Sonho Mirabolante

Querido diário,

Acho que nunca compartilhei aqui uma peculiaridade minha. Eu sou uma pessoa que sonha muito. Literalmente, no sentido real da palavra. Tenho sonhos fantásticos, muitas vezes mirabolantes, do tipo que se eu acordasse lembrando de cada detalhe, poderia escrever roteiros incríveis. Lembro que um ex-namorado meu até brincava, perguntando se eu não tinha usado drogas antes de dormir, pois meus sonhos eram uma verdadeira viagem, rs.

Quando eu acordo e consigo não esquecer de imediato, vou correndo tomar nota, o que acaba me rendendo uns textos confusos, pois muitas vezes são coisas completamente plausíveis no sonho, mas quando tento trazer em palavras, fica muito sem sentido. Tenho várias anotações assim, que espero um dia, quem sabe, quando estiver com a minha criatividade mais apurada, possa transformar na composição de alguma história, rs.

Enfim, tudo isso para dizer que esta noite tive mais um desses sonhos! Um sonho tão mágico e especial, que fiquei o dia inteiro vibrando na energia do que vivenciei dormindo, se é que eu estava mesmo dormindo, pois acredito muito em viagem astral.

Sonhei que eu viajava para outras dimensões de vida. E cada dimensão diferente era uma aventura muito gostosa. Algumas eram submarinas e nelas eu podia respirar e enxergar embaixo d’água, como se aquela forma de vida fosse o meu natural. Em todas as dimensões eu me via como uma humana e houve interações com outros viajantes, assim como eu, ou seres locais daquele plano. 

Em determinada dimensão, parecia que eu tinha filhos, um casal, o menino era um pouco mais velho que a menina. Ele, uns 10 a 13 anos e a menina, uns 5. O menino era muito aventureiro, queria viajar toda hora, eu tentava contê-lo para que não viajasse sem supervisionamento, pois, por mais que aquelas viagens fossem inocentes e, aparentemente, livres de qualquer perigo, se viajasse sozinho, corria o risco de ir para uma dimensão mais avançada que o nosso discernimento e nesse tipo de dimensão corríamos alto risco de nos tornarmos uma presa, não conseguir voltar ou, pior, morrer na tal dimensão. 

Em uma dessas dimensões eu vi a existência de ET e foi a que eu mais senti medo, por não ter o controle da situação. Após essa dimensão quis evitar um pouco de viajar e foi quando tive que me esforçar para driblar o garotinho de querer viajar sozinho. 

Havia um truque mágico que fazíamos com o nosso olhar, tentando hipnotizar a pessoa para que fizesse a nossa vontade. Mas a pessoa não poderia ter a menor percepção da sua intenção, senão a tentativa de hipnose não funcionava. Eu travava uma pequena batalha com o garotinho nesse sentido, pois, ele tentava me hipnotizar para que ele pudesse se aventurar sozinho e eu tentava hipnotizá-lo para que desistisse e caísse no sono. Numa dessas tentativas ele conseguiu me vencer, mas depois voltou assustado de uma dimensão e decidiu ser obediente, rs. 

Depois eu tive um duelo com um homem, que estava competindo algo em determinada dimensão comigo, disputávamos algo que não me lembro. Até que a disputa tomou um rumo mais sexy. Duelávamos com nossos corpos atracados um no outro, era uma forma de sexo, mas diferente do que conhecemos, não eram movimentos repetitivos e contínuos, a cada tentativa de impedir que o outro partisse para outra dimensão, sentíamos o prazer da penetração com o corpo do outro e nosso duelo se tornou uma coisa muito prazerosa. Não me lembro do seu rosto, apenas pequenos detalhes físicos, loiro, robusto e bonito. 

Tínhamos a mesma energia sexual e o mesmo apetite, como se ele fosse a minha versão masculina. Foi uma troca de energia maravilhosa. Era como se durante o ato sexual sentíssemos, além das nossas próprias sensações internas, também o que o outro estava sentindo. Então a sensação de prazer duplicava, pois eu conseguia sentir as minhas próprias, somadas a dele e vice-versa. Sério, foi muito prazeroso aquilo. Acordei muito com a sensação de que esse homem pudesse ser a minha alma gêmea, em outra dimensão rsrs. 

Quase gozamos juntos, eu só não consegui, pois, uma parte de mim tinha consciência daquilo não ser real e me veio um sentimento muito realista de que eu nunca consigo gozar quando sonho que estou transando kkkk, chega muito perto, mas sempre retrocede. Então a minha própria mente me sabotou, pois na hora H, eu pensei: “Estou sonhando e nunca gozo sonhando, então não vou conseguir gozar agora”. Nossa mente às vezes atrapalha, rs.

Já ele gozou e foi uma delícia. Mas não teve fluidos. E o sentimento do pós sexo não foi de me sentir usada ou abusada, pelo contrário, foi de pertencimento. Não ficou claro se ele era da mesma dimensão que os meus filhos, assim como não sei dizer se ele era o pai deles, naquele plano era como se uma coisa não dependesse da outra para existir, ou seja, eu não precisava de um esperma para conseguir reproduzir uma vida, fisiologicamente falando.

Meu cérebro despertou logo depois disso, demorei a abrir os olhos, não queria sair da energia daquela experiência. E o mais curioso de tudo, é que enquanto eu estava lá, vivenciando tudo aquilo, as viagens e as aventuras dimensionais, sentia como se eu já tivesse estado ali antes.

Foi tudo muito nítido e rico em detalhes visuais, tão extraordinário, que não consigo acreditar que foi apenas um sonho, aleatório e sem significado. Acordei muito reflexiva sobre a vida. Alguém aí também acredita que possa existir outras possibilidades de existência? É muita prepotência achar que só existe a nossa. Da mesma maneira que uma formiga não consegue enxergar a grandiosidade do que é um humano, por ser tão pequena e fisicamente limitada, penso que talvez existam outras formas de vida superiores a nossa, que não conseguimos enxergar com as ferramentas que temos.

Mais alguém aí já se pegou pensando sobre isso e chegou a esta mesma inexplicável conclusão?

The Crazy World Of Dreams

Hoje eu tive um sonho muito louco. Repleto de detalhes, fragmentos e uma duração longa, como se fosse um filme de duas horas. Ahh como eu queria poder assistir tudo aquilo de novo, sem os lapsos de memória, depois de acordada. Sabe aquele tipo de sonho que enquanto você está nele tudo está nítido, interessante, com várias mensagens, mas quando você acorda, parece só um borrão?

Eu sonhei com vários fragmentos da minha vida. Como se eu fosse uma espectadora. Misturava passado com coisas que ainda nem vivi e não seguia uma ordem cronológica.

De repente voltei no tempo para uma época em específico. Ainda morava com a minha mãe e tínhamos três cachorros. Sempre tivemos cachorros durante a minha infância inteira, mas teve um que foi o mais marcante. O que viveu mais tempo conosco, que era o mais especial de todos. Minha mãe o adotou já adulto, ele era grande, pelagem escura, uma mescla com preto e marrom, bem peludo, um olho de cada cor, intimidador, nós mesmas tínhamos um pouco de medo dele no começo.

Max foi o melhor cachorro que alguém poderia ter. Companheiro, protetor, carinhoso, ele se comunicava com a gente. Mas também era genioso. Não podia cair uma bola no nosso quintal, que ele fazia de tudo para furar. Isso nos causava muito estresse, pois morávamos ao lado de uma quadra e todo dia a bola caía. Eu dava graças a Deus quando ele furava a bola rápido, mas quando não, eu perdia um bom tempo tentando resgatá-la. Às vezes funcionava jogar alguma comida diferente da ração, mas na maioria das vezes não, ele era bem determinado e focado. Nosso cachorro era famoso para quem jogava bola na quadra, o que, infelizmente, nos fez arrumar inimizade com algumas pessoas intolerantes e mal intencionadas.

Certa vez, quando minha mãe chegou em casa do trabalho, teve uma visão assustadora. O encontrou todo machucado. Nosso cachorro tinha sido espancado dentro do próprio quintal! Como sempre a bola deve ter caído e na ausência de alguém, pularam o muro para pegar. Foi um grande choque pra gente quando aconteceu. Eu era pequena e estava na escola, sorte a minha não ter ficado com aquela imagem na cabeça. Minha mãe, que viu a cena, completamente desesperada, foi correndo atrás de alguém que tivesse um carro para levá-lo urgentemente ao veterinário.

O pobrezinho ficou internado em torno de um mês. Quebraram a sua pata, seu dente, entre outros cortes e feridas que aqueles inescrupulosos, sem alma, provocaram nele. Ninguém sabia, ninguém viu, sequer foi possível fazermos alguma justiça. Tudo por causa de uma maldita bola. O tratamento ficou uma fortuna, mas é claro que a minha mãe, mesmo sem ter muitos recursos na época, jamais mediria esforços para salvá-lo.

Mesmo depois que ele voltou para casa, precisou de cuidados diários. Levou pontos, tinham os horários certos para medicá-lo, trocar curativos, com ele sempre repousando. Não lembro quanto tempo levou para a sua completa recuperação, mas graças a Deus ele conseguiu voltar ao que era antes, tudo isso porque, além de todas as suas qualidades já mencionadas acima, ele também era muito forte.

De todos que morriam ou fugiam, Max foi o único que prevaleceu em todas as gerações de cachorros que tivemos e desde a sua morte (ele morreu anos depois, de velhice), vira e mexe sonho com ele, como se ele ainda estivesse vivo. É o tipo de sonho que sempre me faz chorar, como se fosse uma chance de matar a saudade. Desta vez não foi diferente, sonhei com ele de novo, mas também com mais dois cachorros que tivemos em determinada época. Uma das poucas vezes que tivemos três ao mesmo tempo. Eles estavam lá, no quintal da minha mãe, céu avermelhado, não havia ninguém no sonho, além deles e eu. Lhes fiz carinho, enquanto chorava completamente emocionada. Vê-los vivos, naquele contexto ilusório, me causava um efeito de que os papéis tivessem se invertido, como se eles estarem vivos fosse a realidade, enquanto suas mortes, um sonho distante.

Quando saí daquele cenário, o tempo e o espaço já tinham mudado novamente. Havia certos momentos em que parecia querer virar pesadelo, como quando me deparei com um muro, um céu preto e nada mais. Me impulsionei sobre ele para ver o que tinha além e de repente eu estava no espaço, vendo o planeta Terra lá de cima. Comecei a despencar lá do alto em direção a Terra, similar ao desenho da Disney, “Soul”, sentindo muito medo da queda, querendo fechar os olhos, mas me forçando a permanecer de olhos abertos. Uma queda infinita e sem sentido. Após alguns instantes naquela agonia, novamente o sonho mudou e eu já estava em outra situação. 

Ora voltava para o passado, ora ia para coisas do futuro, que eu nem sabia se eram premonição, fantasia ou algo que eu tivesse vivido numa vida passada. Várias cenas curtas que podiam ou não se interligar. Me vi com duas filhas, entre dez e doze anos, elas tinham idades aproximadas e uma se chamava, cujo nome eu pretendo dar a minha filha se/quando eu tiver algum dia. Algo tinha acontecido com elas, algum enigma que depois que acordei se perdeu no meu subconsciente. Desapareceram? Morreram? E o pai delas? Morreu também? Durante o sonho foi explicado o que havia acontecido para que não estivessem mais na minha vida, mas depois de acordada não consegui lembrar do seu desfecho.  

Algumas pessoas aleatórias vinham falar comigo, durante o flashback desses momentos, me trazendo mensagens mais esclarecedoras dos fatos, coisas enigmáticas, como se fosse um filme de suspense e mistério a ser desvendado, com vários fragmentos estranhos. Várias vezes parecia que ia virar pesadelo, as imagens mesclavam entre coisas boas e ruins.

Ahhh, como eu gostaria de poder rever todas aquelas imagens num videoteipe, depois de acordada, para entender melhor o sentido de tudo aquilo, se é que os sonhos possuem algum sentido. Passei por várias emoções. Chorei, tentei gritar, me assustei, fiquei feliz e sofri. As imagens se misturavam, confundiam e solucionavam. Uma mistura de aprendizado e muitas dúvidas. Às vezes a resposta vinha, às vezes não. 

O pior de tudo é que ao despertar não consegui trazer nenhuma mensagem significativa de tudo aquilo. Dentro do sonho eu tive uma forte convicção de que já havia sonhado com aquilo antes. Porém, ao acordar, a percepção mudou, se revelando um sonho completamente inédito. Se eu conseguisse me lembrar de todos os meus sonhos com todos os seus detalhes, com certeza eu já teria escrito os mais insanos roteiros de filme! ?