Olá!!
Como iniciaram a semana de vocês?? Espero que bem!!
Antes de retomar com os relatos da viagem, gostaria de responder essa pergunta que me fizeram semana passada no Curiouscat.
Quando eu estava na quinta série, com onze anos de idade, o corpo das meninas a minha volta começou a mudar. Eu sempre fui bem magrinha e o meu não acompanhou essas mudanças. Pra vocês terem ideia, eu virei mocinha somente aos 14 e festejei demais quando finalmente meus peitos começaram a crescer rs.
Além de eu não ter curva nenhuma, minha mãe também não me deixava usar roupas que marcassem o corpo. As minhas calças jeans, por exemplo, não eram justas na bunda e TODAS as meninas da minha escola usavam calças que deixavam a bunda delas linda rs. Era um saco, porque toda vez que eu passava por algum grupo de meninos, eu já ficava pré-constrangida, porque eu sabia que quando eu terminasse de passar por eles, olhariam para a minha bunda e não veriam nada de interessante ali haha. E na escola os meninos só te dão moral se você for gostosa. Não sei se hoje em dia ainda é assim.
Daí, certa vez durante determinada aula que não me lembro qual, o menino mais bagunceiro da sala, aquele escroto que vivia tirando sarro de mim, veio na minha direção e quando estava prestes a passar do meu lado, esticou o braço e pegou no peito! Foi tudo muito rápido. Em um segundo ele já tinha pegado e voltado com a sua mão. Se eu tivesse peito na época teria até doído com a força e velocidade que ele fez. Só que eu não tinha e ele ficou impressionado com isso. Arregalou os olhos pra mim e disse: “Eta menina seca!”
Eu deveria ter ficado furiosa por ele ter feito aquilo, contudo, fiquei foi super sem graça, como se fosse obrigação minha ter peitos fartos pra ele pegar. Eu já era bastante insegura com o meu corpo e ainda vinha um babaca desses pra me colocar mais pra baixo. Não contei o episódio para ninguém na época, nem pras minhas amigas, professora ou pais. Achei muito vergonhoso para compartilhar com quem quer que fosse (agora estou compartilhando com vocês rs).
Isso é uma coisa que nunca esqueço. Lembro que cruzei com ele anos mais tarde, quando ainda estudava, já tinha seios e pensei: “Agora tenho seios, babaca!”.
Aquele infeliz me apelidava de todos os apelidos possíveis. “Olívia Palito” e “quatro olhos” eram os mais levinhos. Qualquer coisa que ele me flagrasse fazendo, já lhe dava inspiração para criar um apelido novo e impressionantemente os apelidos pegavam no seu grupinho (que era composto por mais dois infantis que nem ele).
Uma vez durante o recreio, não lembro o que esse menino tinha me feito, que eu gritei xingando ele de maconheiro (naquela época isso era ofensa rs) e daí uma professora viu a cena e me levou para a diretoria. ? Ela ficou do lado dele como se eu tivesse feito algum comentário racista. O idiota ficava se fazendo de coitado na frente dela e quando ela olhava para outro lado, zombava fazendo caretas. Aquela professora sequer dava aula pra gente, nem sabia quem ele era de verdade, eu que era a vítima! Foi ridículo.
Passado algum tempo (dias? Semanas? Meses?), cheguei no meu limite e contei para a minha mãe que alguns meninos da minha sala mexiam comigo (o termo “bullying” ainda não era utilizado). – Aliás, gostaria de fazer um adendo: todo mundo que é zoado na escola, deveria contar para os seus pais, ao invés de sofrer calado. Buscar ajuda não é sinal de fraqueza e sim de amor próprio. – Minha mãe sempre me defendeu com unhas e dentes de tudo que podia (filhinha de mamãe total rsrs) e foi na escola igual um touro feroz falar com o diretor.
O diretor, por sua vez, falou com o professor mais temido pelos alunos (que por acaso nos dava aula de matemática), e o deixou encarregado de pegar os nomes desses infratores comigo rs. Daí na próxima aula, ele chegou na sala já anunciando para a classe inteira que minha mãe havia ido na escola por causa dessa situação e sentenciou que depois eu lhe passaria a listinha com os nomes dos três meninos que me perturbavam. Aquele professor foi fantástico, ainda finalizou com um sermão sobre respeito ao próximo e etc. Os nomes que constassem na minha lista seriam penalizados (advertência ou suspensão, não lembro). Me senti dentro de uma partida, munida de uma carta coringa rs. ?
Esses meninos ficaram morrendo de medo e vieram me pedir clemência, que eu obviamente não me sensibilizei, pois sabia que dali um tempo, voltaria tudo de novo. – Igual homem que bate em mulher e fica mansinho quando ela ameaça denunciar. – O mais bagunceiro deles, o tal que pegou no meu peito, vendo que eu não ia ceder por bem, resolveu me ameaçar. Disse que se eu desse o nome dele para o professor, me processaria por eu tê-lo chamado de maconheiro. ?
Na época me pareceu uma ameaça gravissíma! Fiquei até com medo de contar para a minha mãe e ela me tratar igual aquela professora que me viu o xingando. Felizmente a minha mãe foi sábia e me encorajou a dar o nome dele mesmo assim, pois para me processar ele primeiro teria que pagar um advogado e ela tinha certeza que ele não teria dinheiro pra isso rsrs. No dia seguinte, vocês tinham que ver a cara de triunfo dele, achando que sairia ileso quando entreguei a lista com os nomes. ? E sim, ele estava blefando quando ameaçou.
Eu sinceramente não lembro se eles pararam de me importunar depois disso, mas lembro que nas séries seguintes não fomos mais da mesma sala e sem essa convivência devem ter arrumado outra pessoa para encher o saco. Mas infelizmente não foram somente eles, em outras séries surgiram outras pessoas, sempre tinha alguém que não gostava de mim, e fui aprendendo a lidar com isso, as vezes me defendia, as vezes não e assim foi indo.
No primeiro colegial (aos 15) troquei de horário para estudar a noite e aí as coisas mudaram completamente. Deixei de ser tão CDF, comecei a sentar no fundo e fiz amizade com aquele mesmo tipo de gente que teria me zoado quando eu era mais nova. Irônico, né?
Hoje eu olho pra trás e vejo que todas essas pessoas que me zoaram não evoluíram na vida. Continuam estagnadas no mundinho delas, ficaram feias, acabadas, enquanto eu, me tornei bem mais interessante, conquistei coisas e vivenciei experiências, que talvez eles nunca venham a conquistar ou vivenciar na vida deles.
Aí você me diz: “Mas eles não fazem programa, né?” Pode ser que não, pode ser que sim, ninguém conhece a vida íntima de ninguém. Mas o ponto é que independente do caminho que escolhi, soube usar isso para o meu melhor, não me perdi, me tornei uma pessoa mais evoluída e adquiri muito aprendizado. Até porquê eu não consigo ver a prostituição com maus olhos como a sociedade vê. Por que temos que estereotipar: “Credo, ela faz programa”, sendo que por outro lado, deveríamos analisar: “Nossa, as pessoas pagam pra ficar com ela, alguma coisa boa ela deve ter”.
Mas enfim, retomando o que eu estava dizendo, de fato, o mundo dá voltas. Aconselho você que estiver lendo a sempre fazer o bem, pois tudo que plantamos, colhemos e isso não é só uma frase clichê, é a verdadeira realidade do universo.