Segundo dia em Miami – Parte 3

Quando o show terminou – não vou dizer que tudo que é bom dura pouco, pois durou o tempo necessário para se tonar inesquecível – devido a emoção do momento, não me atentei em voltar por onde entrei e fui seguindo o fluxo de pessoas. Estava muito trânsito fora do estádio, então fui seguindo numa direção que pensei ser a correta, no intuito de chamar um Uber onde estivesse mais tranquilo. Porém, a fila de carros se estendeu por alguns kilômetros e de repente começou a trovejar. Xiiii. ⚡️

Os trovejos em Miami parecem de filme de terror. Arrepia até a espinha. Não muito depois começou a chover. ? Por sorte, eu estava perto de uma cobertura e me abriguei embaixo dela, com mais um aglomerado de pessoas que esperavam o Uber. Meu sinal de internet estava ruim, então não consegui chamar um para mim também e decidi esperar a chuva passar para continuar com a minha caminhada.

Comecei a ficar inquieta de esperar ali e assim que a chuva regrediu para garoa, teimosamente saí de lá, seguindo numa direção que eu sequer sabia se era a certa. E não era. Me vi numa rua totalmente residencial e, pra variar, de repente a chuva voltou com tudo, muito, muito mais forte!

Fiquei desesperada, como podem imaginar. Eu tinha comprado uma revista da Taylor no final do show, que inutilmente tentei salvar colocando embaixo da minha blusa (que ainda por cima era transparente) então não adiantou. ? Olhei em volta procurando qualquer abrigo e nada! Só mato e residências.

Pensei: “Aguenta que vai passar, aguenta que vai passar” e a chuva não passava nunca, pelo contrário, ficava cada vez mais forte. Comecei a sentir muito frio e mal conseguia enxergar, tive que olhar para o chão. Poucas pessoas também estavam tomando essa chuva (que mais parecia tempestade), todos indignados com toda aquela falta de sorte.

Uma mulher que estava com a filha, deixou escapar um: “this is ridiculous” e realmente… era ridículo passar por aquela situação depois de um show incrível daqueles. ? Ainda mais para mim que estava ali a passeio, me sentindo (até então) num conto de fadas americano. Aquela chuva gelada dando uma surra no meu corpo magro foi como um choque de realidade.

Conforme a chuva intensificava, meu instinto de sobrevivência começou a gritar e invadi uma residência. ? Entrei num quintal que não havia porteira e me escondi no tetinho que se estendia da parede.

Pensei em ligar para aquele motorista de Uber brasileiro que me levou a Miami Beach de manhã (e me deu seu cartão para o caso de eu precisar de ajuda), mas, como achar o cartão dentro da minha bolsinha sem molhar tudo que estava dentro? Sem contar que as minhas mãos tremiam como se eu tivesse mal de parkinson de tanto frio que eu sentia.

Após alguns minutos de busca, enfim, achei o cartão e liguei pra ele! – Com medo de cair um raio na minha cabeça, enquanto eu falava ao celular. –  Mas, novamente a sorte não quis me ajudar, pois ele estava há duas horas de distância. ? O jeito foi esperar a chuva passar para tentar chamar um Uber dali mesmo.

 

00:45 e eu perdidinha em Miami. ? Por um milagre dos céus minha internet voltou a funcionar melhor quando a chuva amenizou e esperei, o que pareceu uma eternidade, o motorista chegar onde eu estava. Quando ele chegou e me olhou, percebi no seu semblante que não gostou nada. Afinal, eu estava pingando e molharia todo o seu carro.

Dei um sorriso amarelo, torcendo para que me deixasse entrar mesmo assim e após alguns segundos de hesitação, ele se deu por vencido e autorizou que eu entrasse, naquele tom de “fazer o que né?”. Me agachei no vão entre a poltrona da frente e a de trás (não queria de maneira alguma ser inconveniente e estragar seu carro), até que ele me cedeu uma camisa para que eu forrasse no banco e sentasse direito.

Como eu sonhava com o momento em que chegaria no hotel e entraria debaixo de um chuveiro quente. Ainda bem que apesar do hotel ser ruim, ficava há apenas dez minutos do estádio. O que é uma viagem sem um perrenguizinho, não é mesmo?

Segundo dia em Miami

Alguém aí gosta de acordar cedo? Bom, eu detesto e é claro que em viagens gosto menos ainda rs. Então, nem ativei o despertador e acordei sobressaltada no dia seguinte com o som de uma sirene de polícia. Levei alguns segundos para me situar e assim que lembrei que estava num quarto de hotel em Miami, logo vasculhei minha mente em busca de algum compromisso que eu pudesse ter perdido por ter acordado aquela hora (que eu nem sabia qual era).

Lembrei do café da manhã do hotel que era somente até às 9h, dei um pulo da cama e corri para ver a hora no celular. Era exatamente 08:27. Ufa daria tempo! Escovei os dentes rapidamente, troquei a camisola de algodão por um vestido qualquer e corri para o coffe. ??‍♀️

Como a minha correria foi tanta, imagine quão foi a minha decepção quando me deparei com um café da manhã extremamente pobrinho, sem muitas opções e o principal: sem ovos mexidos e bacon, que eu tanto almejava. Frutas? Só banana. Bebidas? Só leite (nem um yougurtizinho tinha). Fiquei horrorizada.

Enquanto eu olhava a mesa com os escassos comes e bebes, mandei um áudio para o meu amigo D contando sobre o meu desapontamento e, de repente, me surpreendi com um rapaz ao meu lado, concordando com tudo que eu estava dizendo. Um brasileiro!! Uhuuu! Ficava feliz toda vez que encontrava alguém que falava meu idioma rs. ?

Enquanto pegávamos o que comer, começamos a conversar e ele justificou seus motivos por se hospedar num hotel ruim daquele (tinha a ver com o fato da sua mãe morar longe e se reunirem ali pela praticidade, não compreendi muito bem) e ainda teve a gentileza de me ensinar a fazer a massa do waffle. Não tomei café com ele, sentei numa mesa sozinha e ele voltou para a mesa dele com outro rapaz mais velho, que deveria ser seu pai.

Antes dele sair do cômodo, perguntei-lhe se realmente não havia outras opções de bebida (estava encafifada com isso) e ele revelou a existência de uma máquina de suco isolada num canto:

Fui até ela feliz, como se eu tivesse descoberto água no deserto e enchi meu copo com suco de laranja. Voltei para a mesa saltitante, faminta, louca para degustar aquele suco maravilhoso dos deuses e novamente despenquei na decepção. Que suco RUIM era aquele?!!!! ?

Como última salvação resolvi comer a banana e até ela tinha gosto diferente. Dei apenas uma única mordida e larguei. Péssimo café da manhã aquele, poderia ter dormido um pouco mais.

Voltei para o quarto, gravei uns stories pra vocês no Instagram contando da balada e daquele café da manhã horroroso (vocês acompanharam? ? Ainda estão lá, em “Destaques” de Miami! ???)

E então chamei o Uber rumo a Miami Beach! (Só um adendo: não encontrei nenhum carro em Miami que possuísse placa na frente do veículo, somente atrás, engraçado né? Rs.) Eu estava com sorte naquele dia, pois o motorista também era brasileiro e me deu várias dicas interessantes durante o trajeto. Uma delas foi sobre a existência de um aplicativo chamado “Airbnb” com a finalidade de hospedagem na casa dos outros.

A princípio achei um pouco estranho, mas após os relatos de suas experiências, me pareceu viável, como se eu fosse fazer intercâmbio em outro país e morasse na casa de uma família. Ele disse que era mais em conta e que minha experiência seria muito melhor. Comentou que até no Brasil tem isso. ?  Também falou de um aplicativo chamado “Turo” em que pessoas comuns alugam seus próprios veículos.

Ao final da corrida, assim como o motorista da noite anterior, também me deixou seu cartão de visita para o caso de eu precisar de alguma coisa e senti que foi sem malícia. Acho que era comum deles oferecerem ajuda aos passageiros estrangeiros.

Me deixou em “Art Deco” para que eu fosse explorando a vista até chegar na praia e lá fui eu andando maravilhada naquele calor de 30º (amo o calor ❤️). Ouvia no fone de ouvido uma playlist com as músicas que eu mais gosto da Taylor Swift (já entrando no clima do show que ocorreria mais tarde) e novamente me senti dentro de um clipe. Uma delícia estar naquele cenário ouvindo de fundo músicas como:Wildest Dreams” eStyle, por exemplo. ?

Cheguei à praia e se eu pudesse com certeza teria entrado naquela água maravilhosa, mas como estava sozinha, não confiaria de deixar minhas coisas na areia, né? Apesar de lá parecer bem mais seguro e confiável do que aqui. Então fui andando pela beira da praia apenas molhando meus pés e admirando aquela água cristalina.

Dei a volta na praia mais de uma vez (estava muito bom para ir embora), mas fui ficando com fome (quem sobreviveria por muito tempo com um café da manhã daqueles?) e não vi um vendedor ambulante sequer para que eu pudesse comprar algo para comer. Então tive que abandonar a areia e procurar um estabelecimento para me alimentar direito.

Como Miami é muito quente o tempo inteiro, (eis a prova):

Felizmente todos os estabelecimentos tinham ar condicionado (geladíssimo), o que deveria fazer um certo mal, já que ora as pessoas estavam no quente, ora no frio. Né? ?

Entrei num pub, chamado: “Finnegan’s” (depois descobri que tem aqui no Brasil também rs) e pedi um lanche ? com nada mais, nada menos que Pina Colada para acompanhar. ? Não aguentei comer tudo.

Depois segui para o Museu de Arte Erótica (WEAM – World Erotic Art Museum), parando antes em uma perfumaria para comprar protetor solar (percebi que o meu tinha vencido, pois estava me dando alergia) e aproveitei para comprar umas lembrancinhas também! ?(Sempre que viajo é de lei trazer ímãs de geladeira e chaveiros.)

O museu não foi de graça e custou US$ 20. Lá tinha DE TUDO! Cada seção retratava o sexo em determinada cultura  (tinha até seção gay) e logo num dos primeiros cômodos que entrei, levei um susto com tanta bizarrice:

Não lembro ao certo quanto tempo fiquei lá, mas foi tempo suficiente para que um dos meus celulares descarregasse (justo o que tinha a câmera melhor e que eu usava para rotear a internet no outro).

Quando voltei para a entrada do museu, o recepcionista estava conversando com outro rapaz, que me cantou na maior cara de pau. Como essa foi a primeira vez que um nativo deu em cima de mim, achei que sua audácia se deu pelo fato de eu estar num museu com aquela temática, mas, no decorrer da viagem, percebi que independente do lugar, eles gostavam de paquerar quando percebiam que a pessoa não era dali.

Perguntei ao recepcionista se havia Wi-Fi para que eu pudesse chamar um Uber e ele gentilmente roteou a internet dele comigo. Daí esse outro rapaz, ao perceber o meu inglês nada fluente, perguntou de onde eu era. Respondi que era do Brasil e ele, traduzindo para vocês: “Ahh, o Brasil é um país incrível, só tem mulher bonita!” e me olhou com um olhar lascivo. Dei uma risadinha sem graça e ele: “Você ri, né?” (Queria que eu chorasse? ?)

Daí ficou aquele silêncio constrangedor enquanto eu chamava o Uber e para quebrar o gelo, perguntei se ele já tinha ido para o Brasil. Por que fui perguntar? Novamente ele veio com gracinha, dizendo: “Não, nunca fui, mas quero muito ir, capaz de eu nunca mais voltar”, finalizando mais uma vez com aquele olhar de cadela no cio. Isso costumava funcionar pra eles? ? Me calei depois dessa.

De volta ao hotel, coloquei o celular para carregar e descansei um pouco. Dali uma hora teria que começar a me arrumar para o show da Taylor e precisava estar 100% da andança. Mais tarde, eu descobriria que até aquele momento eu não sabia o que era um show de verdade, até assistir ao melhor show da minha vida!!  ? ?