Querido diário,
Hoje estou aqui para divagar sobre um tema que tem aparecido muito no meu TikTok (criei a conta há uma semana) e caixinha de perguntas no Instagram. Algumas pessoas têm me perguntado nos comentários dos meus vídeos, sobre a minha profissão atrapalhar o meu futuro, quando eu decidir constituir uma família.
Percebi que essas perguntas começaram a me incomodar, como quando você vai visitar um parente distante e vem aquela tia chata perguntando: “e os namoradinhos?”, como se isso fosse o mais importante de tudo. Como se eu devesse alguma satisfação por ter esse estilo de vida. Como se eu não fosse uma mulher de valor ao ponto de um dia me casar, tendo toda essa bagagem. Por outro lado, também me incomodou por alguém induzir que por eu ser mulher, é claro que eu quero tudo isso.
Essa questão me abriu uma série de reflexões comigo mesma sobre a instituição do casamento, filhos e como isso foi moldável a vontade da mulher. Afinal, é da natureza feminina querer ser mãe, casar e viver no padrãozinho da sociedade perfeita.
Continuei indo mais fundo nas minhas reflexões e cheguei à conclusão de que, para início de conversa, talvez, eu não acredite na instituição do casamento. E eu não sou uma pessoa fria, muito pelo contrário, sou bastante romântica e acredito no amor. No amor, mas não no casamento.
Não estou dizendo que não existam casamentos genuinamente felizes, que dão certo e duram até o fim da vida. Mas acredito que esses são as exceções e não a regra. E antes que você pense: “Que propriedade essa menina tem para falar do assunto?”, te digo que eu tenho muita, pois, atendo muitos clientes casados e também já vivi esse modelo de relacionamento.
Não julgo os meus clientes, pois, já estive do mesmo lado. Você ama a pessoa, mas se atrai por coisas novas. Aí vem os moralistas e falam que é falha de caráter, a falha é obrigar a pessoa a viver num sistema monogâmico porque assim foi estipulado pela sociedade há milhões de anos.
Com meu último namorado moramos juntos e terminei sem que nada de grave tivesse acontecido. Simplesmente aquilo perdeu o sentido para mim. Desde então fui buscar terapia, pois, na minha cabeça também era inconcebível que eu tivesse me cansado daquele modelo lindo e seguro de relacionamento.
Eu mesma, quando era mais nova, achava que queria tudo isso. Estava dentro de um namoro desgastado de 8 anos, com o meu primeiro, e mesmo não sendo plenamente feliz, queria intensificar ainda mais os laços com ele, pois achava que era assim que tinha que ser. Você namora, casa, tem filhos e é isso. O ciclo da vida. Como se eu tivesse sido programada para ser assim.
Não eu.
Eu gosto de ser livre, independente e o casamento é uma privação de tudo isso. Isso não quer dizer, obviamente, que não quero ter alguém legal para dividir alguns momentos da vida. Mas por que precisa ser 8 ou 80? Quando eu falo sobre ter contatinhos, muitos se divertem achando que estou contando uma piada, não, eu realmente acho que a vida é curta demais para ficarmos presos a uma única pessoa, nos privando de termos várias experiências diferentes, com pessoas diferentes.
Sim, não vou ser hipócrita e dizer que quando estou apaixonada por alguém, eu não me iludo com o pensamento de que quero ficar somente com aquela pessoa até o fim, também. Todo mundo é fiel no estágio da paixão. O grande ponto aqui é que isso não se sustenta. Em algum momento, o fato de a pessoa sempre estar disponível pra você, te tirará a grande emoção do desafio.
Daí os moralistas vão dizer: “É natural você desejar outra pessoa, mas o que não pode é se sucumbir aos desejos”. Que merda de vida é essa que você precisa ficar se reprimindo, transando com a pessoa que você está junto e pensando em outra? Por que as pessoas não podem simplesmente aceitarem que é normal você estar com alguém e se atrair por outra? Que é normal você não querer ficar passando vontade?
Daí você me pergunta: “Então quer dizer que quando você casar será compreensiva se for traída?”, esse é o X da questão, eu não quero casar e passar por isso, porque eu já sei que o modelo de casamento não é compatível.
Então a pergunta certa não é se eu não acho que o meu estilo vida vai me atrapalhar, como se eu tivesse que me moldar ao que é aceito e bem-visto pelo/alguns homens, mas sim, o que será que é preciso para um homem me conquistar a este ponto?
Curioso pensar que na vida privada na hora de fazermos escolhas pessoais, as pessoas sempre querem padronizar o comportamento, de modo que façamos exatamente o que é considerado “correto” pela sociedade, mas esquecem que pessoas são diferentes entre si, tem sonhos diferentes, objetivo diferentes e nem sempre o que bom para uma pessoa é bom para outra. Excelente reflexão.
Espero que com o passar do tempo a mensagem adquira maior alcance e mais pessoas possam se conscientizar disso. 🙏🏻
Sou casado e vivo um dilema parecido. Adoro minha mulher e minha família, mas tenho um desejo que é diferente do dela. Concordo com tua teoria. Porém, sair do casamento é muito difícil. O segredo é não entrar, se não tiver certeza deste modelo. Porque depois tem filhos, pais, sogros. O transtorno é traumas são inevitáveis. Queria te conhecer um dia!!!
Por isso que não julgo meus clientes casados por buscarem esse serviço. É mais honesto, responsável e seguro do que se envolver com uma amante. 🥹
Impressionante como seus textos continuam a mexer com minha cabeça. Essa reflexão, assim como vários pontos que li em seu livro, tem me levado a pensar e conversar sobre o meu próprio relacionamento, além do modo como tenho levado a minha vida. Não digo que me mudou de maneira drástica, mas com certeza tem me feito ser mais eu. Parabéns pelos textos e insights levantados.
É muito gratificante pra mim ler esse tipo de comentário. Fico muito feliz mesmo que minhas reflexões estejam despertando reflexões nos outros também!! 🥹✨🍃
Sabe, o que mais me preocupa é essa ideia de que valores sólidos como casamento e compromisso são tratados como opções descartáveis. Estamos vivendo numa sociedade onde o desejo individual está sendo colocado acima de tudo, até mesmo da responsabilidade que assumimos com os outros. O casamento, afinal, não é apenas uma convenção social, mas uma escolha que envolve sacrifício, respeito mútuo e, principalmente, caráter.
A liberdade de experimentar, como você defende, muitas vezes é confundida com uma recusa de aceitar as responsabilidades naturais de um relacionamento. Claro, é natural sentir atração por outras pessoas ao longo da vida, mas daí a achar que isso justifica ceder aos impulsos ou mesmo desvalorizar o casamento, é um equívoco. Ao longo da história, homens e mulheres enfrentaram tentações, mas foi o autocontrole e o respeito pelos compromissos que moldaram a verdadeira liberdade, a de manter-se fiel aos próprios valores.
Dizer que o casamento é uma prisão é, na verdade, uma visão superficial. O casamento oferece um sentido de compromisso que transcende o desejo do momento, e é justamente esse tipo de compromisso que nos faz crescer como pessoas. A liberdade não está em seguir cada desejo momentâneo, mas em ter a maturidade de construir algo maior, algo que pode resistir ao tempo e às tentações.
Essa ideia de que “a vida é curta demais para ficar preso a uma única pessoa” é, na minha visão, uma desculpa para evitar o sacrifício que todo relacionamento exige. Sim, o casamento pode não ser para todos, mas descartá-lo como algo antiquado é ignorar os valores que sustentam a sociedade e os próprios relacionamentos humanos. A questão não é se o casamento é uma prisão, mas se as pessoas hoje em dia estão dispostas a lidar com a realidade de que a verdadeira felicidade exige esforço, compromisso e, sim, às vezes renúncia.
Obrigada por compartilhar o seu ponto de vista. Só tenho uma ressalva em cima do que você falou.
Você trouxe que ao longo da história homens e mulheres enfrentaram tentações, mas que foi o autocontrole e o respeito pelo compromisso que moldaram a verdadeira liberdade, a de manter-se fiel aos próprios valores. Mas o que mais vemos na história da humanidade é exatamente o contrário, reis com várias mulheres, bacanais, os prostíbulos que já existiam. O que sempre existiu foi uma grande hipocrisia.
Enfim, esse é um debate infinito, pois de um lado sempre terão pessoas mais conservadoras que defenderão a ideia do casamento como um bem maior. Mas gostei bastante de alguém trazer um diferente ponto de vista. Obrigada pela contribuição com a postagem. 🙂
O duro é que você está enxergando apenas a nossa sociedade e o padrão de casamento H-M, M-M ou H-H, mas se esquece que tem sociedades que se sustentam com casamentos de um H com várias Ms, algumas nem tem o casamento formal em si, e até outras que os filhos são cuidados por toda a “vila/aldeia”. Agora, só porque olá maioria espera que o casamento seja apenas entre duas pessoas, não quer dizer que seja a única forma de estruturar uma sociedade. Ou mesmo o comportamento das pessoas. Desde que haja respeito, não vejo problema em cada um seguir seus desejos e vontades. No final das contas, temos que colocar seu próprio bem estar/felicidade/realizações como prioridade para que assim você possa impactar as outras pessoas de maneira positiva
Me parece que no fundo essa visão toda sobre casamento e compromisso talvez venha de uma certa sensação de n ter alcançado oq mtos veem como estabilidade.
E aí, ao invés de encarar essa questão de frente, a saída acaba sendo atacar o próprio conceito de casamento, como se fosse uma prisão. Pode ser que o incômodo maior seja n ter experimentado isso de forma completa ou satisfatória, então a solução é virar as costas e criticar.
As vezes, com o passar dos anos, a gente começa a olhar para os lados e ver que as pessoas estão seguindo caminhos que talvez a gente n tenha conseguido trilhar: um relacionamento sólido, família, essas coisas. E ao invés de admitir que talvez exista um desejo por isso, a reação é rejeitar.
Será que esse lance não é, na real, uma forma de disfarçar um certo desconforto?
No final das contas, ngm é obrigado a casar ou a seguir um roteiro tradicional. Mas talvez valha a pena refletir se essa rejeição vem de uma escolha genuína ou se é só uma defesa por algo que n se conseguiu ou que ainda causa algum incômodo. É ++fácil criticar do q admitir que às vezes a gente se sente meio fora do jogo né?
Muito interessante a sua análise. Será mesmo que eu sou uma inconformada em negação? Rs.
Posso te dizer que refleti muito desde que me separei (isso já faz dois anos) e não me sinto fora do jogo, pelo contrário, me sinto dona do meu próprio destino.
Também é válido simplesmente aceitarmos que nem todo mundo foi feito para viver nesse modelo de relacionamento. E isso não quer dizer que a pessoa tenha algo mal resolvido dentro dela, ela simplesmente não sente o mesmo que os adeptos do casamento acreditam.
As pessoas podem ter ideais de vida diferentes. E tá tudo bem.
Concordo e também tenho a mesma opinião que a sua,depois de vários namoros longos sempre vinha a pressão da família e amigos pra noivar e casar,me sentia sufocado e depois terminava tudo.Hoje em dia me chamam de ” O solteirão que não deu certo com ninguém”,mas me sinto feliz assim,vivendo de lances casuais e aproveitando minha liberdade.