestésicos, incentivando umas as outras a deixar tal assunto pra lá, ignorar que passa, sendo que não tem aprendizado nenhum agindo dessa maneira. Somente quando colocamos todas as emoções pra fora e pensamos sobre determinada situação por muito e muito tempo, que os aprendizados vêm surgindo, podendo às vezes serem, até piores do que a própria experiência. Aprendizados que custamos a acreditar que seja verdade, pois, por estarmos tão anestesiados desde sempre, o sabotamos, dizendo que é paranoia da nossa cabeça.

Uma vez eu estava na praia, viajando com alguns colegas (nem vou dizer amigos, pois em dois anos não tenho mais qualquer contato), e nunca vou esquecer de uma frase que ouvi de determinada pessoa, enquanto estávamos em pé, na areia, conversando. Essa pessoa disse: “Sempre que estamos sentindo algo, temos que parar e nos perguntar do porquê estarmos sentindo aquilo.” Achei muito profundo quando ouvi, pois, de fato, vivemos camuflando o que sentimos o tempo inteiro, e quando falo isso, não digo sobre confrontar terceiros com os nossos sentimentos, mas, sim confrontar a nós mesmos. O que é ainda mais difícil, nos darmos essa devida atenção. É tanta coisa acontecendo na nossa vida, que lidar com o que você está sentindo é o menos importante naquele momento. Por isso que muitas pessoas fazem retiro, porque não tem como você se desligar das coisas para cuidar de si mesmo, sem que seja arrancado de tudo isso.

Sempre que você estiver mal, não tente se anestesiar com prazeres momentâneos, mas também não se obrigue a fazer coisas que você precisa fazer, mesmo não estando bem. Não faça nem um, nem outro. Fique um tempo só com você e os seus pensamentos. Por mais que tenham pessoas queridas, que se importem com você, ninguém te aconselhará melhor do que você mesmo. Existe esse “eu” que você vê e controla, mas tem um outro “eu” lá dentro, que quer se conectar e não consegue. Temos tantas barreiras e camadas internas que muitas vezes não conseguimos nos ouvir.

Não jogue um tapete em cima de nenhuma situação, esmiúce todos os desdobramentos do ocorrido. Quando estamos dentro de determinada situação não temos uma visão imparcial das coisas, mas, se olharmos de cima, naquele momento em que estamos refletindo, o tão sofrido aprendizado vem!

Sempre Desejada, Mas nunca Amada

Vi essa frase numa cena do filme que conta a história da Marilyn Monroe e, por um segundo, refleti se eu não me enquadrava...

Querido diário, 

Na primeira noite do ano tive um sonho erótico. Enquanto no réveillon de 2024 eu transei na virada, desta vez fazia dias que eu não transava e a conta chegou na primeira noite de sono de 2025. Acordei excitada e, às 7h da manhã, lá estava eu mandando mensagem para meus dois contatinhos, sondando se algum deles seria a minha primeira transa do ano. 

Acho que acordei sentida por, na noite anterior, ter visto que outros dois contatinhos do passado estão namorando. Um desses, inclusive, está na SEGUNDA namorada, desde que paramos de ficar (duas num curto período de um ano). E por que paramos de ficar? Esse é aquele que mencionei na primeira postagem do quadro “Desaventuras Amorosas em Série“, o tal do Escorpiano, sobre ele ter se afastado após eu lhe fazer uma surpresa vestida de empregada sexy. Toda vez que a gente se encontrava eram de três a quatro transas por noite, eu achava que éramos super compatíveis, então não me acanhei em surpreendê-lo de uma maneira diferente. 

Quando tento entender o porquê dele ter se afastado, já que deu uma desculpa de estar focado no trabalho e no mês seguinte apareceu namorando, a única justificativa que vem é o fato de eu tê-lo assustado. Homens gostam que a mulher seja safada, mas não mais do que eles. Talvez achou que a longo prazo não daria conta do meu fogo e terminou antes que pudesse vir a levar um chifre. Não que eu seja esse tipo de pessoa, mas, é o que o homem faz quando a mulher não dá conta, então, talvez, ele deduziu que eu também o faria, se em algum momento ele não me suprisse. 

Durante um tempo fiquei me culpando, achando que eu que causei o nosso afastamento com a minha taradice, mas, como uma amiga me disse, essa sou eu, é a minha essência, se não fosse isso, em algum momento eu mostraria outra coisa que ele não iria gostar do mesmo jeito, então melhor no começo, do que após mais envolvimento. 

O outro contatinho que descobri estar namorando, e esse foi uma novidade, é aquele que relatei aqui, nessa postagem, inclusive, é o mesmo da minha viagem para NY, em agosto do ano passado. Aliás, acabei não relatando sobre esse evento. Inicialmente viajei com um cliente, daí esse contatinho viu no meu insta que eu estava em NY e me contatou, dizendo que chegaria tal data também. Sugeriu que eu esticasse a minha viagem e acabei abraçando a ideia. Alterei minha passagem de volta e no término do meu combinado com o cliente, migrei para outra hospedagem, a que eu ficaria mais quatro dias com esse meu ex contatinho

Na época fiquei muito empolgada com a aventura, pois, não sendo a trabalho, eu nunca tinha viajado sem estar namorando, com um contatinho foi a primeira vez e a premissa era de muita adrenalina. Pensei até que voltaria apaixonada. Contudo, algumas coisas saíram do planejado. 

Infelizmente, entrei no meu período menstrual logo no primeiro dia em que nos encontramos e, o fato de eu estar ‘naqueles dias’, diminuiu o seu tesão em transar comigo. Nossos dias juntos tiveram um total de apenas uma transa diária, o que achei pouco, visto que estávamos em NY, full time together, a combinação perfeita para muito sexo envolvido. Imaginem quão frustrada fiquei com a quantidade limitada de endorfina.  

Durante a viagem também descobri que ele curtia um perfil de mulher meio louca imprudente (me contou umas histórias que fiquei impressionada), enquanto eu faço mais o estilo louca responsável. Não combinávamos tanto assim. Saímos pra beber numa noite em um rooftop, tínhamos programado uma noitada de curtição, mas, o drink do lugar tinha uma qualidade tão ruim, que no primeiro copo já fiquei enjoada. Abandonei o barco antes dele e não passei no teste. Depois que voltamos para São Paulo tentamos sair umas duas vezes, numa eu chamei e ele não pôde, noutra ele tentou e eu que não pude.

Daí, esse final de ano, acompanhando seus stories, descobri que possivelmente está namorando, não tem postagens deixando claro um romance, mas quem postaria cavalgando com uma menina, em época de final de ano, se não tivesse rolando um negocinho? Pra ele que nunca posta nada, isso já é muita coisa.

Então cá estou eu, primeiro dia do ano, enquanto escrevo, 8:30 da manhã, me achando uma frigideira. Dizem que todo mundo tem a sua tampa da panela, mas, sendo uma frigideira é muito mais difícil. Me enquadro bem nessa categoria, sou útil nos momentos de diversão, quando a pessoa quer um lanche, nem sempre sou viável no dia a dia, mas necessária em alguns momentos. 

Não que eu esteja buscando um relacionamento, gosto da minha liberdade e variedade, mas, quando vejo meus ex contatinhos namorando, fico me questionando: será que estou condenada a ser apenas desejada e nunca amada?