Desaventuras Amorosas Em Série – Pt 5

Querido diário,

Tive uma nova aventura sexual, pós Brigadeiro, e, posso dizer? Foi uma catástrofe!

O cara da vez é um galego do Sul. Nos conhecemos no Bumble há alguns meses e o que trarei a seguir serão relatos de três encontros, sendo o mais recente essa semana, que culminou num grande mal-estar, do meu lado.

“O Galego”

Quando demos match, ele já não estava mais em São Paulo, então conversamos um pouco e migramos rapidamente para o Instagram, para que quando ele voltasse a SP, tivéssemos um meio de contato mais rápido.

Quando postei sobre a apresentação que faria no teatro, ele se empolgou em ir me assistir e fez questão de comprar dois ingressos, um para a estreia e outro para a última apresentação, convenientemente seriam nos dias que ele estaria por aqui. Achei super fofo, visto que nem nos conhecíamos pessoalmente ainda. Na época, o Brigadeiro também tinha se interessado em ir me assistir, mas este só comprou para um dia (que nem foi a estreia) e ainda chegou atrasado, olha que diferença!

Combinei de sair para jantar com o Galego, pós apresentações. Enfim, chegou o dia, e lá fomos nós no Camélia Ododó, por sugestão minha, um restaurante vegano delicioso, da filha do Gilberto Gil, situado na Vila Madalena.

Primeiro Encontro

O achei bonito de rosto, loiro, olhos claros, mas também não pude deixar de reparar que tinha uma leve pancinha. Usava uma calça jeans, uma camisa branca de abotoar, mais soltinha, e coturno, o achei bem-vestido. O papo não fluiu tão incrível assim, percebi sutis incompatibilidades, o achei mais cult do que eu gostaria, alguns assuntos de livros e autores fiquei boiando, até chegar o momento em que só ele estava falando. Quando percebeu que fazia um grande monólogo, brincou com a própria chatice, rs. Mas ele não era esnobe, pelo contrário, um estilo bem good vibes.

Eu não tinha me encantado por ele, mas estava a fim de transar, afinal, ele era bonito, tinha ido me assistir duas vezes e eu já estava um pouco alcoolizada do vinho. Ele propôs de irmos para um barzinho depois do restaurante, mas sugeri irmos logo para onde ele estava hospedado, pois, se emendássemos em outro rolê ia acabar ficando tarde, correndo um grande de risco de eu começar a ficar com sono. Ele concordou.

Estava hospedado em um airbnb, ajeitadinho, num prédio antigo pelo Centro. Foi muito gostoso ficar com ele. Apesar da barriguinha saliente, tinha um beijo bom, seu pau era médio e grosso, tinha camisinhas Skyn (adoro quando o homem entende das coisas) e, impressionantemente, ele era muito dedicado na cama. Raramente consigo gozar no sexo oral em encontros casuais, mas ele alcançou esse feito, não saiu da minha pepeka até me fazer chegar lá. Vale ressaltar que gozei pensando no negão, na época ainda estávamos na fase dos flertes, combinando o primeiro encontro, então gozei imaginando algo que sequer ainda tinha acontecido.  

A única coisa que não curti no Galego, foi o fato dele não gozar. Ele transa muito e não goza nunca. Transas em que o cara não goza são um pouco ruins, primeiro pelo fato de parte do meu prazer envolver o outro gozar também, segundo que se o cara não goza, se torna uma transa infinita e aí a responsabilidade de interromper recaí sobre mim, que vou ficando assada e cansada. Relevei tudo isso e atribui a um possível nervosismo, por ser a nossa primeira vez.

Insistiu para que dormíssemos juntos, mas recusei prontamente, com a desculpa de ter que colocar comida para os meus gatos. Não me agrada dormir fora de casa e não achei que valia o sacrifício.

Segundo Encontro

Não me orgulho do que vou dizer, mas não posso mentir nessas páginas. A segunda vez que encontrei o Galego, não o chamei por estar com real vontade de transar com ele, mas, sim para descarregar um tesão reprimido pelo Brigadeiro, (já tinha rolado nosso batalhado primeiro encontro).

Certa noite, estava eu trocando umas mensagens de putaria com o negão, que me deixou super excitada e simplesmente foi dormir. Fiquei num ponto em que não me satisfaria apenas com uma masturbação e, sabendo que o Galego ainda estava na área, o chamei imediatamente para a minha casa. Eu sei, também me senti muito cafajeste.

Ele chegou, transamos deliciosamente, curti bastante o sexo, mas, outra vez, nada dele gozar. Depois que gozo fico sensível e quero que a transa finalize, no entanto, aguentei mais um pouco, na esperança de que ele também viesse a qualquer momento. Isso não aconteceu e quando notei que o meu esforço estava sendo em vão, interrompi para ir ao banheiro. Quando voltei já engatei uma conversa, dando a entender que não gostaria de voltar para o abate.

Depois de um bom tempo papeando, senti vontade de tomar um belo banho e lavar qualquer fluido de suor que tivesse secado no meu corpo. Perguntei se ele gostaria de tomar banho também e respondeu que não, dizendo que provavelmente suaria mais e ali cortei qualquer esperança de um segundo round, acrescentando que não sabia se aguentaria transar de novo. – Na verdade, até aguentaria, mas não estava a fim mesmo. – Ele foi todo fofo e me abraçou, dizendo que não tinha problema, mas, ainda assim, preferiu deixar para tomar banho quando chegasse em casa.

Depois que me enfiei no pijama, percebi que rolou uma expectativa de que eu o convidasse para dormir comigo, mas obviamente não era algo que eu gostaria, então não contestei quando ele anunciou que iria embora, mesmo ele enrolando para de fato ir.

Terceiro Encontro

Chegamos agora no grande X da questão, nosso último encontro, cujo não paro de pensar e refletir muito a respeito.

Observando a minha pequena trajetória com o Galego, perceba que saí com ele em todas as instâncias do meu lance com o Brigadeiro: Antes, Durante e Depois. Conforme a tabela abaixo:

Primeiro encontro com o GalegoAinda não tinha ficado com o Brigadeiro (ANTES)
Segundo encontro com o GalegoJá estava saindo com o Brigadeiro (DURANTE)
Terceiro encontro com o GalegoTinha rompido com o Brigadeiro (DEPOIS)

Três meses após nosso segundo encontro, o Galego retorna a São Paulo e combinamos de nos encontrar mais uma vez.

– Se tu quiser posso preparar uma jantinha aí. Ou tbm podemos pedir algo se tu achar melhor. Mas quero chegar beijando teu pescoço na entrada… – Propôs ele, já que combinamos o date na minha casa.

– Qual seria o cardápio? 👀 – Falou em comida é comigo mesma!

– Então, posso fazer algo simples e rápido, tipo uma massa com cogumelos salteados, ou um pouquinho mais elaborado, tipo um risoto. Um nhoque com mussarela de búfala com manjericão tbm é bom. Envolve um pouco de forno só. A sobremesa fica por tua conta. 😏 Ahahaha.

– Humm que delícia, gostei da ideia. Gosto da opção da massa ou risoto.

No dia seguinte, me surpreendi com uma nova mensagem dele:

– Tu gosta de azeitona? (Tou no super pegando coisas pra janta amnanhammm)

– Gosto!! ❤️

– Comprei o básico pra janta de amanhã já. Tu tem azeite de oliva aí?

– Tem sim!! Qual será? Massa ou risoto?

– Surpresinhaaaaaa.

– Olha que danadinho.

Até que eu estava empolgada para esse encontro, achei que agora que o Brigadeiro tinha saído da jogada, eu estaria com a cabeça livre para me divertir com quem eu quisesse, mas, me iludi achando que o Galego seria o tal substituto, uma vez que já o conhecia e tinha rolado uma boa química.

Assim que o vi, ao abrir a porta, não senti nada pulsando dentro de mim e não sentir a devida empolgação com a chegada de alguém é um péssimo sinal. Após ele mostrar as coisas que tinha trazido e colocarmos o vinho para gelar, nos encaminhamos para a cama, com ele todo carinhoso, beijando meu pescoço.

As preliminares começaram com ele super se dedicando em beijar o meu corpo e me chupar, estava gostosinho, mas, eu, apressada, ansiava logo pela penetração. Já percebi isso em mim, em encontros casuais, me empolgo mais em sentir o pau dentro, do que a língua fora.

Ele atendeu ao meu pedido e me colocou de bruços, entrando bem aos poucos, se demorando bastante só na cabecinha. Transamos um bom tempo assim, até que lhe fiz algumas solicitações, como:

– Entra tudo, devagar.

Mas ele não executava, será que desta vez ele iria gozar e estava difícil executar o meu pedido para não oscilar seu autocontrole?

Pedi mais uma vez, para ter certeza de que ele tinha me ouvido e aí respondeu pedindo que, então, eu ficasse de frente. Estava delicioso, transamos mais um tempão assim, até que comecei a me masturbar. Em algum momento, após muitas estocadas, senti que a minha vontade de gozar não demoraria e já fui preparando o terreno, tentando conduzir para que, neste encontro, ele gozasse também.

Acho que ele deve ter algum problema nesse âmbito, pois, foi eu tocar no assunto, que percebi ele meio sem graça, até titubeou nas bombadas e o menino deu uma amolecida. Achei aquilo tudo muito estranho. Pedi que se deitasse, determinada a fazê-lo gozar na minha frenética sentada.

Me surpreendi em como estava gostoso sentar nele, por um instante, até pensei que talvez tivesse uma possibilidade de eu gozar sem me masturbar, só com a penetração – algo que ainda não vivenciei com ninguém –, mas parecia uma conquista um tanto distante e incerta, quis partir para o mais garantido, peguei meu vibrador clitoriano e assumi um movimento de agachamento, subindo e descendo no pau dele.

Eu estava quase gozando, mas, toda hora ele me desconcentrava, mudando o ritmo. Isso aconteceu algumas vezes e começou a me irritar, eu tava prestes a pedir que ele ficasse parado e me deixasse executar os movimentos sozinha. Por pouco não falei, acabei optando por me concentrar mais, pois, se eu tivesse que externar alguma coisa, provavelmente seria ainda mais difícil retomar daquele ponto em que eu estava muito perto. Daí, sabe o que fiz para chegar lá? Fechei os meus olhos e pensei numa transa imaginária, adivinha com quem? Não, não foi com o Brigadeiro. Me imaginei transando com o meu personal. Eu sei, muito safada.

Depois que gozei, sabendo que ele não chegaria lá tão cedo, sem a menor cerimônia, já saí de cima dele e me deitei de bruços ao seu lado, totalmente extasiada. A partir daqui, me senti muito como aqueles caras que depois que gozam não querem mais saber do outro que está ali, me observei e não me vi dengosa, deitando no peito dele após o sexo, como eu fazia com o Brigadeiro. Daí começaram a vir as comparações.

As Malditas Comparações

De repente, saltei da cama, fui ao banheiro e quando voltei já comecei a me vestir, agitando para irmos preparar o jantar. Servi uma taça de vinho pra gente e me sentei perto. Vê-lo ali, cortando os cogumelos para mim, seria o cenário perfeito para me deixar ainda mais encantada, afinal, não tem nada mais fofo do que um homem cozinhando pra você. No entanto, eu só conseguia reparar em como seu estilo de roupa não me agradava tanto – ele usava uma camisa branca com estampa de folhas – e fiquei imaginando que poderia ser o Brigadeiro ali, realizando uma de suas promessas não cumpridas, de cozinhar para mim.

Tive que fumar um beck para me ajudar no carisma, ele também curte e fumou comigo. Fiquei mais conversadeira, ainda que os assuntos que ele trouxesse não me animassem tanto, novamente veio mais comparações, pois, com o Brigadeiro o papo sempre fluía fácil, interessante e empolgante.

– Me fala dos seus relacionamentos anteriores. – Pedi, conduzindo para um assunto que me interessasse, não por estar querendo avaliar o passado de um possível pretendente, apenas porque assuntos amorosos alheios, realmente me entretêm.

A conversa rendeu até a massa ficar pronta e ele servir no nosso prato. A apresentação estava apetitosa, até tirei uma foto e postei um story. Levei o garfo a boca na maior expectativa, jurava que estaria delicioso, pois, não imaginei que ele arriscaria preparar algo que não tivesse o domínio e a certeza de que ficaria bom.

Não estava bom.

O macarrão estava seco e os cogumelos e tomates não deram aquele tempero. Jogou um pouco mais de sal para tentar salvar, mas não resolveu. Ele mesmo reconheceu que não tinha ficado do jeito que esperava, que devia ter picado mais cogumelos e tomates e deixado ficar mais molhadinho. Procurei ser gentil e falei que estava ótimo, que só dele ter se prontificado a cozinhar algo para gente tinha sido um grande gesto. Até repeti o prato.

Depois fomos para o sofá e sugeri assistirmos alguma coisa. Procurando por algo legal na Netflix, ele indicou a série “The Office”, coloquei e assistimos uns dois episódios. Nesse momento vieram mais comparações, pois, quando eu ia assistir alguma coisa com o Brigadeiro, deitávamos de conchinha ou ficávamos abraçados no sofá, e com o Galego, eu não tinha a menor vontade de ficar no mood amorzinho.

Depois foi me dando um sono, levantei para escovar os dentes e ele veio na onda. Após colocar meu pijama, me visualizei deitando com ele na cama e torci para que não tentasse nada, pois estava com zero vontade de transar com ele de novo, torci mais ainda para que também não quisesse/tentasse dormir abraçadinho. A grande verdade é que eu gostaria que ele fosse embora, mas não tive coragem de ser indelicada a esse ponto.

Me deitei de um jeito que minava suas chances de uma conchinha: de bruços, e ainda pedi que ele fosse um pouco mais para o outro lado, toda vez que tentava colar em mim.

Eu sei, uma situação de merda, tanto para ele, que esperava uma mulher mais amorosa, quanto para mim, que o queria fora da minha cama e ainda ficava comparando em como eu me sentia diferente, mais completa, quando dormia com o Brigadeiro.

Com o negão, dormíamos grudados A NOITE INTEIRA. Começávamos comigo deitada no seu peito e ele de barriga para cima, depois, no meio da noite, quando eu queria mudar de posição, íamos para conchinha. Quando eu queria sair da conchinha, ele voltava a ficar de barriga para cima e eu me deitava novamente no seu peito. A noite inteira fazíamos essa dança. Sem esquecer de mencionar que sempre rolava uma transa despretensiosa antes de dormir. Com o Galego eu não queria nem triscar a pele.

Por volta das 2h da madrugada, acordei me sentindo um pouco sufocada, por estar dividindo a cama com ele. Sentei, bebi uma água, vi que ele deu uma despertada e justifiquei que ia abrir a persiana, pois estava achando o ar abafado. Ainda fui até a varanda e abri uma folha do envidraçamento.

Voltei a me deitar e lá veio ele querer se aproximar, me afastei sutilmente, até que me vi com pouco espaço e pedi que ele fosse mais para o outro lado. Num desses momentos ele até justificou que não queria que eu pensasse que ele era espaçoso, mas que apenas estava querendo ficar pertinho de mim. Como se eu não tivesse sacado as suas intenções.

Duas horas depois, quatro e pouco da manhã, acordei de novo, me sentindo ainda mais sufocada por ele ainda estar ali. Outra vez me sentei para tomar mais água e novamente ele veio tentar se aproximar, quando voltei a me deitar.

– Você está muito longe. – Se queixou, dengoso.

– Me dá agonia dormir junto, me sinto sufocada. – Falei logo.

Essa noite foi um martírio, tentei todas as posições possíveis, até de barriga para cima e não estava rolando de eu pegar no sono novamente, senti real um sufocamento, tamanho meu desconforto. Em algum momento desisti e fui deitar no sofá, com os meus gatos. – Nem eles tinham vindo para a cama, como sempre fazem, para dormir comigo. – Me senti imensamente melhor.

Ainda sem conseguir voltar a dormir, bombardeei minha amiga de mensagens:

– Menina. Não gostei do encontro com o menino do sul. Não temos nada a ver, energias muito diferentes. Quando eu te mandei a foto mais cedo, parecia que o encontro estava incrível, mas eu tava achando um pouco chato a presença dele, é muito bixo grilo. Transamos só uma vez e nem fiquei com vontade de transar mais, pra vc ter noção. Na hora de dormir, eu nem dei boa noite, evitei ficar de amorzinho. Uma hora ele disse: “vc tá longe”, pq ele tentava colocar a mão em mim e eu dura igual uma estátua, sem corresponder e me afastando sempre que podia. Que triste ter essa experiência tão contrastante, tá me fazendo comparar com o Brigadeiro a todo momento, com ele a gente dormia abraçado o tempo inteiro, muito diferente amiga, até o papo com ele ontem à noite eu achava entediante em vários momentos, e com o Brigadeiro era tão diferente, o papo encaixava o tempo inteiro. Fiquei tão agoniada deitada com esse menino que levantei e vim pro sofá, os gatos nem foram na cama tbm, estavam aqui no sofá, me deitei com eles e tô me sentindo muito melhor, mas ainda sem sono. Falando no Brigadeiro, fiquei curiosa de rever a nossa última conversa, daí vi que ele tinha postado um status. Fui olhar:

Será que todo ***** já nasce destinado a ser um cuzão?

Postou essa imagem, com essa legenda, por o autor ter o mesmo nome que o dele.

Sei que não devia, mas não resisti, acabei interagindo com a postagem:

– Está lidando bem com a solidão?

*

– O boy acordou e veio ver pq eu não tava na cama. – Retomei as mensagens com a minha amiga, diante do novo acontecimento. – Falei uma meia verdade, que fazia tempo que eu não dormia com alguém (com exceção do Brigadeiro, faz tempo mesmo) e que não estou habituada a dividir a cama, que tô acostumada a dormir com meus gatos e eles estavam no sofá. Ele até tentou fazer um movimento de ir embora, chegou a pegar a roupa dele, mas ficou parado no escuro, provavelmente esperando que eu o interceptasse. Daí falei pra ele que não tinha problema dele dormir na cama, que era melhor ir depois que amanhecesse o dia. Precisei repetir umas duas vezes, até que ele cedeu, devia tá com preguiça de ir embora esse horário tbm rs.

Como era de madrugada, minha amiga não me respondeu em tempo real e em algum momento consegui adormecer, finalmente.

Acordei por volta das 6 da manhã, com ele sentado ao meu lado, já vestido, passando a mão no meu braço, avisando que estava indo embora, pelo menos foi o que entendi, mas, daí ele se deitou ao meu lado, de costas para mim. Um dos meus braços estava esticado e sua cabeça ficou na altura da minha mão, acabei lhe fazendo um cafuné, apenas para que a sua partida não fosse tão rude.

Ele falou algumas coisas que não compreendi, devido ao meu sono, estava meio dormindo, meio acordada, mas quis que ele parasse com aquela falação, pois estava me despertando e queria dormir mais, daí parei de mexer a minha mão na sua cabeça, para que achasse que de fato peguei no sono e se calasse.

Os minutos foram passando e ele não se levantava para ir embora, aquilo começou a me irritar profundamente, se eu já não quis dormir com ele na cama, ele achava mesmo que seria diferente no sofá?!

Comecei a achá-lo inconveniente pela insistência e carência. Me sentei, ele demorou uns segundos para notar que eu tinha me levantado e se levantar também. Daí, para o meu movimento fazer algum sentido, anunciei que ia ao banheiro.

Quando voltei, ele continuava sentado no sofá, zero movimento de ir embora. Cara, se eu percebo que a outra pessoa não está feliz com a minha presença – coisa que ele já percebeu pelo simples fato de eu ter abandonado a cama – eu tomaria o meu rumo imediatamente e não ficaria ensebando.

– Você quer que eu separe as coisas pra você levar? – Achei que fosse esse o motivo pra ele ainda estar ali.

– Ahh, pode ser.

Fui para a cozinha e comecei a organizar o que sobrou das coisas que ele tinha trazido. Tinha uma sobra do macarrão feito, pouca quantidade, e perguntei, por educação, se ele gostaria que eu colocasse numa vasilha para levar. Considerando que aquele macarrão tinha ficado ruim e que naquele momento deveria estar pior, esperava que ele tivesse o bom senso e dissesse que não, que poderia jogar fora.

– Ahh, pode ser.

Não queria ter que me desfazer de alguma vasilha minha, pois, nitidamente, não iria reencontrá-lo para pegar de volta, mas, não tive escolha. Depois que ajeitei tudo na sacola e até dei uma geral na pia, voltei para a sala e ele continuava lá, sem a menor iniciativa de partir. O que estava faltando????

Voltei para o sofá, fiquei meio deitada, meio sentada, me cobri, de olho meio fechado, para que se tocasse que eu só estava esperando ele ir embora para voltar a dormir. Lentamente, calçou o tênis e então veio querer me abraçar, para se despedir. O interceptei no meio do movimento e orientei que primeiro chamasse o uber, para não ficar esperando à toa lá embaixo. Ele teve um delay diante das minhas coordenadas e fiquei com a sensação de que, talvez, pretendia tentar reverter a situação com aquele abraço que nem deixei acontecer.

Daí ele deu uma respirada funda e se jogou no sofá, se sentando, para abrir o aplicativo e chamar o carro. Novamente fechei meus olhos, como se estivesse morrendo de sono e fiquei com a sensação de que ele demorou uma vida para de fato chamar um motorista.

Dei uma cochilada e acordei com ele tocando no meu braço, querendo confirmar o endereço. CARALHO! Ele sabia qual era a porra do meu endereço, pois ele foi de uber para a minha casa! Sério mesmo que preferiu me acordar para perguntar, do que checar na porra da conversa no whatsapp?!!

– Isso. Eu te mandei no whatsapp. – Eu estava ficando sem paciência com aquela enrolação para ir embora.

– Dois minutos. – Ele finalmente anunciou e me levantei para acompanhá-lo até a porta.

Dei apenas um abraço, nada de beijo, agradeci pelo jantar e me desculpei pelo ocorrido, reforçando que eu realmente não estava habituada a dormir com alguém na minha cama. Quando ele saiu e fechei a porta, enfim pude experimentar uma deliciosa sensação de privacidade. Voltei para a cama e capotei.

*

– Essas mensagens realmente me pegaram de surpresa! 😮 Eu imaginando que o encontro estava sendo um sucesso… – A resposta da minha amiga veio depois. – Você ficou com ranço real! Não tinha como você dispensar ele, antes de dormir? Com desculpa de dor de cabeça ou algo assim? Receber em casa é mais delicado mesmo, pq se tá na casa do outro, pra escapar é milhões de vezes mais fácil. Quando eu ficava com os caras dificilmente eu trazia aqui em casa e poucas vezes que trouxe, também me arrependi! Não sei se vai lembrar de um cara tatuado careca que acabou ficando com a minha chave do portão da garagem e sendo escroto, quase pelo mesmo motivo, que queria que ele fosse embora daqui e não dormisse. 😄 Tudo bem você não se sentir à vontade com ele aí, mas não fica comparando com o Brigadeiro, é normal, após uma experiência frustrante vir essa comparação, mas não vamos romantizar. Agora você precisa pegar essa experiência e aprender algo com ela, miga, pra não repetir. Será que vc repeliu o cara pq ele não era interessante o suficiente como companhia pra você? Pq vc não curte cara estilo santa cecilier, ou talvez o buraco seja mais embaixo, e essa aversão se tenha dado pelo fato dele estar disponível e não ter rolado rejeição? – Tá aí um bom ponto para refletir! – Você precisa analisar o que aconteceu com muita cautela pra entender.

Respondi assim que acordei:

– Mas acho que ter escrito sobre ele no blog, (pq tive que reviver as lembranças das partes boas), me deixou mais sensível. Talvez fosse bom eu escrever a parte 4 pra não ficar só lembrando das coisas boas e reforçar as ruins tbm, sei lá. Eu tava lidando bem com o fato de termos parado de sair, deixei de segui-lo muito convicta do meu ranço, o lance foi ter que reviver as partes boas e aí parece que as ruins ficaram apagadas. Xô xô!! Até interagi no status dele e ele respondeu.

– Tô chamando Uber, vou aí te dar uns tapas! Nada a ver você mandar mensagem pra ele! Normal nosso cérebro focar só nas coisas boas, se vc quiser eu faço uma LISTA de razões pelas quais ele não vale a pena e que vc romantizou muito!

E ela fez essa lista mesmo, num áudio informativo de quase 4 minutos, reforçando tudo que eu já sabia, mas que estava desbotado. Mas, deixemos esses detalhes para a Parte 4 do Brigadeiro…

– E qual foi a resposta dele, afinal? – Perguntou, curiosa.

– Ele disse: “Lido melhor com ela, do que magoar as pessoas.”

Ainda bem que tenho terapia nos próximos dias, muitas coisas a serem refletidas.

Uma Vez Que Provar o Brigadeiro, Não Quer Mais Saber do Beijinho – Parte 3

Querido diário,

Confesso que foi um processo trabalhoso continuar essa história, pois, tudo que estou trazendo são fatos de dois, três meses atrás e, no decorrer destas postagens, eu e o Brigadeiro paramos de sair. E como é desafiador ter que retornar aos momentos bons, quando eles já não existem mais.

*

– Pensei numa coisa bem legal para o nosso encontro! – Comecei, toda empolgada. – Lembra lá atrás, quando tentei te chamar para sair pela primeira vez, que você não pôde por conta do compromisso familiar? Então, aquele comediante que te chamei para ir no stand up, vai apresentar de novo esse sábado! É bem legal, ele faz piadas sobre sexo. O show dele se chama “Imoral”. Eu consigo descolar ingressos pra gente ir, bora?

– Não sei.

– Nossa eu mandei três áudios super animada, empolgada, e ele só responde: “Não sei”. Não sabe o quê?

– Não saio muito, mas me parece um programa de amigos.

– Não estou te entendendo, já não estava combinado o barzinho? É a mesma coisa só que teremos um plus pra deixar a noite ainda mais divertida, com stand up. É um programa tanto pra amigos, quanto casal, o cara faz piada de sexo.

– Tá bom, como falei vc que escolhe.

– Assim que eu gosto. Te vejo hoje na academia?

– Possivelmente.

– Pq possivelmente e não com certeza?

– Pq a vida é imprevisível. Nos programamos, mas ela sempre muda os planos. Vc não mudou nosso encontro de sexta para sábado? Acontece.

– Propus uma mudança para ser ainda mais legal do que já seria.

– Se tá falando que será melhor, assume a responsabilidade se não for rsrs.

– Se você não tiver senso de humor pra piadas de sexo, quem assume a responsabilidade é você haha. Mas serão piadas do ponto de vista de um homem hétero, então acho que a chance de dar ruim é quase zero.

– Meu senso de humor é ótimo, mas um tanto quanto crítico para piadas ruins.

– Veremos se achará ruins. Acho que vai se identificar.

– Eu tinha em mente algo mais intimista.

O cara que em nenhum momento propôs nada, tinha algo em mente.

– Será intimista rs. É um barzinho com penumbra.

– Mas vamos lá.

– Mas vai com um pensamento de que será legal, se já ir achando que será ruim, aí será ruim mesmo. Emanamos aquilo que pensamos.

– Ok.

*

Uma pequena pausa na história para falar sobre esse tal humorista que faz piadas sobre sexo. Descobri o Guto Andrade por acaso no Sympla, ano passado, quando estava pesquisando por algum stand up legal para ir com um boy que eu estava saindo. – Adoro propor coisas diferentes pra fazer. – O banner do seu show me chamou muito a atenção:

Comprei dois ingressos, mas a apresentação aconteceria um mês a frente e, até lá, adivinha? Eu já não estava mais saindo com o cara. 😒 Chamei uma amiga para ir comigo, no dia ela se enrolou com o horário e acabei indo sozinha, perdi um ingresso. No entanto, valeu super a pena, me apaixonei pelo show do Guto, dei muita risada, ele é muito engraçado e desbocado. Tirei foto com ele quando o show acabou e até nos seguimos nas redes sociais. Meses se passaram e voltei no seu show, agora com um amigo gay, que, mesmo não sendo hétero, se identificou e se divertiu bastante. Não satisfeita, voltei no show do Guto uma terceira vez, com um outro boy que eu estava saindo e ainda combinei com o humorista, de na parte do show que ele escolhe um casal da plateia para que o cara diga no microfone que vai chupar a buceta da sua parceira mais tarde, escolhesse a gente, pois queria ver o boy passando por esse constrangimento kkkk. Para a minha surpresa, ele até que se saiu muito bem, falou sem a menor vergonha, mal sabia ele que tinha sido tudo previamente combinado kkkkk. Enfim, lá estava eu, pela quarta vez, no show do Guto, novamente levando um boy diferente kkkk.

– Daqui a pouco o humorista vai fazer piada sobre você. Uma fã que sempre leva um cara diferente nos seus shows. – Brincou meu amigo gay. – Se tornou seu ritual de iniciação, né?

– Acho muito válido pra testar se o cara tem a mente aberta, vai que um dia a relação evolui e preciso revelar que sou acompanhante? Já testo logo como ele lida com o tema sexo.

Inclusive, a cada um que estiver lendo, recomendo ir no show do Guto! Na página dele no Instagram sempre tem as datas das próximas apresentações, lembrando que se chama “Imoral”.

Enfim, chegou o dia do nosso date, combinamos de encontrar direto no barzinho, em Moema, onde aconteceria a apresentação.

Primeiro Encontro

Cheguei um pouco atrasada e o Negão já me aguardava na calçada. Fui vestida bem sexy e fofa, basicamente, um dos looks que uso para atender: saia curta de prega, courino, preta, um cropped branco, levemente decotado, e uma botinha preta, de salto alto grosso. Desci do uber a atravessei a rua desfilando, sentindo seu olhar em cada parte do meu corpo. Ele estava todo lindão, vestia uma camisa preta, uma calça mais clara e tênis. Me fitava parado, com as mãos no bolso, todo charmoso, nunca tinha saído com um cara tão alto, tão musculoso e com tanta presença como ele. Quando nos cumprimentamos, ainda pude reparar que ele estava usando um perfume diferente daquele que eu não tinha gostado e, desta vez, o aroma estava aprovadíssimo!!

Entramos no barzinho, nos acomodaram numa mesa mais alta e conversamos um pouco, enquanto não começavam os shows dos outros comediantes que antecederiam ao Guto. Aquele encontro foi uma delícia, foi a primeira e única vez que saímos juntos para algum evento. Ele perguntou se eu gostaria de pedir algo, me contentei com água e pegou um energético para si, não comemos nada, era um bar que só tinha fritura e não queria ficar com gosto de comida na boca, já pensando no nosso beijo. Entre um flerte e outro começou o show dos comediantes e, infelizmente, nenhum era tão bom, fazendo com que eu sempre acrescentasse que o show do Guto seria imensamente melhor.

Em algum momento nos beijamos e o safadinho já foi com a sua mão boba pra baixo da minha saia, alisando minha coxa. Não achei ruim, tava doida pra dar pra ele depois. Quando enfim o Guto entrou, cerca de duas horas depois, estávamos tão envolvidos na nossa bolha, que a apresentação se tornou pano de fundo e não mais o evento principal. Não o vi rindo e se divertindo tanto quanto com o último boy que levei, mas interpretei como uma coisa positiva, por estar mais focado na gente. Quando o show acabou, dei uma enrolada pra ver se ele tomaria a iniciativa de me convidar para ir a sua casa – algo quase impossível, pois ele mora com a mãe idosa – , mas como eu já tinha dito lá atrás que se o nosso beijo fosse bom, eu o arrastaria para casa depois, então meio que já estava subtendido que iríamos para a minha.

– E agora? – Ele perguntou.

– Vamos lá pra casa. – Falei por fim.

Quando chegamos no meu apartamento, a tensão sexual que tinha se instalado no barzinho, por conta da interrupção e mudança de ambiente, havia se dissipado. Para variar, ele ficou um bom tempo entretido com os meus gatos. A princípio achei fofinho, de todos os poucos caras que tiveram o privilégio de conhecer o meu apartamento, ele foi o único que deu tanta atenção para os meus filhos bichanos, mas, após um tempo, comecei a achar que ele estava de enrolação e sem iniciativa. Sobrou pra mim conduzir para que o sexo desenrolasse. Apaguei as luzes e deixei aceso apenas o meu ring light, uma iluminação mais suave, aconchegante e acendi uma vela aromática. Lembro que após eu fazer tudo isso, ao me voltar para ele, percebi um sutil olhar julgador, como se eu estivesse sendo a apressada da história.

Pude experimentar com ele algo que há muito eu sentia falta: Sexo com conexão. E quando digo isso, não quero dizer que não tenho conexão com meus clientes mais frequentes, que já saem comigo há algum tempo, apenas que é diferente quando você transa com alguém fora do contexto profissional, ainda mais sendo alguém que você está alimentando um certo tesão e curiosidade há algum tempo. Senti como se eu não estivesse transando com um estranho – ainda que de certa forma ele fosse – .

Seu corpo nu é a coisa mais linda que eu já vi. Peitoral saltado, pernas musculosas, barriga chapada, minha vontade era de ficar só apreciando por algum tempo, queria poder tirar uma foto e guardar de lembrança. Seu pau, bem, confesso que me desapontou só um tiquinho. Era grande no tamanho, mas não muito grosso, pra não dizer fino. Mas tudo bem também, decidi que isso não diminuiria em nada o meu prazer, seria até benéfico, pois poderíamos transar várias vezes, sem que eu ficasse assada. Ele me chupou e, confesso, seu oral não foi muito bom, mas deduzi que devia ser falta de prática. Depois já foi pegando a camisinha, sem esperar que eu o chupasse, mas antes que encapasse falei que queria chupá-lo também, imagina se eu, que adoro fazer um boquete, não ia sentir o dele na minha boca. 😛

Enquanto o chupava, ele aparentou gostar bastante, mas não me deixou muito tempo lá, já quis encapar e transar logo. Começamos com ele por cima. Desde a primeira fincada foi uma delícia do início ao fim. Senti apenas um leve desconforto quando ele queria ir muito fundo, nessas horas pedia para ir devagar, pois como era muito comprido, alcançava até onde não tinha mais para onde ir. Ficamos um tempão transando nessa posição, nossos rostos se encostando, olho no olho, beijos ardentes, uma conexão deliciosa, estava tudo muito incrível.

– Sua buceta agora é minha. – Ele disse.

Que tesão.

Depois pediu que eu ficasse de quatro e, posso dizer, que descobri uma nova experiência nessa posição com ele, pois a forma como metia, era muito diferente do que eu conhecia. Vamos combinar que essa posição é muito safada, mas ele conseguiu transformar em amorzinho. Ele não metia muito forte enfiando tudo, quando queria ir mais fundo, avançava lentamente e deitava seu corpo sobre as minhas costas, beijando a minha nuca e os meus ombros, muito carinhoso, delicioso! Daí sempre que eu sentia a cabeça do seu pau encostando lá no fundo, me dava um tesão inexplicável, acho que tocava algum ponto que eu desconheço. Estiquei a mão e peguei meu vibrador na prateleira da cama, posicionei no meu clitóris e senti muita vontade de gozar nesses momentos que ele ia fundo devagar, só com a cabecinha. Eu estava quase lá, quando, inesperadamente, ele disse no pé do meu ouvido:

– Goza no pau do seu negão.

Ali eu fui com Deus. Era como se ele soubesse o que estava faltando para eu gozar. Foi surreal de bom. Eu já estava há algum tempo me masturbando enquanto o sentia, e quando ouvi sua voz, grossa, e ainda mais sexy naquele momento, pronunciando essa frase tão baixinho, veio a explosão. Como é gostoso transar com quem você também sente imenso tesão. Depois que gozei, pedi que ele se deitasse, era a minha vez de retribuir todo o seu empenho. O fiz gozar na minha sentada, e não demorou muito, como se ele só estivesse me esperando ir primeiro.

Me aninhei naquele peitoral macio e ele disse algo, no pós sexo, que gostei bastante. Revelou que para os homens, após gozar, pode ocorrer dois tipos de sensação: A primeira é o sentimento de fuga, quando repele a outra pessoa e já quer ir embora – o famoso gozou, tchau – e a outra sensação era a que ele estava tendo, de querer permanecer e ficar ali junto. Ainda teve a audácia de dizer em outro momento:

– Não vai se apaixonar, hein. – Como se ele também não tivesse correndo esse perigo.

Transamos duas vezes nessa noite, mas não gozamos na segunda, desde o princípio percebi que ele é o tipo de homem que só goza depois, e se, a parceira também gozar. Acabamos não comendo nada desde o momento em que nos encontramos, até sentimos fome, falamos sobre pedir algo no Ifood, mas nenhum dos dois assumiu a tarefa de fato. Ele até brincou depois que comigo era só “pau e água”, rs.

Ficamos acordados até 3h da manhã, não só transando, mas também conversando. Tivemos um matinal delicioso na manhã seguinte, mantendo as mesmas posições exploradas até aquele momento. Antes dele ir embora servi granola com iogurte pra gente e conversamos mais durante o café da manhã. No decorrer do dia, me surpreendi com ele me enviando mensagens, compartilhando como estava sendo seu domingo em família.

No outro dia, a sua primeira mensagem foi:

– Sentiu falta do travesseiro humano rsrs.

– Me diz você se sentiu falta do meu corpinho aninhado no seu.

– Olha eu vou ser sincero, senti sim.

– Bom, nesse caso, então posso dizer que senti também.

Combinamos que nos encontraríamos uma vez por semana para transar. Eu estava vivendo o paraíso, finalmente tinha encontrado um contatinho fixo que rolasse uma química gostosa e muita conexão.

– Vc estava há quanto tempo sem transar? – Ele perguntou.

– Isso não vem ao caso. – Desconversei.

– Rsrs. Responde. Vc já sabe quanto tempo eu estava.

– Com um negão desse, a minha vida toda, você já sabe tb.

– Rsrs. Sei não. Quanto tempo a senhora não transava? – Ele insistiu.

– Que diferença isso faz? Rs. – Segui me fazendo de sonsa. Esse tipo de pergunta nunca favorece a mulher na resposta, ou passa a imagem de vagabunda ou de desinteressante, que ninguém quer comer, rs.

– Danadinha.

Na véspera do nosso segundo encontro, resolvi dar uma atiçada:

– Sabe, eu tava lembrando das nossas transas e notei uma coisa interessante.

– Já são tantas assim? – Tinham sido só três, rs. – O que?

– Que as duas vezes que você gozou foram do mesmo jeito…

– Vc por cima.

– Aham. Você gosta da mulher por cima né.

– É pq eu segurei, senão ia gozar quando estava te comendo de 4.

– Quero sentar bem gostoso em você amanhã.

– Pode sentar. Tbm gosto de ir por cima de vc, te esmagando. Colocando pressão nessa bucetinha.

– Adoro você por cima de mim.

– Percebi. Ei, lembrei agora que você deu um tapa na minha bunda.

– Foi mesmo. Um só. Quer mais? Rs.

– Rsrs. Eu que bato nessa relação.

– Como ele é mandão. Tbm sou viu, cuidado.

– Kkk. Agora que já foi amorzinho, tá na hora de vc apanhar um pouquinho.

– Quero continuar falando sobre.

– Rs. Vai dormir.

– Sem graça.

– Amanhã eu vou te comer de todas as formas que vc quiser.

– Assim espero. Boa noite.

– Rs. Boa noite.

Segundo Encontro

Ele já chegou chegando, pegando na minha bunda e me dando um beijo de língua super ardente, ainda na porta. Trouxe um vinho, que já coloquei para gelar na mesma hora. Cuidei para que desta vez não fosse só “pau e água” e preparei um jantar pra gente, nada demais também, uma comida que eu já tinha, com o adicional que assei um frango temperado para ele, um que estava há mil anos no meu congelador, minha última compra antes de parar de comer carne. Transamos três vezes antes do jantar. A gente transava e conversava, até algum assunto dar gatilho para iniciarmos uma nova transa, isso aconteceu umas três vezes. Nossas transas eram bem amorzinho, descobri, inclusive, que aquele papo de homem mandão era só da boca pra fora, ele não era nada agressivo na cama, o máximo que fazia era parecer possessivo, como se eu fosse exclusivamente dele, como quando me mordeu tão forte na bunda, ao ponto de eu gritar com a mordida!

– Deixar minha marca aqui, que você vai lá pra Itália, pra verem que você tem dono.

Confesso que adoro essas coisas na hora da intimidade.

Durante o intervalo entre as transas, numa das pautas que conversamos, ele disse que quando está saindo com alguém, o prazo que ele se dá é três meses.

– 3 meses? – Levemente confusa.

– É, geralmente, em três meses eu já não quero mais.

– É… dizem que em três meses ou é tchau ou é… amor. – Falei pausadamente, fazendo um charme na última palavra, finalizando com uma piscadinha e mandando um beijo.

Ele deu uma risadinha gostosa. Senti que estávamos muito sintonizados.

Gozamos as duas primeiras transas e a terceira ficou inacabada. Enfim, fomos jantar. Foi uma delícia esse momento. Nossa primeira refeição, juntos. Comemos e trocamos bastante ideia, eu adorava o fato de conversar com ele ser uma coisa tão fácil e fluída. Após comermos, tendo em vista que já tínhamos transado 3x e estávamos de bucho cheio, sugeri de colocarmos algo para assistir. Ele concordou, daí, fuçando na Netflix, acabei escolhendo a série que todo mundo estava comentando: “Bebê Rena”. Dei um pega no beck sozinha – ele não fuma e em algum momento ainda me deu uma leve recriminada, dizendo que eu colaborava com o tráfico – e me deitei de conchinha com ele no sofá.

Posso dizer que nesse momento senti um bem-estar enorme ao lado dele. O primeiro episódio da série estava engraçado, comentávamos nossas percepções sobre alguma cena que víamos, senti que super combinávamos. Sabe quando você se sente “em casa” na presença de uma pessoa? Eu me sentia exatamente assim. Sem me preocupar se estava sendo sexy ou inteligente o bastante, sem precisar fazer nenhum esforço para impressionar, conseguindo ser eu mesma e tudo fluindo naturalmente.

Assistimos uns dois episódios e então fomos nos deitar para dormir. Numa conversa despretensiosa antes de adormecer, o tesão aflorou novamente e o sexo desenrolou de forma inesperada.

– Humm, alguém tá animado. – Constatei ao sentir seu pau duro.

– Eu animo.

– Eu também animo. 😈

Estava tudo escuro e eu só conseguia ver a silhueta daquele homem em cima de mim. Nessa transa ele ainda acrescentou algo novo. Ao invés de ir e voltar com o pau, ele começou a rodá-lo dentro de mim. Foi diferente, gostei bastante, pena que ele não ficou muito tempo nesse movimento, devia ser mais cansativo, rs. Não gozamos, mas, mesmo assim, foi um sexo delicioso de boa noite.

Terceiro Encontro

– Uma semana sem essa delícia já. – Reclamei.

– Pois é. Tá viciada.

– Uma vez por semana é uma frequência baixa pra ser considerado vício. Considero moderado.

– Kkk. Quer passar para uma vez por mês?

– Ele fala como se não fosse prejudicar a si mesmo também.

– Kkk. Verdade.

– Daqui a pouco vc enjoa aí diminui a frequência.

– Uma semana é pouco pra enjoar. Te falei que essa frequência é ótima. Não enjoa e dá saudade.

Nosso terceiro encontro seguiu a mesma linha do segundo. Sexo logo na sua chegada, bastante tempo conversando, jantamos pizza e mais episódios de Bebê Rena antes de dormir.

Tivemos um papo entre as transas que me despertou um pequeno alerta. Ele quis voltar na questão dos três meses, reforçando, e até brinquei que não achava que encerraríamos nesse prazo de fato, pois a data exata que completaria esse período, seria um dia depois do seu aniversário e um dia antes do Dia dos Namorados, duas datas importantes, não condizentes com um término. Daí ele acrescentou que apesar dele dizer isso, ele era a pessoa mais contraditória que existia, pois, ao mesmo tempo em que reforçava para a outra pessoa não se apaixonar – exatamente como fazia direto comigo –, ele seguia sendo todo fofo, carinhoso e isso fazia com a que outra pessoa tivesse uma interpretação errada das coisas, achando que ele estaria se envolvendo. Ali me despertou um alerta, pois, era exatamente a visão que eu estava tendo dele, em relação a nós, e eu tava curtindo essa ideia, de percebê-lo totalmente na minha. No entanto, ao mesmo tempo em que pensei isso, também desconfiei se essa sua fala não era uma estratégia, para disfarçar um possível envolvimento da parte dele.

*

– Estou com a buceta dolorida de tanto transar essa noite. – Compartilhei com ele no dia seguinte, após sua partida.

– Kkkk. Falei q estava inchada.

– Bom olho.

– Tá doendo muito?

– Eu não conseguiria transar hoje de novo.

– Vai ter que desmarcar o cara de hoje e o de amanhã também. – Ele brincou, sem ter a menor ideia do quanto sua piada era condizente, rs.

Quarto Encontro

Desta vez ele levou nuggets e kibe veganos para o nosso jantar de petiscos. Para acompanhar, comprei um vinho, molho trufado e pimenta, no supermercado. Nessa noite ainda assistimos a um episódio de Black Mirror, “Hang The DJ”, quarta temporada, o episódio mais romântico, sobre um tipo de “Tinder” do futuro. Coloquei para que ele conhecesse a série.

Não serei repetitiva em todo o resto, apenas posso dizer que nessa noite gravamos um caseiro sextape, naquela posição de quatro que eu amava fazer com ele. Alguns inscritos do meu OnlyFans já viram esse vídeo, inclusive. 😏

– Nossa tá muito foda esse vídeo. – Ele reconheceu.

– Tá um tesão! Eu amei! 😋 Quero fazer mais, com uma iluminação digna rs.

– Vai vender no onlyfans rs. – Mal sabia ele que eu ia mesmo, rs.

– Posso? 😏 Preciso do seu consentimento antes rs. – Entrei no jogo.

– Rsrs. Dividindo os lucros rsrs.

– Hahaha. Se tiver vendas eu repasso a sua parte então rs.

– Rsrs.

Quinto Encontro

Começou um pouco atribulado. Apesar da premissa para aquela noite ser bastante empolgante, já que ele até traria o seu videogame para termos uma interação diferente e divertida, juntos, no entanto, peguei no seu pé para que passasse numa farmácia e comprasse preservativos, antes de vir para a minha casa. Reconheço que fui um pouco chata nesse sentido, até porquê eu tinha preservativos, mas eu simplesmente não achava justo eu ter que gastar as minhas camisinhas, que comprei para os meus atendimentos, sendo que ele já estava me comendo de graça, na minha casa, e só tinha contribuído com o adereço no primeiro encontro, justo ele que nem deixava o pau roçar na minha xana e já corria pra encapar o menino. Então se ele fazia tanta questão, que arcasse com os custos.

– Não esquece de trazer preservativo. Skyn. – O relembrei da minha preferência pela marca, coisa que eu já havia lhe dito no nosso primeiro encontro, quando ele apareceu com Jontex (e não era nem a linha pele com pele).

Não tem Skyn não, vai ter que ser com a Jontex que tá aí mesmo, não tem Skyn, tô atrasado ainda, tem Skyn não, depois a gente fica só no videogame.

Tudo isso foi dito num áudio que recebi no mesmo minuto da minha mensagem, ou seja, ele sequer estava numa farmácia de fato, para afirmar que não tinha Skyn, e pelo seu jeito de falar, com tanta repetição negativa, recusando o que eu estava solicitando, fiquei com a impressão, nessa minha mente analisadora de jornalista investigativa, que o seu incômodo era por, talvez, não querer gastar dinheiro, comprando uma camisinha que era mais cara do que a que ele estava acostumado a comprar.

– 😒

– Tem quantas aí?

– Traz a olla azul então. E na próxima você vai em outra farmácia.

Chegou na minha casa bicudo, mas tinha comprado a Skyn que eu pedi. Ainda ficou indignado quando viu que eu tinha preservativo de sobra, dizendo que quase foi assaltado, com o videogame na mochila, por ter desviado da rota para ir na farmácia. Como se alguém tivesse a coragem de assaltar um negão daquele tamanho, sem ser a mão armada.

Enfim, felizmente esse estressezinho não estragou a nossa noite, transamos maravilhosamente, depois pedimos um Ifood e jogamos videogame. Foi divertido. A princípio, ele colocou um jogo de luta para que duelássemos e descobri que somos muito competitivos, só consegui ganhar dele uma única vez, fiquei até com meus dedos vermelhos de tanto dar meu sangue naquele controle. Depois colocou Resident Evil, e daí eu quis ficar só assistindo-o jogar, pois é o tipo de jogo que eu sempre fico tensa, se sou eu que estou jogando.

No dia seguinte, após nosso sexo matinal delicioso, enquanto conversávamos, coincidentemente, o tema PROSTITUIÇÃO entrou na conversa. 👀

Ele começou:

– Vou deixar você sem aguentar pau até semana que vem… não sei como garota de programa consegue aguentar.

Daí ele acabou emendando um assunto relacionado, contando que uma vez, um amigo dele tinha descoberto que a namorada era acompanhante de luxo, que anunciava em site e tudo. Perguntei qual site, pra ver se ele sabia da existência do site que eu me anuncio de vez em quando e ele não se recordava qual. Resolvi explorar mais o assunto e perguntei o que ele achava dessa situação, se acontecesse com ele.

– Ah foda, né.

– Por quê?

– Ahh sei lá, o cara fica exposto, né? A pegar coisas…

– Ué, mas dizem que as profissionais se cuidam bem mais que as demais mulheres, justamente por trabalharem com isso, precisam estar sempre saudáveis. – Tinha que defender a minha classe, né?!

Ele refletiu um pouco sobre o que eu falei, concordou brevemente, até que disse:

– Tá sabendo demais, hein?! Sei lá, nunca fiquei com uma pra saber.

– Tá ficando agora hahaha. – Trouxe a verdade em tom de brincadeira.

Ele me olhou desconfiado e aí acrescentei para disfarçar:

– Você não me chama de “minha putinha”?

– Minha putinha, não de todo mundo.

Daí, vendo que fiquei calada, mantendo um semblante enigmático, como se eu realmente fosse, ele me olhou com mais atenção e disse:

– Será que você é?? 👀

E eu só nas risadinhas, sem dizer que sim, nem que não. Ele continuou me olhando, tentando decifrar algo.

– Será que você é? Bom… você viaja bastante, né…

– Será?? 👀 – Brinquei ainda mais com a sua desconfiança.

– Mas acho que não, você é bem magrinha, só se fosse daquelas que só acompanha em eventos.

– Tem gosto pra tudo. – Olha ele me desmerecendo, achando que não tem mercado para as magras!

– Mas, se você fosse, a sua bucetinha também não seria assim…

Eu teria que ser arrombada?! Pensei, mas não externei. Fiquei preocupada se esse seria o mesmo pensamento da sociedade, que não conhece a intimidade das profissionais desse ramo. Cheia de doença, com a buceta larga, era desse jeito que uma garota de programa devia ser, na visão limitada dele?

– Você disse que meu pau era grande, só se você mentiu pra mim. – Continuou analisando o fato da minha buceta ser apertada.

“Grande, mas fino”, pensei.

E o assunto morreu aí. Apesar de tudo, achei bem positiva a conversa, não fiquei tensa em nenhum momento com a possibilidade dele descobrir, e pelo que observei não me pareceu preconceituoso, apenas alienado. Resta saber se estava de boa porque, no fundo, não se imaginava lidando verdadeiramente com este cenário ou por não ser um problema para ele, de fato.

Antes de sairmos da cama, ainda perguntou:

– Você sente vontade de transar mais de duas vezes por semana? Com pessoas diferentes?

A resposta sincera para essa pergunta seria “Sim” e “Não”. Se eu tiver sido bem comida, aguento dois dias sem sexo, depois já quero de novo, mas não necessariamente com pessoas diferentes, desde que eu tenha um contatinho gostoso que sempre represente. Mas me limitei a responder:

– Por quê? Você quer aumentar a frequência?

– Vou contar aqui suas camisinhas. – Pegou meu pote de preservativo e começou a contar mesmo.

– Quer monopolizar minha buceta sem estar namorando comigo? Vem com essa não! Tá com ciúme? Pega na mão e assume. Já ouviu a música da Ludmilla?

Passou pela minha cabeça ter que comprar novas camisinhas para não diminuir a contagem daquelas que ele sabia a quantidade, e não gostei nada desse pensamento.

Sexto Encontro

– Podíamos dar um pulinho em casa, depois do treino, antes de você ir pro trabalho. Só eu sinto falta de sexo aqui? Você iria trabalhar até mais feliz. 😏

Propus um encontro mais rápido, já que, por uma série de acontecimentos, não estávamos conseguindo casar as agendas.

– Antes de ir trabalhar eu passo aí para te ver. Que horas vc termina o treino?

– 12h.

– Então 12:30 eu passo aí.

Recebê-lo durante o dia, não teve o mesmo encanto, sei lá, a noite tem um Q de maldade. Pulamos as preliminares e fomos direto para a penetração, desta vez tive que recorrer ao gelzinho, a contragosto dele, que sempre espera que eu esteja pronta e lubrificada, ainda que não me chupe para isso. Iniciamos na nossa posição habitual, com ele por cima.

– Sabe o que eu tava lembrando aqui? – Soltei durante o sexo.

– O que?

– Que você ainda me comeu de ladinho. Não gosta dessa posição? Ou foi falta de oportunidade mesmo?

– Foi oportunidade mesmo e o tamanho que não encaixa.

– Verdade, tem a questão de você ser mais alto rs.

Após um tempo com ele me macetando, insisti para fazermos de ladinho. Foi engraçado que ele não aguentou dois minutos assim e já quis voltar para a posição anterior, dizendo que a minha bunda estava pressionando seu pau, tornando mais difícil dele segurar.

Pela primeira vez, em seis encontros, em mais de dez transas, gozamos juntos! ❤️ Eu me masturbava, ao mesmo tempo em que ele me penetrava e avisei que estava perto, incentivando para que viesse junto comigo. Nem acreditei, foi mesmo delicioso.

A forma como o outro se entrega na hora do orgasmo é uma coisa que reparo bastante e, dependendo do que eu ver, pode aumentar ainda mais o meu tesão pela pessoa. E o gemido que ele solta na hora H é muito sexy! Vê-lo gozando daquele jeito tesudo, junto comigo, só intensificou ainda mais o meu orgasmo. Que ápice espetacular. 🔥

Agora o fato mais curioso desse nosso sexto encontro, além de finalmente termos conseguido chegar lá juntos, é que essa acabou sendo a nossa última transa.

E nem sabíamos.

P.S.: Se houverem muitos pedidos, quem sabe escrevo um Epílogo. 😏

Uma Vez Que Provar o Brigadeiro, Não Quer Mais Saber do Beijinho – Parte 2

– Sabe como dizem, uma vez que experimentar o brigadeiro, nunca mais quer saber do beijinho.

– Não se preocupe que não vou grudar em você rs, se for tão incrível assim, apenas buscarei outros similares. A não ser que você queira repetir também. 😏

*

Querido diário,

Antes de avançarmos para a parte que todo mundo está mega curioso para saber, preciso que conheçam mais desse personagem, o Negão, para que a expectativa de vocês se iguale a minha, nesse um mês de conversa, que antecedeu ao tão esperado (e batalhado) encontro.

Então, voltemos aos diálogos:

Relacionamento Inter-racial

– Qual seu biotipo de mulher? Negras também? – Por um momento considerei que todo aquele jogo duro fosse por ele ter valores tão arraigados de só querer se envolver com mulheres da mesma cor.

– Não tenho um biotipo, gosto de mulher bonita. Entretanto, negras bonitas procuram caras  brancos e com grana. Isso é uma coisa racial de ascensão, muito foda, mesma coisa de jogador negro, sempre com uma loira do lado.

– Como também tem muitos caras negros com mulheres negras e caras brancos com mulheres brancas.

– Sim, não é uma regra. Depende muito do contexto em que a pessoa está inserida.

Acabei voltando na sua primeira sentença, sobre envolvimento inter-racial:

– Isso foi uma crítica? Fiquei confusa.

– Não é uma crítica, mas o simbolismo que isso carrega é muito foda, igual a ditadura da magreza para vocês mulheres, colocam isso como um padrão.

– Continuo não entendendo a qual simbolismo se refere. Pq da mesma maneira que pode ter mulheres negras com caras brancos por dinheiro, tbm tem loiras com negão pelo mesmo motivo. Segundo vc trouxe os exemplos.

Daí ele me mandou um áudio.

– Está difícil de explicar porque é uma questão complexa mesmo. Isso merece um café, ou melhor, uma bebida, em algum lugar. Mas vou tentar te explicar rapidinho. Essa questão do negro, que prefere a loira, não são todos, mas a maioria, se você pegar os negros que ascenderam, eles vão estar ao lado do que? Da mulher loira, ou uma mulher de cabelos pretos, mas branca, porque foi implantado na cabeça dele, há muito tempo, que o sucesso é esse. Ter dinheiro, um carrão e uma mulher branca do lado. Por quê? Aí volta pra vocês, qual o padrão de beleza? Qual foi o padrão instituído, que agora estamos tentando mudar? Uma mulher branca, loira e magra. Então basicamente é isso, são barreiras que precisamos romper.

De repente me vi numa discussão sobre relacionamento inter-racial e precisei abrir a minha cabeça para o assunto.

– Mas será mesmo que o cara negro em ascensão está com a branca por conta disso ou porque ele GOSTA e se sente atraído por esse tipo de mulher? Tem muitos exemplos de caras negros que se deram muito bem na vida e que estão com mulheres negras ao lado. Barack Obama, Jay-Z, Will Smith, tem vários… então eu acho que pensar com esse viés, não sei se é o mais correto. Tudo bem, eu entendi que alguns pensam assim e adotam isso, mas eu acho que o cara negro que está com uma loira é porque se sente atraído por esse tipo de mulher. Sei lá, um relacionamento é uma coisa muito séria para você ficar com alguém sem um sentimento envolvido, apenas por aparência ou interesse nesse sentido.

– Perfeito. Eu quero que você escute o seu áudio e os exemplos que você deu. O “gostar” e “se sentir atraído” pode ser manipulado. Por que eu gosto de algo? Tem que ter alguma experiência com aquilo para eu gostar ou não gostar de alguma coisa. Em que momento foi embutido na minha cabeça que isso é o que eu gosto? Você deu exemplos de pessoas dos Estados Unidos. Lá, casais inter-raciais são até malvistos, fora que lá o racismo é tranquilo, se o cara não gosta de negro, ele pode falar abertamente. Lá, os negros tem uma comunidade muito mais forte, então negro acaba ficando com negro, visto várias exemplos que você deu aí, citar casais inter-raciais que é a exceção. No Brasil já é o contrário, o único casal negro que me recordo aqui é o Lázaro Ramos e a Taís Araújo, não me vem a cabeça nenhum outro casal famoso.

– Tá bom, entendi, faz todo o sentido tudo que você trouxe, realmente. Então, quer dizer que quando você tiver no seu auge, ganhando muito bem, tendo muito sucesso, você vai ficar com uma mulher negra, né? Afinal, uma mulher branca ao seu lado vai muito de encontro ao sistema.

– Não, aí a gente entra num outro problema que é, além de eu também estar inserido nesse sistema, outro desafio é você encontrar negros que tenham o mesmo pensamento que o seu. Existem, claro que eles estão por aí, em alguns lugares, não no meu contexto, isso é triste, mas é a verdade. Não conheço muitas negras advogadas, as que eu conheço, não são bonitas. De qualquer forma, não critico casais inter-raciais e não procuro uma esposa negra, apesar de ser o aconselhado, principalmente negros que estão em um patamar elevado, porque os filhos destes negros serão a próxima geração que vão romper esse estigma que a gente vive. E também tem outro ponto, eu não sou o cara de fazer o ‘approach’ (é mesmo?? Rs), você percebeu, não sou o cara de chegar e conversar, eu nunca gostei de ser o chato, o cara que incomoda, odeio sentir que estou incomodando alguém, então, acaba que, por acaso, as loiras que sempre chegam em mim. E agora, depois de formado, advogado, a gente sabe que qualquer coisa pode ser considerado assédio, então, juntou a fome com a vontade de comer e me mantive na minha, sem chegar em ninguém.

– Mas você percebe quando a pessoa está na sua.

– Rsrs, só quando deixa muito evidente.

– Exemplo?

– Vc quando veio falar comigo.

– Ou seja, desde o meu primeiro movimento você sabia, e diversas vezes se esquivava das minhas investidas. Então talvez você não estivesse tão a fim assim? 🤔

– Eu tentei fugir, mas agora vc sabe o contexto.

– O contexto que você só quer sexo sem compromisso kkkkk. O tipo de contexto que você não precisaria recusar meu convite rs.

– Nossa. Não queria nem sexo sem compromisso.

– Então te induzi a querer dar uma relaxada?

– Falando deste jeito realmente me faz pensar se é uma boa ideia. 😕

Oxe.

– E por que não seria? Não entendi. Falei algo que te ofendeu? – O papo com ele às vezes desandava do nada.

– Não ofendeu. Mas pareceu que estou saindo por aí procurando sexo casual.

– E se fosse, qual o problema? Rs. Isso não foi uma crítica, só quis dizer que vc não precisaria recusar meu convite para beber algo, sabendo que vc não quer se envolver, até pq tbm não quero.

– Eu sei. Mas não sou este tipo de cara. Vc que me convenceu.

– Nossa agora pareceu que vc nem queria sair comigo, que foi vencido pelo cansaço rs. Há um interesse mútuo ou me iludi aqui? Rs.

– Não é isso. Eu te olhava, pq te achei bonita. Aí quando você falou comigo, pensei ‘tô ferrado’.

– Pq ferrado?

– Pq vc tem uma energia boa. Como eu conseguiria manter distância?

– Mas pq precisaria manter distância se os dois estão se curtindo? 🤔

– Trauma meu.

Traumas

Em outra conversa anterior a essa, falamos sobre seu último relacionamento, enquanto eu tentava romper a barreira de marcarmos um encontro.

– 3 anos é tempo demais pra deixar trauma com ex te bloquear de viver a vida. – Sara psicóloga, valores in box.

– Rsrs. Verdade. Está quase me convencendo.

– Ainda não te convenci? Hahaha. Achei que já estivéssemos alinhados ref esse relaxamento rs. Eu fico me perguntando como um homem que treina tanto como você, não tem libido rs.

– Tenho rsrs, o treino é justamente a resposta. Treinar pesado para não sobrar testo livre. Mas quando não tem jeito é Brazino o jogo da galera. Sexo é energia. E não é toda energia que vc quer dentro de vc.

Se ele soubesse o tanto de energia que entra dentro de mim rs.

– Então as vezes é melhor o 5×1. – Ele continuou.

– Eu não me conformaria só com masturbação. Não sei como vc consegue. Precisamos resolver isso urgente rs.

– Tbm não sou esse punheteiro ai que vc tá pensando.

– Sexo é saúde. E você já não tá batendo bem das ideias há mais de 4 meses, rs. É uma necessidade fisiológica.

– Já fiquei 2 anos sem, de boa.

Agora me falem, como argumentar com um cara que não se importa de ficar sem sexo? Como seduzir alguém assim?

– 😳

– Vou te contextualizar. Relacionamento abusivo de 4 anos, terminou na pandemia, aí foquei 2 anos no que eu deixei de lado, depois voltei para as atividades, mas só conheci mulheres que ficaram apaixonadas, aí minha responsabilidade emocional falou mais alto. Então decidi que  isso tudo não era mais pra mim.

– Mas essas mulheres que se apaixonaram não eram boas o bastante para você se apaixonar também?

– Não sei se conseguiria. Meio que traumatizei um pouco.

– O que houve nesse relacionamento para você caracterizar como abusivo?

– Meu Instagram, vc viu que é novo, – e eu achando que ele fosse impopular mesmo, rs – tive que deletar. Pegava meu celular, ciúme de todos. Queria me engordar de todo jeito.

– Qual a vantagem dela nisso?

Daí ele enviou uma montagem, com ele antes, gordinho, e ele atualmente, malhadão.

– Namorando x 1 ano solteiro.

– Mas muitas pessoas dão uma relaxada quando estão namorando. Meu ex tbm engordou e não foi por minha culpa não rs.

– Mas eu não podia ir treinar que já fazia cara feia.

– Ela não treinava tbm?

– Nada. Por isso que vc precisa sempre encontrar alguém na mesma vibe. Claro que vc interage com todos, mas quem vai andar ao seu lado precisa ter algo em comum.

– Mas que mais? Ciumenta, possessiva… esperava um combo maior pra te bloquear por três anos. Tá faltando coisa aí.

– Eu acho  que perder o tempo que foi o pior.

Estava achando um pouco fraco os motivos que o traumatizaram e trouxe a minha experiência como contraponto, num lindo podcast de 3:41. Sara psicóloga ataca novamente, para todos os traumatizados que também estiverem lendo esse post! 😄

– Danilo, o meu primeiro relacionamento também foi abusivo, só que assim, não dá pra você se fechar depois disso. E não me refiro nem a se fechar para outros relacionamentos e sim para novas aventuras mesmo, entende? Você mencionou 4 anos ser perca de tempo, com o meu primeiro, foi 8 anos! 8! E foi num nível muito pior que o seu. Eu tive vaginismo, não sei se você sabe o que é, um resumo rápido aqui, caso você não saiba, vaginismo é uma contração involuntária da vagina que impede a pessoa de ter relações sexuais. Então, a gente começou a namorar, logo de início ele não gostou de saber que eu era virgem, pensando no trabalho que lhe daria, (no final das contas ele teve um trabalho ainda maior, por conta do vaginismo, rs) aí depois de um ano tentando transar e não conseguindo, foi quando levei a questão para o médico. E como resolve o vaginismo? Com psicólogo e também com determinados exercícios que incentivam a dilatação da vagina, enfim, não vou entrar em mais detalhes, desnecessários agora, mas a questão é, por conta do vaginismo, a nossa relação ficou uma calamidade, a gente não conseguia transar – o sexo anal, que eu conseguia fazer uma vez por semana, não supria mais (mas não falei essa parte para ele, rs) – e um relacionamento não se sustenta sem sexo. Uma coisa é quando você já está velho e sem tesão, outra coisa é um casal jovem, né? Ainda mais ele que tinha muita disposição sexual. Foi um caos e se tornou muito abusivo, pois, chegou num ponto que ele já não tinha mais paciência comigo. Pra você ter uma ideia, uma vez que fomos tentar pela milionésima vez, ele ficou tão nervoso por não termos conseguido, que se levantou da cama e deu um soco na parede. 😱 Como se isso já não fosse assustador o bastante, como consequência ainda quebrou o dedo mindinho e tive que ouvir que a culpa era minha, porque EU NÃO FUNCIONAVA. Como se eu fosse um objeto com defeito de fabricação. E não foi abusivo só por isso, constantemente ele me diminuía, não me apoiava, me chamava de burra, enfim… eu poderia muito ter me fechado depois disso também, ainda mais que foram 8 anos. Claro que isso me criou certos bloqueios, no sentido de eu levar um tempo para botar fé em mim mesma, de não me achar boa o bastante para algo que eu estivesse me propondo a fazer, pensando que se ainda tivéssemos juntos, com certeza ele apontaria algo de errado na minha performance, e aí, somente com meus próximos relacionamentos que fui, cada vez mais, desbloqueando coisas em mim, ao perceber como o tratamento dos meus outros namorados era COMPLETAMENTE diferente. Então não é você se fechando pra vida que irá desbloquear esses traumas, pelo contrário, somente se envolvendo com outras pessoas, tendo outras experiências, que aí você vai vendo que a vida não é essa crueldade, entende? Não tô falando que você tem que fazer isso agora, comigo, mas é um conselho pra vida, pra você se abrir mais para as pessoas.

E todo esse discurso porque eu queria transar com o cara.

– Realmente, perto da sua história a minha não é nada.

– Não diria não é nada, também não vamos desprezar a sua, mas a sua é mais branda pra você se bloquear desse jeito, isso que quis dizer.

Eu já saí com uma garota que tinha vaginismo, é complicado.

Me conta dessa experiência.

– A garota sentia dor na penetração, engraçado pq ela namorou antes e meu pênis é normal.

– Essa foi uma das que se apaixonou e você deu o pé na bunda, ou é outra ex namorada? Rs.

– Não, essa foi uma vez só e não foi legal. Não tinha clima para continuar, aí depois ela voltou para o ex.

– Acho que já falamos bastante sobre relacionamentos anteriores e traumas. Já podemos voltar a falar do nosso date. – Voltei o assunto pra gente.

– Podemos.

– Até pq isso me fez imaginar coisas. – Voltei no trecho que ele dizia o pênis dele ser ‘normal’.

– Pq espera algo maior rsrs por eu ser negão rsrs.

Simmmm!

– Não exatamente rs, só fiquei pensando se a nossa percepção de “normal” seria a mesma rsrs.

– Não sei, mas vou te dar uma dica para perceber, esquece o tamanho do pé, se fosse assim eu estaria bem (45) tem relação e proporção com a mão.

Verdade isso, homens??

Eu achava que tinha a ver com o tamanho do pescoço…

– Dica interessante rs. Não reparei na sua.

– Acho que tem um tamanho ok.

– Acho que está sendo modesto rs.

– Em relação ao meu peso e tamanho, se eu fosse magrelo, talvez aparentaria ser maior rsrs,  mas não tenho nenhuma questão com isso. Todas as vezes que precisei ele foi eficiente, tirando essa menina com vaginismo.

– Você será o meu primeiro… – Negão, no caso – então não sei o que esperar rs. Mas estou bem excitada e curiosa.

– Ixi então melhor desmarcar rsrs.

– Nada disso.

– Sabe como dizem, uma vez que experimentar brigadeiro, nunca mais quer saber de beijinho.

E aí chegamos no diálogo do início desse post, que, inclusive, deu nome ao título desta saga. 😏

Chamando na Chincha

Outro dia, em meio a tantas conversas aleatórias, mais uma vez voltei na questão do date. Não pensem que foi fácil desenrolar isso, rs.

– Vamos combinar nosso date pra semana que vem? Já está mais adepto a ideia do barzinho?

– Ok. Vc quer fazer o que, ir beber? Semana ou final de semana?

– Final de semana é melhor né? Ou sexta a noite. 😏 Você bebe o q?

Não sou de beber, mas quando saio, acompanho.

– Cerveja? Vinho? Drink?

– Depende muito do que vamos fazer depois, o tipo de bebida rsrs.

– O que vc quer fazer depois? 😏

– Vc decide! A escolha sempre deve ser de vocês. Se alguém falar algo diferente disso, afaste-se.

– Assim eu me apaixono. – Dei corda.

– Rs, é que fui criado de forma tradicional. Homem antes de tudo tem que ser o protetor da mulher, em prol do seu bem estar. Depois eu fiquei forte e também fui ensinado que é dever cuidar dos fracos e oprimidos rsrs.

Não sou fraca e oprimida, mas entendi que foi no melhor dos sentidos.

– Que cavalheiro. Se o beijo for bom te arrasto pra casa depois.

– Colocou uma condicionante perigosa.

– Pq perigosa?

– Jogou pressão pra cima. Agora se não me convidar vou saber que o meu beijo é ruim.

– Da mesma maneira que você disse que só sairia comigo se a peça fosse boa rs.

– Rsrs, verdade.

– E você precisa gostar do meu beijo tbm, é uma via de mão dupla, né rs.

– Eu sei que o beijo será bom. O que precisa ver é só a química na hora que a minha língua encostar na sua, aí já vamos ver como vai ficar o PH.

– Já sinto a química a distância. 🧨

– Te falei que sou apaixonante.

– Preciso lembrar de não me apaixonar, senão você dá o pé igual com as outras que se apaixonaram rs.

– Não é assim, mas eu também sou a incoerência em pessoa, peço que não se apaixone, mas trato bem, sou atencioso, carinhoso, e dizem que transo bem. Aí fica difícil.

– Um perigo esse homem. Ai de mim. Difícil não se apaixonar nesse combo. Mas saiba que do que lado de cá será difícil pra vc tbm viu. 😏

– Eu imagino, mas liguei o modo não apaixonar, há muito tempo.

– Vou deixar o meu modo bem ativado também. Criar uma armadura forte diante desse homem cheio de borogodó.

Focado demais para se deixar envolver

Em outro ponto da conversa, falamos sobre outra coisa muito importante para a construção deste personagem. Descobri que ele está totalmente fechado emocionalmente, não só pela questão do trauma com o relacionamento anterior, mas também por estar extremamente focado nos estudos, querendo prestar concurso para promotor, algo que é muito difícil e que ele já vem tentando há alguns anos.

– Focado. – Reconheci sua dedicação.

– Ou simplesmente burro demais para desistir.

Você está tentando há quanto tempo?

Focado, sem deixar mulher me distrair, uns 2 anos. Sem foco, dividindo a atenção, tem uns 6. O que aprendi com isso? Uma coisa ou outra Danilo, as duas vc não consegue.

– Só encontrar uma que te apoie. – Eu sempre trazendo as coisas para o meu lado, rs.

– É bem difícil.

– Difícil mas não impossível. Um sexo de vez em quando faz bem pra saúde e te ajuda a focar no que precisa.

Quando namorava passei na primeira fase do MP, minha ex virou e falou: ‘agora vc me larga’. 😕

– E vc largou? Rs.

– Larguei. Mas não foi pq eu passei na primeira fase e bombei na segunda, foi pq ela não tinha o perfil  para acompanhar, ninguém tem. É uma vida sofrida, limitada.

Ninguém é uma palavra muito forte. Não acho bacana você generalizar por poucas experiências.

– Ok. Vou reformular. Penso que ninguém merece isso, ficar esperando alguém.

– Ninguém merece o que? Uma pessoa dedicada em alcançar o que almeja pra si, mesmo que isso custe menos tempo juntos? Uma vez por semana livre você não conseguiria? Já vai conseguir na próxima sexta né, para sairmos. Acho ótimo, sem grude e com uma pequena saudade. Uma vez por semana não rola pra vc?

– Claro que rola. Mas todos sempre querem mais e mais.

Todos vc tá incluindo vc? Ou seria ‘todas’? Rs.

Todos.

– Um vez por semana acho uma frequência excelente, não enjoa e dá saudade. – Eu lutando para enfim conseguir o meu contatinho.

– Pois é, eu também acho.

– Então vamos nos dar muito bem. Supondo que vamos repetir.

– Rsrs.

– Ou você não gosta de repetir?

Tudo que é bom, merece replay.

– Pensamos igual então.

– Muito para o meu gosto.

– Estou te falando, faltava eu na sua vida.

– Rsrs.

Digo, na sua vida 1 vez por semana rs.

– Ligeira.

Mas fiquei curiosa para entender como será sua vida depois que conseguir chegar onde vc quer. Daí terá menos tempo para relacionamentos, né?

Sim.

Ou conseguirá ter uma vida conjugal satisfatória? Rs. Você pretende continuar solteiro ou casado?

– Aí seria hora de casar.

– Olha só, o rapaz bloqueado de se apaixonar quer casar no futuro rs. Realmente incoerente rs.

– Neste ponto não, imagina o seguinte, o que faz quando termina de escalar uma montanha? Vc desce, todo o foco está em chegar, não em permanecer. Não tenho nada contra relacionamento, é que pra mim realmente não funcionou.

– Não encontrou a pessoa certa ainda.

Ou o tempo certo. Sei lá, não me prendo a essas questões.

Não tem que se prender mesmo, apenas deixar fluir leve.

– De pesado basta eu, com 105 kg rs.

*

Eu sei que você deve estar achando tudo isso trabalhoso demais e que eu deveria ter largado de mão há muito tempo, mas eu realmente vi potencial nele, fora que as conversas estavam interessantes, ele tinha conteúdo. O fato de não ceder tão facilmente, só o valorizava ainda mais. E se tem uma coisa que eu sou é determinada. Quando eu quero uma coisa, vou até o fim para conseguir!

O Primeiro Beijo

Na semana do nosso encontro, nos vimos na academia, na quarta-feira, como de costume. Quando terminei o meu treino, ele gentilmente também encerrou o dele e o esperei, por poucos minutos, para que tomasse um banho, pois, iríamos embora juntos e de lá ele iria para o trabalho, que era perto. Eu também moro próximo da academia, então calhou dele vir me trazer até a minha casa.

Assim que entramos na minha rua, ele lembrou que tinha um restaurante vegano na rua de cima (não estou mais comendo carne animal, exceto peixe) e andamos mais um pouco, para que me mostrasse. Daí, após me indicar a localização do tal restaurante, chegamos num ponto da caminhada em que teríamos que nos despedir, ele pegaria o caminho para o seu trabalho e eu voltaria em direção ao meu apartamento.

Ficou aquele silêncio cheio de significado, não foi preciso dizer nada, nos aproximamos e nos beijamos. Na calçada, sem nenhum romantismo, mas foi a forma como as coisas aconteceram, eu não ia interromper e dizer: “só vamos ter nosso primeiro beijo no date”, então foi ali mesmo.

Que beijo! 💋 Aquela boca carnuda sabe o que faz! Encaixou muito!! Só não foi mais perfeito por conta do lugar e do seu perfume que, não pude deixar de reparar, era muito forte e enjoativo. Aff como eu sou chata, né? Um beijo delicioso daquele e eu reclamando do perfume do cara, kkk. Rolou uma encoxada de leve, mas nada muito indecente.

Voltei pra casa tão excitada, que a primeira coisa que fiz foi me jogar na cama e me masturbar. 😛 Ainda me dei ao luxo de cochilar depois de gozar, imaginando como seria aquele encontro!

C O N T I N U A

Uma Vez que Provar o Brigadeiro, Não Quer Mais Saber do Beijinho – Parte 1

Querido diário,

Após demasiadas buscas por um contatinho potencial em aplicativos de relacionamento, a vida fez questão de mostrar que tudo flui melhor ao vivo (o mesmo se aplica para quem ainda não saiu comigo, rs. 😉)

Numa bela quarta-feira de março, estava eu com meu personal trainer, treinando na academia, quando reparei num certo alguém. Preciso ambientá-los que a academia que eu frequento é desprovida de homens bonitos, então este se destacou do todo e não me recordava de já tê-lo visto.

O homem em questão, fisicamente, é diferente de qualquer outro que já me relacionei na minha vida pessoal: quase dois metros de altura, musculoso, careca e negão! Eu diria moreno ou pardo, mas ele se identifica como um homem negro, então carinhosamente o apelidei de “negão”. ❤️

Eu nunca me envolvi com homens negros antes, não por qualquer preconceito, longe de mim, simplesmente nunca tinha aparecido um que me despertasse o interesse, como aconteceu com esse (ou, talvez, por, inconscientemente, temer o tamanho da giromba, rs).

Entre um exercício e outro, comecei a encará-lo e tive a impressão de que ele estava retribuindo. Na sexta-feira seguinte, quando voltei a academia (eu treino 3x por semana), não o encontrei e na próxima segunda também não. Já estava ficando preocupada que não fosse mais vê-lo, quando na quarta-feira, felizmente, ele estava lá de novo. Astuta como sou, percebi então que o alecrim só treinava naquela unidade uma vez por semana, sendo, pelo visto, sempre as quartas.

Novamente trocamos olhares e em algum momento rolou até um cumprimento com meneio de cabeça, mas, nada além disso. Ao finalizar meu treino, passei por ele, dei uma bela encarada e segui em direção a saída. Quando passei pela catraca, dei uma última olhada e adivinhem? Ele ainda estava me olhando!

A fim de acelerar o processo, tentei acha-lo nos aplicativos de relacionamento, vai que ele também fosse solteiro e estivesse cadastrado? Pela distância, com certeza, o aplicativo iria sugeri-lo para mim. Daí apareceu um cara muito parecido com ele, uma versão mais feia, confesso, mas poderia ser o ângulo, homem raramente sabe tirar foto. Decidi prosseguir com o match, no intuito de descobrir se era ele, através das conversas. No entanto, o papo com este foi um fiasco, muito monossilábico, parecia que eu estava me comunicando com alguém extremamente introvertido.

– Oie, Tudo bem? – Comecei.

– Tudo sim e vc?

– Também estou bem. Onde você treina? – Já perguntei logo para tirar a prova.

– Jiu?

– Que?

E a conversa morreu aí. Cheguei à conclusão que se fosse ele, não ia querer nada com uma pessoa tão monótona. Desfiz o match e, cara de pau como sou, usei esse acontecimento para puxar assunto com o boy na semana seguinte. (Mulheres, venham comigo! Rs.)

Na próxima quarta-feira, após terminar o meu treino, fui lá falar com ele.

– Oi, tudo bem? – Cheguei toda animada e sorridente e ele retribuiu na mesma medida. – Você se chama Caio? – Perguntei na maior caruda.

– Não, rs. Meu nome é Danilo. – Nome fictício.

– Nossa, ainda bem… – Respondi com verdadeiro alívio.

– Por que? Rs. – Claro que ele ficaria curioso, rs.

– Eu tentei te achar no aplicativo e dei match com um cara parecido com você, mas fiquei na dúvida se era a mesma pessoa, ainda bem que não! Ufa! – Toda sincerona. – Mas então tá bom, prazer Danilo. Ahh, posso pegar seu Instagram?

– Humm, eu não posto muito no Instagram… – Mas passou mesmo assim.

O Instagram dele realmente era muito desinteressante, parecia até uma conta fake. A foto de um ator no perfil, pouquíssimos seguidores, pouquíssimas postagens, conteúdo repetido, sempre com ele treinando. Se eu não o tivesse visto pessoalmente, pela rede social jamais me interessaria. Fiquei até receosa que o meu Instagram o intimidasse, éramos o total oposto.

Mais tarde, no mesmo dia, pela rede social, naturalmente desenvolvemos uma conversa, descobri sua profissão e que tinha 38 anos.

– Você é solteiro? E qual seu signo? (Perguntas de entrevista rs)

– Rsrs. Solteiro e geminiano, acho que isso explica o solteiro.

– Isso explica muito! – Poxa vida, justo um geminiano?!

Em outro ponto da conversa, ele trouxe algo que me deixou em dúvida, se a nossa troca de olhares, na academia, não tinha sido coisa da minha cabeça:

– (…) meio cego mesmo, por isso às vezes fico meio que encarando as pessoas, rs.

– Então o que eu achei que fosse paquera, era só você tentando enxergar as pessoas? – Rebati.

– Rsrsrs, hoje em dia é difícil paquerar, tudo pode ser considerado assédio e você ainda treina com personal, grande chances de envolvimento.

– Envolvimento com meu personal??

– É bem comum.

– Não com a gente, apenas amigos, ele é bem profissional. – Mas bem que eu queria kkkk, maior gato! 😬

– Rsrs, entendi. Então já que fez um questionário, tá na minha vez. Faz o que além de viajar? Idade e signo?

Quando falei o meu signo, vocês acreditam que ele foi até pesquisar e trouxe a colinha para a conversa?

“A mulher de Áries é uma líder nata, cheia de energia e determinação. Além disso, ela é corajosa, independente e adora desafios. Por isso, sem medo de dar o primeiro passo, ela está sempre pronta para enfrentar novas aventuras e perseguir seus objetivos com paixão e fervor.”

– Acho que encaixa com você, pelo que vi até agora. Eu achava uma baboseira essa coisa toda de signo, mas realmente faz sentido. – Ele disse.

– Eu acredito muito. Minha melhor amiga é de gêmeos e brigamos direto, visto que geminianos mudam de ideia toda hora. – Dei uma leve alfinetada.

– Rsrs, verdade.

E a conversa morreu aí.

No dia seguinte ele interagiu em algum story meu e voltamos a papear. Em determinando ponto, tentei chamá-lo para sair:

– Tem um comediante que eu gosto bastante, ele vai apresentar esse sábado num barzinho em Moema. Anima?

Eu sei o que você deve estar pensando: “Calma Sara, espera o cara tomar a iniciativa”, mas eu não gosto de perder tempo e queria logo ficar com ele. Respondeu que já tinha um compromisso agendado com a família e acrescentou:

– Barzinho em Moema, nem lembro a última vez que fui lá.

– Uma ótima razão para voltar a sair, rs. – Eu sou que nem aqueles caras que não aceitam um não como resposta, rs.

– Acho que não sei fazer isso mais não, rs, interagir com pessoas. – E ele, a mulher difícil.

– Você está interagindo comigo, né kkk. E não seria interagir com pessoas, no caso com a pessoa que tá no rolê com você, rs.

– Bom argumento.

E morreu aí.

No dia seguinte, novas interações em coisas que eu postava, até que postei sobre o espetáculo que eu iria atuar e ele mordeu a isca.

– Quem você vai interpretar?

– Uma meretriz. – Eu sempre faço papel de puta nas peças, a arte imitando a vida, kkkkk.

Na quarta-feira seguinte não nos vimos na academia. Ele não foi, pois, tinha machucado o joelho, e na outra semana eu que não fui, por conta de um job.

– Fugindo do treino? – Minha ausência foi notada.

– Alguém sentiu minha falta?

– Pois é, sua presença me agrada.

– Quis te dar o troco por semana passada.

Enfim, não vou ficar trazendo tim-tim por tim-tim das nossas conversas, então vamos pular para a parte que interessa!

Numa bela quarta-feira, durante um treino, meu personal se ausentou para ir ao banheiro e nessa hora conversamos, com ele demonstrando o maior interesse em ir me assistir na peça. Eu tinha uma cota de ingressos para vender, então não caberia lhe dar uma entrada, se nem para os meus amigos eu não dei. Foi eu deixar o recinto, que ele já pediu meus dados do Pix pelo Instagram. A partir daí trocamos número de telefone, pois, seria mais fácil para lhe enviar o PDF do ingresso pelo WhatsApp.

Na semana seguinte, quando nos falamos na academia, novamente investi para que saíssemos.

– Depois que passasse o espetáculo, podíamos fazer alguma coisa. – Joguei, assim como quem não quer nada.

– Eu te falei que não sou muito de sair. A sua peça será o meu primeiro evento do ano.

– Então vai ser só isso? Essas interações de academia?

Ai falei logo.

Estava difícil arrancar um posicionamento, o coloquei contra a parede e ele visivelmente não sabia o que dizer. Até que:

– Vamos ver, se a peça for boa…

Que jogo duro era aquele? Não era possível que após tantas conversas e interações, só eu estivesse interessada. Será que tinha interpretado tão mal assim?! Pois, bem, voltando para casa, não me aguentei e voltei no assunto, pelo WhatsApp:

– Quase levei um fora agora. Você não bebe nada, é isso? Pode ser um café tbm rs.

– Rsrs, não era um fora.

– O que era então? Rs.

– Incompatibilidade.

– Como assim?

– Vc é uma jovem e bela atriz, com muitos sonhos. Eu, um velho advogado, cansado, sem sonhos, só uma meta, não combina. E vc está em uma idade chave para conhecer alguém legal, alinhado com os seus objetivos e sonhos, não pode ficar perdendo tempo com uma pessoa como eu.

– Falei de fazermos algo, não é um pedido de casamento rs. E quem disse que estou perdendo tempo? Uma pessoa como você? O que isso quer dizer? Não entendi. Uma pessoa interessante que pode rolar altas conversas também interessantes…

– Vc argumenta bem! – Jornalista, né? 😎

– Vamos congelar essa questão e voltamos nela depois da peça, vai que você se irrita e não vai mais me assistir rs.

– Claro que vou te assistir com aquele olhar julgador.

(…) e seguimos conversando sobre o espetáculo, até que decidi trazer a conversa para um tópico mais interessante:

– Há quanto tempo que você não dá uma “relaxada”? Rs. – Perguntei, sem a menor vergonha na cara.

– Nem lembro. Todo dia que treino eu relaxo! Não era essa relaxada né? Rs.

– Não, rs. Deve ser essa que vc nem lembra mais rs.

– Esse ano certeza que não.

– Como você pode ser tão negligente com você mesmo?

– Rsrs.

– Qual o motivo?

– Trauma com ex possivelmente.

– Você precisa estar namorando pra isso?

– Não. Mas rola uma responsabilidade sentimental.

– Basta ambos serem bem resolvidos.

– Então difícil achar alguém assim, as pessoas acabam criando expectativas.

– Difícil, mas não impossível. 😏

– Rsrs.

– Mais de 4 meses é muito tempo. Você deveria resolver isso. Inclusive, posso sugerir alguém muito bem resolvida pra isso. 😎

– É, quem?

Daí respondi com uma figurinha minha, segurando uma taça e um olhar bem sugestivo.

– Então tá “relaxando” com frequência? – Ele indagou.

– Sinto que estou precisando relaxar também.

– Rsrs.

– Podíamos nos ajudar.

– Boa ideia.

– Quando? – Direta e reta.

– Tem que ir bem no espetáculo primeiro.

– Confesso que ando tensa com a estreia, relaxar não seria nada mal…

– Vc é direta, rsrs.

– É o meu jeitinho. E você é escorregadio, rs.

– Sem prática.

Enfim, rolou muuuuito papo e nada de marcarmos o encontro por essa conversa. O espetáculo estava longe, seria para dali a dez dias e quando finalmente combinamos a data, ainda levou mais uma semana, após o encerramento. A parte boa é que depois que desbloqueamos o tema “sexo” na conversa, passamos a nos falar todos os dias, às vezes pequenas interações, mas sempre com uma certa constância.

Será que o primeiro encontro foi bom?

Será que transamos nesse dia?

Terão que aguardar pelos próximos capítulos… 😎